30 de outubro de 2015

NOTA-MUITO-MUITO-DE-RODAPÉ

(Enquanto o governo cai e não cai; enquanto ninguém sabe que governo o vai substituir.
De gestão? Com maioria parlamentar?).

Roído de incerteza, atordoado com comentários para todos os gostos, desencantado com os abranhos no poleiro, martelam-lhe no espírito as derradeiras palavras que Fernando Pessoa rabiscou numa cama de hospital, em Novembro de 1935:
- "I know not what tomorrow will bring" (Não sei o que o amanhã vai trazer).

Tarde chuvosa.
Para quebrar o tédio, pega no telefone e liga à amiga que só conhece do Facebook.
Palavra puxa palavra, atreve-se a pedir-lhe uma fotografia.
Do outro lado do fio, do outro lado do sonho, uma voz meiga diz-lhe que sim.
A arfar de desejo e ainda mais ousado, balbucia, numa quase exigência: sem roupa.
Ela ouve, com um frémito de emoção. Pousa o auscultador.
Logo a seguir, amorosamente, despe-se de preconceitos e faz-lhe a vontade.

Carlos Braga [via facebook, com a devida vénia ao sublime autor]
*
- Nota de rodapé do editor: "abranhos no poleiro" são os novos condes de Abranhos, do título de uma obra do Eça de Queiroz, "O Conde de Abranhos", político ridículo que chega a ministro da marinha no período constitucionalista dos finais do séx. XIX, saído do imaginário do grande Eça.
Os novos condes de Abranhos do governo nado-morto estão tratados AQUI.

29 de outubro de 2015

AMANHÃ HÁ ASSEMBLEIA GERAL DA A.B.C.


A Associação de Beneficência e Cultura de Bustos (ABC), que recebeu recentemente um apoio camarário no valor de cinco mil euros, vai reunir-se em Assembleia Geral, amanhã, dia 30, pelas 19h00, na sala do centro de dia, com a seguinte ordem de trabalhos:

1-Apresentação, discussão e votação do plano de atividades e orçamento para o ano de 2016;
2- Revisão dos estatutos da Instituição de acordo com o Dec Lei nº172-A/2014 de 14 de novembro.

3-  Outros assuntos de interesse para a associação.

27 de outubro de 2015

ANTÓNIO FRANCISCO DOS REIS, “NEGOCIANTE NO BRASIL”


António Francisco dos Reis

“Terra adoptada: relato de um imigrante” reproduz  o caderno de “lembranças” escrito  por António Francisco dos Reis, que chegou ao Rio de Janeiro em 11 de dezembro de 1874,. Tinha 15 anos, haveria de cumprir os 16 em 20 de janeiro do ano seguinte,  e não sabia ler nem escrever.
Depois de permanecer no estado carioca por doze anos acabou por se instalar em Ouro Preto, capital do estado de Minas Gerais,  onde já estava o irmão João. Ali viveu durante 52 anos, tendo falecido em 1939.
Tal como refere Maria Francelina Drummond no texto introdutório, A.F.R não foi um “torna viagem” ou seja, não regressou definitivamente a Portugal.  Mas não se pense que retirou Bustos e os familiares que por cá ficaram dos seus pensamentos.
A morte do pai, Manuel Francisco Rei, em novembro de 1889, terá sido determinante para que no ano seguinte tenha empreendido a viagem até Bustos. Chegou à “casa de mamãe” às oito horas do dia 9 de Setembro de 1890, como precisa no seu manuscrito.  Este regresso inspirou-lhe um desabafo poético:

“Já é grande e doloroso
Com muitas penas chorando.
Todo cheio e alegria,
É que me fui  consolando.
Ó que tempos saudosos,
Que está passando.”

Ainda solteiro, A.F.R aproveitou a viagem para passear com a mãe, Josefa de Oliveira, e a irmã, Maria Rosa, visitando as cidades do Porto e Aveiro. Mas a principal missão foi realizada no cemitério de Bustos,”para memória dos meus”, como fez questão de referir:
“Em 18 de Novembro de 1890 construí no cemitério de Bustos em cima da sepultura de meu querido Pai uma campa e um Cruzeiro de Pedra Mármore e um gradilho de ferro, com as letras no dito cruzeiro: Recordações de sua esposa e filhos aqui jazem os restos mortais do finado Manuel Francisco Rei, falecido a 18 de Novembro de 1889, com 79 anos de idade.[1]

O jazigo(atualmente) no cemitério de Bustos

Em abril de 1891 António regressou ao Brasil. Haveria de se casar no ano seguinte (31 de dezembro de 1892) com Ambrosina Fiúsa dos Reis, filha de um português, que lhe deu cinco filhos: Benedito (1896), Eurico (1898), António (1901), Silvia (1903) e Marieta (1905).
Entretanto, em Bustos, tinham chegado ao fim os dias da mãe, Josefa de Oliveira, que faleceu em 15 de junho de 1901. 
Tinham passado 17 anos sobre a primeira viagem a Bustos, quando António decide voltar às terras de origem, desta vez acompanhado por mulher e filhos. De notar que, em 1906,  tinha comprado “todos os bens que o meu irmão João tinha em Portugal.”


António Francisco dos Reis e família em foto de 1909

No dia 18 de julho de 1907, num momento muito conturbado da política nacional, que ficou conhecido como “ditadura de Joâo Franco”,  António e família chegam a Bustos. O manuscrito não revela se vinha com vontade de se instalar entre nós, ainda que tivesse criado as condições para tal eventualidade. Certo é que aqui nasceu a filha Maria Fiúza dos Reis, em 28 de setembro de 1908. Nesse mesmo ano  António vendeu o património que detinha em Bustos, preparando assim a sua mudança para Vila de Barreiros, no concelho do Porto, o que viria a acontecer no ano seguinte.
O manuscrito não o revela, mas talvez a instabilidade política e o prenúncio  da revolução tenham levado A.F.R a regressar definitivamente ao Brasil. O que aconteceu depois de ter ajudado a irmã na construção da casa, e de mandar reconstruir o jazigo familiar, que ainda hoje conta com a inscrição que então mandou cinzelar: “Aqui jaz Manoel Francisco Rei e sua esposa Josepha de Oliveira (…)” Em baixo, à esquerda, acrescentou como que em nota de rodapé:” “Mandou construir este mazuleu seu filho António Francisco dos Reis - Negociante no Brasil.”
Não pude deixar de ir ao cemitério de Bustos em busca do testemunho feito pedra.
Não o encontrei na primeira passagem e quando já temia pelo desaire vi-me diante de uma inscrição que já bem conhecia: "Aqui jaz Manoel Francisco Rei e sua esposa Josepha de Oliveira..."


Clélia de Oliveira Loureiro cuidando dos arranjos florais

Ao ver-me especado a olhar a pedra tumular, uma mulher, aninhada entre duas campas, deixou os trabalhos de limpeza para me dizer:
-- Foi um senhor que foi para o Brasil que o mandou fazer.
-- Pois foi, respondi-lhe eu. E para lhe provocar maior espanto acrescentei: Deve estar escrito algures que o senhor era "negociante no Brasil".
Isso sabia ela porque, com a flôr que tinha na mão, logo me indicou o seu lugar. Clélia de Oliveira Loureiro, assim se chamava a mulher de boné, vestida de preto. Explicou-me ser o mausoléu pertença da família. E retomou o trabalho de limpar e renovar os arranjos florais. Sobre as pedras tumulares, entre flores e lamparinas de óleo,  viam-se placas com os nomes de outros familiares que ali repousam. No suceder das gerações tem-se renovado os ossos Sucedem-se em camadas, ajudando a perceber o sentido do tempo e a importância da família.
Era sábado, pouco passava das três da tarde, e apesar de um sol abrasador eram muitas as mulheres limpando, compondo flores, cuidando dos túmulos. Pareciam fazê-lo com a urgência de quem, com arranjos florais, materializa o amor e o respeito pelos mortos.
“É um culto”, escrevo na breve missiva que envio para Marcelina Drummond dando-lhe conta do sucedido. Do Brasil veio a resposta que confirma uma identidade que nem a distância ou o passar dos séculos consegue desfazer:
As mulheres que arranjam o cemitério e enfeitam túmulos, o fazem como tarefa sentimental, espontânea, cotidiana. Disse nosso antropólogo Roberto Da Mata que, no Brasil, nossos mortos são vivos, tal é a convivência que com eles mantemos na lembrança, na memória. Um traço cultural, sem dúvida, herdado de vocês.”

 Belino Costa



[1]  De acordo com os registos de óbito (assento nº27 de 1899) Manuel Francisco Rei faleceu no dia 17 e contava 74 anos. 

26 de outubro de 2015

LIVRO DE EMIGRANTE BUSTUENSE EDITADO NO BRASIL



Foi editado no Brasil, em Ouro Preto, “Terra adoptada: relato de um imigrante” da autoria do bustuense António Francisco dos Reis.
Numa edição muito cuidada a editora Liberdade lançou 5 obras dedicadas a temas ouro-pretanos, que “captam o ambiente de cultura urbana de Ouro Preto da primeira metade do século XX”. Um desses livros é o relato autobiográfico do bustuense António Francisco  dos Reis que “mostra uma integração à vida de Ouro Preto nos mais singulares aspectos de quem adopta a cidade para viver sem deixar, entretanto, o entre-lugar  próprio da condição do imigrante”,  como pode ler-se na contra capa do livro, que contou com o apoio do ministério da cultura do Brasil.
Entretanto podemos anunciar que o “NB” assegurou a edição portuguesa de “Terra adotada: relato de um Imigrante”, cujo lançamento deverá acontecer no próximo mês de Fevereiro.
Amanhã revelaremos um pouco da biografia deste bustuense que em 11 de  dezembro de  1874, ainda com 15 anos, chegou ao Brasil, “sem saber ler nem escrever.”

Francelina Drummond, a coeditora da obra, conta em texto que escreveu para o “Notícias de Bustos”,  como descobriu o manuscrito e as razões que motivaram a sua publicação. 

FRANCELINA DRUMMOND: “HOMEM DE RARA SENSIBILIDADE E INTELIGÊNCIA”


Sou Doutora em Literatura Comparada e professora de Literatura Brasieira. Lecionei na Universidade Federal de Ouro Preto e na de Uberlândia. Orientei trabalhos e dissertações, coordenei congressos, participei de simpósios e colóquios, escrevi artigos em revistas científicas, coordenei a edição de alguns livros e escrevi outros. Desde 2011, sou coeditora da Editora Liberdade, com sede em Ouro Preto, cidade onde resido. É uma pequena editora é especializada em temas ouro-pretanos. Já editou nove livros e pretende continuar nessa linha. 
       A cidade de Ouro Preto, chamada Vila Rica até 1823, foi fundada por portugueses em finais do século XVII quando se deu a descoberta das minas de ouro, que mudou o rumo da economia colonial. Vila Rica transformou-se em centro de atração de imigrantes, e a administração portuguesa traçou um rígido controle neste território, entre outras causas, para evitar o contrabando e o desvio do metal precioso. Foi o centro minerador mais importante do Brasil e capital da Capitania de Minas Gerais. Constituiu uma sociedade estratificada rigidamente em minerador e escravo, além de uma classe intelectual importante e marcante na literatura luso-brasileira. Foi palco do principal movimento político antilusitano – a Inconfidência Mineira (1789-92), de revolta e emancipação.

 Ouro Preto, Brasil

      Dedico-me há alguns anos ao estudo de tópicos de cultura e sociedade em Ouro Preto, especialmente no século XIX. Entre esses estudos, interesso-me pela imprensa periódica ouro-pretana que pesquisei profundamente no período de 1823 a 1900. Estudo a difusão da literatura na imprensa nesse período e tenho-me dedicado também ao estudo da obra do romancista ouro-pretano Bernardo Guimarães (1825-1884) e de outros escritores locais.
      Encontrei o manuscrito do bustuense Antônio Francisco dos Reis numa busca em arquivos particulares de Ouro Preto. A neta dele, Maria da Conceição Reis, mostrava-me algumas fotografias da família quando me “apresentou” o manuscrito, sem alarde, simplesmente me mostrou. Fiquei surpresa. Era o primeiro documento dessa natureza – escrito por um imigrante, na forma de um diário – a que tinha acesso. Li-o encantada com o personagem que se revelava atrás das páginas amarelecidas do caderno de notas, encantada com a “história” que narrava. E disse à Maria da Conceição que aquele manuscrito daria um belo livro. Passaram-se dois anos, e a oportunidade surgiu. Eu organizava a Série Ouro-pretana, para a Editora Liberdade. Vi que a ideia da edição do manuscrito era coerente com os outros títulos da coleção (são 5 livros, formando uma caixa). Ele se adequava tematicamente aos demais livros: um dos livros é de memória de antigos moradores da cidade; dois são de poesia da primeira metade do século XX, e o outro de prosa jornalística. O manuscrito ficaria, portanto, no gênero das narrativas de imigrantes, cobrindo também o período entre final do século XIX e primeira metade do XX.

A capa do manuscrito

       Tenho recebido bons comentários sobre a Série Ouro-Pretana, em especial o livro 5, que é Terra adotada: relato de um imigrante.  O relato de Antônio Francisco dos Reis  revela alguém que, deixando sua terra e seus familiares em Portugal, veio trabalhar no Brasil, em especial em Ouro Preto, dedicando sua vida às atividades comerciais, com grande empenho e seriedade; homem de rara sensibilidade e inteligência aguda cujos descendentes, que conheço, honram essa herança. Do ponto de vista da pesquisadora, reconheço a importância, para a história de Ouro Preto, da publicação do manuscrito de Antônio, especialmente por ter sido esta cidade, por seu destaque na história brasileira, centro de atração de imigrantes no século XIX e esse capítulo é ainda, infelizmente, pouco estudado aqui.
      Gostaria imensamente que o livro Terra adotada: relato de um imigrante chegasse ao leitor português em geral e em especial ao leitor de Bustos, terra natal de Antônio Francisco dos Reis.

Maria Francelina Drummond


21 de outubro de 2015

2. MOATIZE 1973 - MULHERES DE MAQUINISTAS BLOQUEARAM PARTIDA DE COMBOIO – REIVINDICAVAM MAIOR PROTEÇÃO NA LINHA FERROVIÁRIA (Deolinda Costa - de Bustos - foi uma das manifestantes)




Deolinda Costa (de Bustos, Aveiro) foi uma das manifestantes


«Em Moçambique [...] também nas linhas férreas da Beira e de Nacala foram implantadas minas, que dificultaram o transporte de mercadorias e reabastecimentos, obrigando a complexas e desgastantes operações de escolta».

A Barragem de Cahora Bassa sendo um megaprojeto do regime colonial com a finalidade de absorver milhares e milhares de portugueses e de criar uma fronteira  de isolamento do inimigo, a FRELIMO teve a consciência do impacto que teria em Moçambique a consecução deste empreendimento e, sem mais demoras os nacionalistas concentraram as suas ações de propaganda e de guerrilha «grosso modo» na zona de Tete e no corredor da Beira na tentativa de impedir ou retardar a construção daquele complexo hidroelétrico. A FRELIMO privilegiou a sabotagem das linhas de caminho-de-ferro, com a implantação de minas, cuja deflagração produziu efeitos destrutivos de enorme monta, normalmente acrescidos de mortes, amputações e outros ferimentos e demoradas operações de evacuação, de montagem de segurança, de desencarceramento e de recolhas de salvados, etc,... para além de abater «o moral da tropa que estava no terreno».


Moatize (1973) - Manifestação de Mulheres de Maquinistas exigem maior proteção na circulação de comboios 
No troço ferroviário Moatize – Mutara, em 1973, por efeito de explosões das fatídicas de duas minas, trouxeram o luto à família de dois maquinistas e a deflagração de uma terceira mina matou o ajudante de fogueiro, tendo escapado o maquinista Basílio Crespo.


As mulheres dos maquinistas viviam em permanente sobressalto, pois cada serviço de maquinista era prenúncio de ‘viagem para a Morte’. E como não estavam dispostas a ver os maridos serem «despachados» como “carne para canhão”, certa manhã, vai de se manifestarem à frente da locomotiva de um comboio que tinha acabado de chegar à estação de Moatize e que “seguia para Mutarara” (Gina).
Exigiam que a tropa fizesse melhor proteção na circulação da linha.


Zona de Moatize.1973. Comboio. Efeito de Mina. Foto cedida por Basílio Crespo
O chefe da estação informa telefonicamente a ocorrência aos superiores. E aguarda-se a resposta.
Deolinda recorda-se que um “diretor” dos caminhos-de-ferro da Beira deslocou-se propositadamente a Moatize para negociar com as manifestantes em que este “pediu para deixar passar o comboio”, (Deolinda)

Moçambique, 1973 - Próximo de Moatize – um local de abastecimento de água - As minas da FRELIMO na guerra colonial (um aspeto) Fotos cedidas por Basílio Crespo
Gina, que tinha acompanhado a mãe, tem em mente que “a manifestação durou dois dias, estivemos em frente às máquinas, nas linhas, até que o Inspector chegasse e nos desse soluções”.
Chegado da Beira o Negociador enviado pela Companhia dos caminhos-de-ferro, logo  tentou que as manifestantes “deixassem passar o comboio” (Deolinda).
A resposta foi firme – “o comboio não seguia viagem enquanto não deitassem a tropa a andar à frente, com uma zorra” (Deolinda). 
A manifestação só foi desmobilizada ao segundo dia (segundo Gina Crespo) quando foi cumprida a exigência reclamada: melhor proteção na circulação ferroviária.
*
A estratégia da FRELIMO em semear minas nas vias férreas de acesso á Zona de Tete a fim de retardar o fornecimento de materiais necessários à construção da Barragem de Cahora Bassa foi defensivamente contornada pelas tropas portuguesas conforme espelha o artigo do Tenente-generalAbel Cabral Couto (1): “à adopção de mais rigorosas medidas de segurança, que incluíam o recurso a patrulhas de abertura em zorras blindadas e a um planeamento militar de cada movimento.”


FRELIMO «NEUTRALIZA FORTEMENTE» A PONTE EXCLUSIVAMENTE FERROVIÁRIA DE DONA ANA - MUTARARA




Mesmo com esta contra-estratégia adotada pelas Forças Portuguesas, “a situação foi-se agravando de tal forma que a circulação ferroviária foi cancelada, em meados de 1973. Quando, em fins de Set 73, terminei a minha comissão, a FRELIMO chegara ao ponto de neutralizar fortemente a ponte de Mutarara, para desdouro da CCaç ali instalada”(1)
A manifestação não foi em vão. As Mulheres dos Maquinistas conseguiram evitar que os Maridos (e os ajudantes de fogueiro) deixassem de ser «carne para canhão», na versão ferroviária.
A minha homenagem,
sérgio micaelo ferreira
………………………………
SIGLAS:
CCaç - Companhia de Caçadores
FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique
Set - setembro
.....
 (1) Tenente-general Abel Cabral Couto,  A segurança do empreendimento de Cabora-Bassa (1970-1973), Revista Militar

a) - um obrigado a Deolinda Costa e Basílio Crespo e à Gina pelo contributo dado que tornou possível a construção deste postal e que não passa de breve esquisso de um feito de mulheres em pleno centro da guerra e teve consequência direta na defesa da integridade física dos ferroviários e por associação aos ajudantes de fogueiro que estavam de serviço nas linhas de alto risco dos caminhos-de-ferro de Moçambique.
b) – são devidos créditos  às entidades expostas na internet  e aqui copiadas.
c) as fotografias dos salvados do comboio foram tiradas pelos serviços militares.
  srg

19 de outubro de 2015

CRISE NO CDS: “PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER”

OPINIÃO
Belino Costa

“ O Vereador Paulo Caiado declarou que a moção apresentada atingiu todos os objetivos. Atendendo a que o Presidente da Câmara não alterou a decisão relativa à biblioteca nem se demitiu, o único efeito prático da moção foi a promoção pessoal do seu autor.”

                                                              Jorge Pato (vereador do CDS PP) no NB/facebook


No tempo dos aplausos (2013)


Neste comentário Jorge Pato revela de forma clara e inequívoca que ainda não percebeu o que se passou, nem tem consciência política do que na realidade estava  e está em causa.

É claro aos olhos de todos que com a moção de confiança ao Presidente da Câmara, Paulo Caiado não visava Mário João Oliveira, que teria sempre a maioria do seu lado, mas sim a bancada do CDS e em especial Jorge Pato. O que Paulo Caiado pretendia era demonstrar que os vereadores que foram eleitos na lista que liderou em nome do CDS, já não estavam do seu lado e que, na prática, se tinham passado para o campo adversário. Esta era a substância politica da “moção de confiança”.

Perante isto o que fez o vereador do CDS e líder da concelhia? Poderia ter votado contra ainda que pudesse distanciar-se da forma e até do conteúdo da moção, ou poderia abster-se. Em qualquer dos casos anularia os objetivos políticos subjacentes à proposta de Paulo Caiado.Independentemente das divergências com o líder de bancada, Jorge Pato, permaneceria fiel a valores essências da prática politica, afirmaria a sua independência relativamente ao PSD e deixaria Paulo Caiado a falar sozinho.
--------------
Da ata da reunião da CMOL realizada em 8 de outubro de 2015
-----------

Ao votar favoravelmente a moção de confiança e ao alinhar no louvor ao presidente da Câmara, Jorge Pato deu um tiro no meio da testa. Não só ajudou Paulo Caiado a demonstrar a sua tese, como traiu a confiança dos eleitores. Com que cara é que poderá enfrentar os presidentes das juntas de freguesia lideradas pelo CDS e estes se queixarem da prepotência camarária e das constantes humilhações de que são vitimas? Com que cara é que enfrentará os eleitores (e muitos só votam no CDS porque querem que haja alternância democrática) depois de afirmar a “total confiança” no adversário politico?

Ainda por cima, e para derradeira humilhação, a sua declaração de voto que faz parte da ata e com ela deveria ser publicada, nem sequer consta no site da CMOL.

Em conclusão, são muitos os efeitos práticos da moção. Um deles tem a ver com as aspirações do partido em retomar a liderança do município. Com esta postura política Jorge Pato condenou o CDS:PP à irrelevância durante os próximos  anos. Alguém no nosso concelho voltará a acreditar que o CDS é uma alternativa credível ao PSD? Não creio.



PS: A retirada de confiança política a Paulo Caiado, feita sem o conhecimento e audição do visado, é a demonstração de que esta direita, pouco democrática e vingativa, é a herdeira da tradição totalitária e obscurantista que se abateu sobre Portugal durante décadas.

18 de outubro de 2015

1.BASÍLIO CRESPO, MAQUINISTA DE COMBOIO, ESCAPA ILESO DA EXPLOSÃO DE MINA. (CAMINHOS DE FERRO DE MOÇAMBIQUE-1973)



com a Família em Machipanda (Manica) fronteira com o Zimbawue

“As minas foram as mais temidas de todas as armas (…)”

Figura 1- Basílio Oliveira Crespo e o comboio fora do trilho em consequência da explosão da mina
Basílio Crespo, maquinista dos Caminhos de Ferro de Moçambique, fora colocado em Moatize (Tete). A Família acompanhava-o, como sempre o fez. … era «tanto calor que fazia estrelar um ovo em cima da linha». (Deolinda).


Nesse tempo a Gina frequentava o ciclo preparatório na Escola Secundária de Tete para onde se deslocava na camioneta da Companhia.

(ano de 1973) - Um dia, o comboio seguia lá para os lados de Mutarara, o Basílio “ia sentado no banco” e eis que explode a mina. Com o impacto da explosão dá um salto, bate com a cabeça no tejadilho, anda aos tombos e sofre uma dor passageira. Naquele momento lembra-se da Família e da morte dos seus companheiros vítimas das minas.
Figura 3- Aspeto dos destroços do comboio após explosão da mina
A máquina tinha saído do trilho, deitou-se num buraco e fez descarrilar o comboio. “Não ganhei para o susto!”, (Basílio).
Entretanto em casa, Deolinda vê os helicópteros a dirigirem-se na direção da linha do comboio (1). Dá-lhe um baque. Os pressentimentos eram sua companhia… «Já houve mina! … Foi o Basílio!».
O medo instalara-se. Toca a campainha do telefone … a voz do outro lado: «o Basílio teve uma mina, … está bem... venha já para a estação que ele vem de helicóptero» (recorda a Deolinda, ainda pregada ao susto).
Figura 4 - Tete - Escola Secundária que a Gina estava a frequentar
Acompanhemos as impressões da Gina quando regressou de Tete:
“Foi um dia super-aflitivo em que o pânico se gerou na pequena vila de Moatize”.
“Quando cheguei da Escola, a minha mãe estava em casa à minha espera, em pânico»
Os seus camaradas maquinistas Salgado e Martinho não tiveram a mesma sorte. Ficaram lá. “O Martinho deixou duas filhas gémeas com cinco anos…” (Deolinda).
Os avultados passivos gerados no teatro de guerra da zona de influência da Barragem de Cahora Bassa, a longa fieira de mortos e feridos e estropiados dos servidores dos Caminhos de Ferro de Moçambique também deveriam merecer divulgação inseridos num capítulo da história colonial.

A homenagem de
sérgio micaelo ferreira
… …
Em tempo:

Gina Crespo emprestou duas preciosas informações a merecer divulgação:  
A explosão da mina provocou a morte do “ajudante de fogueiro que era de raça negra, ficou completamente queimado com o rebentamento da caldeira da máquina. Vimo-lo numa maca mais parecida com uma encobridora, deitado sobre uma gaze gordurosa amarela, completamente branco avermelhado” (Gina)

(1) «quando se viam os helicópteros a sobrevoar a linha já se sabia que teria havido outra fatalidade »(Gina)

srg

Nota: segundo informação de Basílio Crespo, as fotos sobre os destroços do comboio foram tiradas por serviços militares. 
Moatize - Nova Estação dos Caminhos de Ferro de Moçambique
endereço-e  http://www.panoramio.com/photo_explorer#view=photo&position=9477&with_photo_id=69410137&order=date_desc&user=5163038


15 de outubro de 2015

INAUGURAÇÃO DE MONUMENTO A FERNANDO PEIXINHO


O dr. Fernando Peixinho faria hoje 87 anos. Recordamos o médico e o cidadão numa foto tirada no Forum que, em julho de 2010, prestou homenagem aos republicanos. 


No próximo sábado dia 17, pelas 16 horas, será inaugurado o monumento homenagem a Fernando Peixinho, no Largo do Cruzeiro, em Oiã. Não deixe de estar presente.

A IMPLOSÃO DO CDS DE OLIVEIRA DO BAIRRO



Até tu Brutus?
Brutus ofereceu-nos uma lição política. Quando assassinou Júlio César mostrou que o destino não está nas nossas mãos, mas sim nas dos nossos inimigos.
Fernando Sobral aqui


      PAULO CAIADO PERDE  “CONFIANÇA POLÍTICA” DO CDS:JORGE PATO

O que se está a passar no CDS de Oliveira do Bairro é o retrato chapado do que é a prática política em Portugal. São as guerras pessoais e as ambições mesquinhas que definem a estratégia política destes pequenos líderes sem grandes princípios.

Depois de, com a “total confiança ao Presidente da Câmara”, se ter assumido como mera muleta do PSD concelhio, o líder do CDS, Jorge Pato, foi mais longe no intento de implodir o partido, pelo que sem comunicar ao visado promoveu uma reunião partidária onde se decidiu retirar a confiança política a Paulo Caiado.

“NÃO FUI OUVIDO”

NB: Foi-lhe levantado algum processo interno? 
P.Caiado: Que eu saiba não. Ou seja, se existir não fui notificado e até ao momento desconheço em absoluto.

NB: Foi ouvido sobre os seus fundamentos?
P. Caiado: Zero. 

NB: Na prática excluíram-no do partido. 
P. Caiado: Não, não me excluíram do partido, a Concelhia retirou-me a confiança política, mas na minha opinião não foi uma decisão legítima, porque nem todos os membros da Concelhia foram convocados e eu não fui ouvido.

NB: Como votou a comissão politica?

P. Caiado: De acordo com o JB foi por voto secreto, mas eu não vi a ata (se existir) e antes disso  há membros da Comissão Política que não fazem a mais pequena ideia do que se passa, devem ter levado uma lavagem cerebral. 

13 de outubro de 2015

CORRIDA DE CARRINHOS DE ROLAMENTOS NO DOMINGO



A secção Rola Bustos, da associação Orfeão de Bustos, vai promover uma Corrida de Carrinhos de Rolamentos, no próximo dia 18 de outubro, na Vila do Troviscal - Póvoa do Carreiro.
A corrida conta com a seguinte programação:
11h00 às 12h00 - treinos livres
13h30 - concentração na Póvoa do Carreiro
14h00 - início da corrida

As inscrições estão abertas nas diversas modalidades: Trike bike, Tradicional / madeira, Ferro e Alterados, com um custo por participante de 7,5 rolamentos. Poderás fazer a tua inscrição através do facebook Rola Bustos, do email orfeaodebustos@gmail.com ou através do telemóvel 912 582 498.
No final haverá prémio de participação para todos e prémios para o 1º, 2º e 3º classificados por categoria.
Assim, se gostas desta modalidade esta é uma excelente oportunidade para construíres o teu carro e juntares a nós nesta tarde que promete muita animação e diversão. 
Aparece... e vem rolar connosco...

Obrigada pela atenção dispensada.

Com os melhores e mais respeitosos cumprimentos,
 
Cláudia Oliveira
A Presidente da Direção do Orfeão de Bustos