25 de janeiro de 2011

JARDIM DE PALAVRAS (2)

Há um jardim, na rua 18 de Fevereiro, que fala. Ali plantam-se cartazes e florescem palavras como já demos nota. (Aqui)


A casa ainda espera por pintura mas na sua frente brilha um pequeno mas cuidado jardim. É um espaço comum porque tem flores, plantas, vasos e pedrinhas brancas. Mas é  diferente de todos os outros porque exibe, em pose de peça de arte, objectos como alguns troncos de árvore, dois arcos de um tonel e um garrafão de vinho. O tema do vinho está presente na decoração mas também nos últimos cartazes. Sim, tal como as flores, que após algum tempo murcham, também os cartazes se finam sendo substituídos por outros. O plantio de novos cartazes é outra das características deste especialíssimo jardineiro.


Em letras douradas num fundo vermelho, balançando entre os arcos de ferro, surge a primeira lição, sapientíssima:

“TODO O VINHO NOS CAI BEM. AO CAIR É QUE CAÍMOS MAL.”

Num cartaz de maior dimensão outra frase se impõe. Esta não só nos interpela como nos propõe um jogo. Quer que adivinhemos algumas letras que estão em falta. Ao completarmos a frase, ao envolvermo-nos no jogo, deparemos com um pensamento transpirando  álcool e poesia:

“SOMOS TODOS MORTAIS, ATÉ AO PRIMEIRO BEIJO E AO SEGUNDO COPO DE VINHO.”

No mesmo estendal, logo ao lado, surge um comentário mais prosaico. Se tomarmos o cartaz anterior por um girassol este poderá ser um amor-perfeito:

“A CORTESIA É COMO O AR NOS PNEUS, NÃO CUSTA NADA MAS TORNA A VIAGEM MAIS CONFORTÁVEL.”

De palavras se vai fazendo este jardim. Iremos dando notícia de futuras  plantações.

BC

Sem comentários:

Enviar um comentário