3 de maio de 2015

1- CONTAS DE UM DIA A PAGAR CONTAS

CRÓNICA DE UM pequeno EMPRESÁRIO PORTUGUÊS

O “NB” inicia hoje a publicação de um conjunto de textos sobre o dia a dia e as grandes questões com que se defronta um pequeno empresário português. Nunca em Portugal o Estado foi tão presente e tão interventor. Em nome do liberalismo económico o governo estende a garra do fisco, controla as nossas contas e multiplica exigências, regulamentos, impostos e taxas. A autoridade tributária controla a nossa vida e explora o nosso trabalho, quantifica os nossos bens, cobra uma renda anual chamada IMI, e ainda mostra falta de respeito.

Este é um depoimento autêntico e bem revelador da realidade atual.

1- CONTAS DE UM DIA A PAGAR CONTAS

Sou um pequeno empresário, num país de pequenos empresários. O país é Portugal. Trabalho diariamente para ele.
No início tudo o que fiz foi a pensar em alimentar a família. Por ela e por mim  investi o dinheiro que não tinha, criei postos de trabalho, abri um negócio. Aos poucos fui descobrindo que não era assim. Aos poucos fui descobrindo que trabalhava em prol da nação e do seu governo. Todos os dias pago o meu tributo. 
Ontem precisei de alterar a sede social da minha empresa, o que me custou 200 euros. Alteração que me obrigou a atualizar a simples titularidade de um contrato de fornecimento de gaz já existente e fui informado da novidade, sempre que se muda a titularidade de um contrato de gaz é obrigatória uma vistoria das instalações que custa entre 60 e 80 euros. Quando mostrei o certificado de uma vistoria realizada apenas há seis meses ao anterior locatário a senhora respondeu-me que nada valia. Havendo um novo titular tinha que pagar 60 euros e ter uma nova vistoria. É a lei concluiu.

Foi também por causa da Lei que nesse mesmo dia recebi notícias do meu contabilista (é também obrigatório ter um contabilista encartado a quem é preciso pagar cerca de 400 euros mensais) dizendo que já tinha as guias prontas e que, para além dos 23% de IVA, mais a Retenção na Fonte, a Segurança Social e a Taxa Extraordinária, tinha que pagar o Imposto Especial Por Conta. Tudo junto rondava cerca de 3 mil euros.
“Especial Por Conta!” Exclamei com a indignação de quem já paga o imposto Por Conta daquilo que ainda não recebeu. Sim, admitiu o contabilista, mas este é o Especial por Conta, é outro e também tem de ser pago. O meu contabilista tem por divisa uma frase de sua autoria que utiliza em rodapé nas faturas: “Mais vale pagar agora do que mais tarde com juros.”

Ainda a tarde ia a meio quando recebo a visita de uma empresa de desbaratização. Muito solicito o rapaz explicou-me que a lei exige que contrate um empresa que implemente um plano de combate a infestações, o que me passará a custar anualmente cerca de duzentos euros. Mas podia ficar descansado que entregavam certificado.” E já agora”, acrescentou provavelmente encorajado pelo meu desalento, “sabe que precisa de fazer a manutenção dos extintores?”
Tinha um primo especializado na manutenção dos extintores, que anualmente precisam de renovar o selo, custando-me tal obrigação a módica quantia de 15 euros por extintor. Uma pechincha! Havia era necessidade de pagar adiantado porque o primo não fazia o trabalho sem receber antecipadamente. Também recebia por conta.

(CONTINUA AMANHÃ)

1 comentário:

  1. Anónimo19:05

    EM SUMA...TRABALHA PARA O ESTADO!
    E A FAMÍLIA É PRA QUANDO?
    UMA VERGONHA DAS VERGONHAS. ESTAMOS A SER PULHADOS PELO ESTADO E PELAS LEIS QUE FORMULARAM TAMBÉM ELAS PRA ELES CLARO!
    UMA AMIGA DE BUSTOS.

    ResponderEliminar