Ainda os tímpanos zuniam com excertos optimistas da periódica mensagem de ‘natal’ acompanhada com a multiplicação de bolos dito de reis e passando ao lado do ajuste de constas dos obrigatórios acréscimos de Dezembro e 14º mês dos segregados cerca 7 por cento de manifestados portugueses – reformados de pequena cilindrada – , apanho um baque ao ser anunciado que a distribuição de pouco mais de meia dúzia de euros era feita em fatias menstruais da relevante e choruda verba de sessenta cêntimos (mais uns pozitos).
Decisores, profundos conhecedores do dia-a-dia dos amassadores de pão apreciado por outros, tomaram a medida do fatiamento para que o reformado não se habitue a gastar à tripa forra.
O Estado – Governo , na mesma circunstância, estará a tentar imitar outros tempos, que o Mestre Aquilino Ribeiro fez por não esquecer:
“Certas casas nobres tinham por hábito de sua prosápia distribuir o óbulo em dia determinado da semana. Noutros tempos à razão de cinco réis para dois pobres. E era uma mancheia de dinheiro grato pro Deo. Hoje essas casas, e raras são elas já, vão até o tostão, os dois tostões. Mas que poder de aquisição tem a moeda?! Mesmo assim o acto de dar e receber reveste-se de certo sainete, se não é antes patético:
– Aqui tem um tostão – exclama a boa ricaça, depondo a esmola na mão magra do pedinte . – Agora vá gastá-lo na taverna!
- Não senhora – responde o mal agradece ido, ou a sua figadeira. – Vou comprar uma quinta.”[1]
O Governo esquece-se que os reformados não perderam a sensibilidade para festejar a quadra de transição para 2008 com simples prendas e que mais a simples notita do acrescento – a que tinham direito – os iria encher de alegria.
Ao armadilhar o retroactivo de Dezembro e do 14º mês em fatias de salame a distribuir ao longo do 2008, como vai o estado saldar a dívida contraída em 2.007 para os muitos reformados que irão a partir para o eterno antes de completar o ano?
O Governo descobriu outro truque de tesouraria para poupar mais uns cobres, a bem da liquidez da caixa?
O Governo errou.
sérgio micaelo ferreira
Fora de texto: Anadia está no mapa dos fechos das urgências hospitalares. No acesso de Anadia a Coimbra e então a Águeda ou a Aveiro, as ambulâncias têm de cumprir os 50 km/h . Será a ocasião de se exigir que o PS (Aveiro) faça cumprir a prometida criação da portagem da A1 no concelho de Anadia.
EM TEMPO:
O Governo rectificou o azimute, segundo o ‘Portugal Diário, 9.12.2008: ‘Perante a Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social, o ministro José António Vieira da Silva garantiu que «o Governo irá, no próximo processamento de actualização das pensões, em que seja tecnicamente possível, integrar completamente os valores do aumento de Dezembro, que não foi pago».’
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?div_id=291&id=900969
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?div_id=291&id=900969
sérgio micaelo ferreira, 11.01.2008
Ora cá está um texto fora da lógica da publicação. Não há outro sítio para falar do Governo da nação?
ResponderEliminarAinda por cima o Governo já corrigiu o tiro.
Quanto às urgências poupem-me à demagogia por favor. Os SAP não são urgências nem nunca o foram, foram um expediente, bem utilizado pelos médicos, para receberem a dobrar e trabalharem menos de metade.
Apesar da grande maioria dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP's) não fazerem sentido (1 médico + 1 enfermeiro + 1 administrativo para, muitas vezes, atenderem 3 utentes por noite), certo é que o encerramento das urgências do Hospital de Anadia não se justificava, por se tratar dum hospital de rectuaguarda excepcionalmente bem equipado.
ResponderEliminarO economicismo puro e duro passou a ser a palavra de ordem do governo.
Ainda por cima o ministro permitiu-se "escolher a dedo" os intervenientes no debate televisivo sobre o assunto.