A Ti Maria cumpriu no passado dia 2 de Dezembro 91 anos de uma vida repleta de trabalho. Continua rija, fina e activa como sempre, suspeito mesmo que não passa um dia sem dar a sua ajuda nos afazeres do café do Quim.
Fui encontrá-la, na antevéspera do passado Natal, sentada ao lado do volante de um Renault Quatro, estacionado paredes-meias com o café. Confesso que à satisfação de a achar em boa forma se seguiu uma pontinha de inveja. Então os anos, que a mim me vão dando enormes safanões, fazendo avultados estragos, passam pela Ti Maria como brisa. A mulher não envelhece!
Depois de lhe dar um beijo de confessada admiração e de ela me ripostar com um, “ainda estou boa!,” provoquei-a, exigi a receita da juventude. Ela não se ficou, respondeu-me com a sabedoria de quem tem quase o tamanho de um século. Agarrou num grande cartão que colocou no pára-brisas frontal do automóvel, tapando o vidro, ajeitou-se no banco e disse:
- Queres saber a receita? Então faz o que te digo.
- O quê?
- Fecha a porta do carro e deixa-me dormir a sesta.
Belino Costa
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