Em texto aqui publicado em 21 de Junho de 2012,
Sérgio Ferreira Micaelo recordou o processo de construção do edifício da Escola
Primária, concluindo que o mesmo foi construído com dinheiro da junta de freguesia:
“Pelos dados expostos, e mais leituras das atas,
este edifício escolar foi mandado construir e pago pela Junta de Freguesia/Comissão
de Freguesia de Bustos. Assim sendo, a Escola Primária do Corgo é Património da
Junta de Freguesia de Bustos, com direito a tabuleta. A menos que tenha
ocorrido alguma «entrega» oficial do edifício à Câmara Municipal de Oliveira do
Bairro, à semelhança do que aconteceu com a Estação Telégrafo-Postal construída
com o dinheiro de particulares de Bustos... mas cuja «entrega» foi imposta superiormente.”
Sérgio Micaelo estava certo. O edifício foi
entregue à Câmara Municipal de Oliveira do Bairro presumivelmente nos anos a
oitenta. Não sabemos se a entrega foi “imposta superiormente” ou resultou da
mera vontade dos autarcas de então. Certo é que hoje devemos olhar para o
edifício independentemente do proprietário. Temos de ter em consideração a sua
história, o seu significado e a importância da sua localização, pois acaba por
estar integrado no Parque da Vila de Bustos, núcleo que reúne um conjunto de
infra estruturas de lazer e desporto ao qual falta um polo cultural. Quando da
construção da nova Escola Básica logo se falou de um projeto para as antigas
instalações. E logo se estabeleceu o consenso, assumido claramente pelo
executivo camarário, de que o edifício escolar iria servir de sede à Biblioteca
de Bustos/Polo de Leitura.
Deveríamos estar agora a discutir o que deve ser
uma Biblioteca nos tempos de hoje. Guardados os livros para quem os desejar
consultar, o espaço deveria ser organizado e equipado de forma a ser um local
de encontro, sociabilização e infoinclusão dos jovens. Mas para isso seria
preciso vivermos numa democracia participativa com autarcas empenhados em
promoverem social e culturalmente as populações. Para isso precisávamos de
líderes políticos em vez de meros gestores partidários que parecem acreditar
que o mundo começou com eles.
Borrifam-se para a História e até para os
compromissos assumidos. Não têm palavra, estratégia ou visão politica que vá
para além das obras de cimento. Assumem uma postura autoritária e gerem a causa
pública de forma meramente casuística e interesseira. O que fazer com a velha
Escola de Bustos? O mais fácil e mais barato é dividir “aquilo” por salas e
entregar o espaço a vários grupos e associações. Desta forma arranja-se quem
pague a água e a luz e, o mais importante, gera-se a dependência política,
porque os distinguidos com a benesse não podem deixar de ficar agradecidos...
(E se não estão agradecidos fiquem caladinhos ou vão no meio da rua!)
É assim a “democracia” em Oliveira do Bairro. E
por mais que se grite, “O rei vai nu”, o pobre coitado, quase a perder o trono,
cobre-se de plumas e promove o beija-mão. Até dá pena.
Belino Costa
BUSTOS - A ESCOLA DO CORGO É PATRIMÓNIO
DA JUNTA DE FREGUESIA?
"Entre os patrimónios da res publica localizados em Bustos contam-se os edifícios das escolas
primárias".
A “Escola Primária” do Corgo, a quem
pertence?
A construção de edifício escolar era uma
aspiração que vinha já da primeira Junta de Freguesia de Bustos. A busca de
terreno para a construção teve início durante a primeira junta de
freguesia.
Pretendia-se uma escola localizada no centro. O local preferido era o
terreno do "Sr. Visconde" que confronta as ruas 18 de Fevereiro e
Jacinto dos Louros. Onde mais tarde Augusto Simões da Costa construiu o seu
estabelecimento.
Em 17 de Janeiro de 1926, a junta de freguesia inscreve no orçamento a verba “de dois mil e setecentos escudos [13,47€] para material e mão d’obra de duas maceiras de adobos feitos por conta da Junta com destino às construções escolares”.
Em 17 de Janeiro de 1926, a junta de freguesia inscreve no orçamento a verba “de dois mil e setecentos escudos [13,47€] para material e mão d’obra de duas maceiras de adobos feitos por conta da Junta com destino às construções escolares”.
Contudo, é depois da Revolução do 28 de Maio de 1926 que efetivamente tem
início a construção da ansiada escola.
Na sessão de 15 de Maio de 1927 da Comissão Administrativa da Junta de
Freguesia, “O Presidente apresentou a
planta e alçado da obra do edifício escolar desta freguesia, fornecida pelo
Ministério da Instrução Pública, a qual foi apreciada pelos membros da Comissão
que a acharam muito boa. Mas
reconhecendo que o importe da sua execução é superior aos recursos de que pode
dispor, deliberou fazer-lhe algumas modificações, tais como suprimir algumas
janelas de lado do rés-do-chão, executando-as com mais simplicidade,
principalmente as laterais e as do lado sul. Suprimir dois salões no primeiro
andar, ficando com os dois do rés-do-chão e um ao centro do primeiro andar.”
A obra ia avançando e, v.g. em sessão de 2.12.1928, a Comissão
Administrativa autorizava os pagamentos “para o edifício da
escola: a António da Silva Neves quarenta e cinco escudos pelo transporte de
telha, a Manoel Rosa Novo cento e trinta e cinco escudos pelo transporte de
telha, a José Matos cento e trinta e cinco escudos pelo transporte também
de telha e a Porfírio Fontes trinta escudos pelo serviço de tirar água para
argamassar cal.”
Era notória a ânsia de ter alguma sala pronta receber
alunos, conforme se pode depreender da sessão de 20 de
janeiro de 1929, a Comissão Administrativa reúne extraordinariamente “para
arrematar as obras interiores e uma porta e quatro janelas dum dos salões do
edifício escolar”.
Nos fins de 1929, a comissão administrativa tinha lançado o concurso para “o
serviço de estuque nos dois salões térreos do edifício escolar”. As
propostas apresentadas por Manuel Tavares e por Américo Oliveira foram
rejeitadas, “por pouco explícitas nos materiais a empregar”. Foi
decidido fazer-se a adjudicação “por licitação verbal, e os materiais
ficarão a cargo desta Junta devido a ser difícil a fiscalização dos mesmos”.
Na sessão de 13 de Maio de 1934, a Comissão
Administrativa procedia à arrematação das restantes obras da conclusão do
edifício da escola Primária do Corgo, entre
as quais se transcreve:
(…) as obras de cal grossa e pintura quer externas quer internas, e
todo o edifício da Escola [foram] adjudicadas ao senhor Manuel
Ferreira Tavares, pela quantia de cinco mil quarenta e três escudos e cinquenta
centavos,
(…) o gradeamento do recinto de recreio do edifício da Escola, e as
varandas (…) varandas em ferro para o mesmo
edifício [foram]adjudicadas aos senhores João dos Santos Oliveira
e José Maria Simões dos Reis pela quantia de três mil e quinhentos
escudos (…)
Sérgio Ferreira Micaelo
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