CRÓNICA
DE UM pequeno EMPRESÁRIO PORTUGUÊS
O “NB”
inicia hoje a publicação de um conjunto de textos sobre o dia a dia e as
grandes questões com que se defronta um pequeno empresário português. Nunca em
Portugal o Estado foi tão presente e tão interventor. Em nome do liberalismo económico
o governo estende a garra do fisco, controla as nossas contas e multiplica exigências,
regulamentos, impostos e taxas. A autoridade tributária controla a nossa vida e
explora o nosso trabalho, quantifica os nossos bens, cobra uma renda anual
chamada IMI, e ainda mostra falta de respeito.
Este
é um depoimento autêntico e bem revelador da realidade atual.
1-
CONTAS DE UM DIA A PAGAR CONTAS
Sou
um pequeno empresário, num país de pequenos empresários. O país é Portugal.
Trabalho diariamente para ele.
No
início tudo o que fiz foi a pensar em alimentar a família. Por ela e por
mim investi o dinheiro que não tinha,
criei postos de trabalho, abri um negócio. Aos poucos fui descobrindo que não
era assim. Aos poucos fui descobrindo que trabalhava em prol da nação e do seu
governo. Todos os dias pago o meu tributo.
Ontem
precisei de alterar a sede social da minha empresa, o que me custou 200 euros. Alteração
que me obrigou a atualizar a simples titularidade de um contrato de
fornecimento de gaz já existente e fui informado da novidade, sempre que se
muda a titularidade de um contrato de gaz é obrigatória uma vistoria das
instalações que custa entre 60 e 80 euros. Quando mostrei o certificado de uma vistoria
realizada apenas há seis meses ao anterior locatário a senhora respondeu-me
que nada valia. Havendo um novo titular tinha que pagar 60 euros e ter uma nova
vistoria. É a lei concluiu.
Foi
também por causa da Lei que nesse mesmo dia recebi notícias do meu contabilista
(é também obrigatório ter um contabilista encartado a quem é preciso pagar
cerca de 400 euros mensais) dizendo que já tinha as guias prontas e que, para
além dos 23% de IVA, mais a Retenção na Fonte, a Segurança Social e a Taxa Extraordinária,
tinha que pagar o Imposto Especial Por Conta. Tudo junto rondava cerca de 3 mil
euros.
“Especial
Por Conta!” Exclamei com a indignação de quem já paga o imposto Por Conta
daquilo que ainda não recebeu. Sim, admitiu o contabilista, mas este é o
Especial por Conta, é outro e também tem de ser pago. O meu contabilista tem
por divisa uma frase de sua autoria que utiliza em rodapé nas faturas: “Mais
vale pagar agora do que mais tarde com juros.”
Ainda
a tarde ia a meio quando recebo a visita de uma empresa de desbaratização.
Muito solicito o rapaz explicou-me que a lei exige que contrate um empresa que
implemente um plano de combate a infestações, o que me passará a custar
anualmente cerca de duzentos euros. Mas podia ficar descansado que entregavam
certificado.” E já agora”, acrescentou provavelmente encorajado pelo meu desalento,
“sabe que precisa de fazer a manutenção dos extintores?”
Tinha
um primo especializado na manutenção dos extintores, que anualmente precisam de
renovar o selo, custando-me tal obrigação a módica quantia de 15 euros por
extintor. Uma pechincha! Havia era necessidade de pagar adiantado porque o
primo não fazia o trabalho sem receber antecipadamente. Também recebia por
conta.
(CONTINUA
AMANHÃ)
EM SUMA...TRABALHA PARA O ESTADO!
ResponderEliminarE A FAMÍLIA É PRA QUANDO?
UMA VERGONHA DAS VERGONHAS. ESTAMOS A SER PULHADOS PELO ESTADO E PELAS LEIS QUE FORMULARAM TAMBÉM ELAS PRA ELES CLARO!
UMA AMIGA DE BUSTOS.