5 de maio de 2015

CRÓNICA DE UM pequeno EMPRESÁRIO PORTUGUÊS (3)


3-PAGAR RENDA PARA ESTAR EM “CONFORMIDADE FISCAL”

Voltei para o trabalho, na esperança de ver aparecer algum cliente. Foi quando surgiu o representante da empresa de Braga que me vendeu o programa de faturação. Vinha, de fato e gravata, explicar-me que tinha de fazer mais uma atualização ao software,por causa das novas exigências fiscais. Bastava pagar 400 euros e a questão era resolvida na hora. “Tinha de ser”, concluiu olhando para o ar como que invocando a omnipresente Autoridade Tributária. E mais ainda, explicou de mansinho, como aquele era um programa acreditado e aceite pela Autoridade Tributária eu teria de começar a pagar uma renda anual pelo mesmo. Era a única forma de manter a conformidade fiscal.
 “ Pagar uma renda! Mas o programa é meu, comprei-o. O senhor vendeu-me o programa, nunca disse que o estava a alugar”. “Sim, é verdade,” respondeu o senhor de fato e gravata.” O programa é seu mas não funciona de acordo com as exigências fiscais se não for atualizado. É seu mas não vale nada porque a Autoridade Tributária já não o aceita.  Quer ter o fisco à perna?

Eu não, mas também não queria mais uma renda anual pelo que pedi tempo para pensar. Estava decidido a consultar outras empresas que também dão assistência ao programa. Foi então que descobri que para mudar de empresa assistente tinha que pagar uma taxa de 30 euros. Assim o exige a empresa produtora do software que em cada novo ano vai sendo atualizado de acordo com às novas exigências fiscais. Rapidamente compreendi a impossibilidade de sair de tal labirinto. Não havia alternativa, tinha de passar a pagar  uma renda  por conta das constantes alterações fiscais Mais um pagamento por conta!

Calado estava quando reparei que não tinha aberto a correspondência. Peguei na conta da água, apenas para concluir que a um gasto de 10,77 euros em água corresponde 16,5 euros em  taxas e imposto. 
Abri as cartas do Banco. Numa informavam-me que tinham retirado o valor correspondente às despesas de manutenção, na outra mandavam a conta  com os portes  das cartas que me  enviaram  ao longo do  mês anterior. 


(CONTINUA AMANHÃ)

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