9 de janeiro de 2008

O Cortejo dos Reis’1959

Apesar do mau tempo, sempre se fez o nosso tradicional cortejo.
Nada faltou no que nos dizia respeito .
Sentiu-se apenas a necessidade do sol e a afluência do povo vizinho.
A missão de cala um foi cumprida à risca, a dos Reis com a sua gente e a do povo com o seu bairrismo.
Que se sintam todos animados para a novos empreendimentos.
E que dizer do brio deste povo de Bustos no capricho dos carros?
O Evaristo Pinto, logo a seguir aos Reis, com a furgonete armada em carro do Anjo Triunfante; o Silvério Pedreiros com a camionete da sua firma transformada em moinho, onde eram moleiros dois briosos rapazes e a fílha do Sr. Augusto Simões da Costa e o filho do Sr. Dr. Jorge Micaelo.
Lindo quadro este carro que as mãos calejadas dos homens armaram e a Sr.ª D. Teresa Vieira e a D. Isabelinha Ala tão bem souberam preparar.
E o desfile continua.
É a Quinta Nova com o seu rancho tradicional – os pescadores; é o carro da Póvoa a dizer que contribui para a nova Igreja; são as ceifeiras do Sobreiro, numa exibição curiosíssima; são as ofertas do S. João, R. de Baixo; é o Carro da Mocidade do Cruzeiro de Cima, de Bustos; são os Benfeitores do Barroco que outra vez aparecem com um carro bem carregado e bonito; o Sr. Aires e
Manuel Rei e Laurentina de Bustos, que querem um carro só para si, e a Pequena Sociedade da Barreira que é grande nas ofertas; são as Moleiras do Sobreiro com um trajo engraçado e a sua saquinha à cabeça (coisas que só as raparigas sabem inventar); é o Cabeço com uma grande carrada que o Sr. Manuel Ferreira pôs no seu carro, e que muito bem pareceu neste cortejo com o dístico – Auxiliai a Igreja; foram as ciganas e os carros da Picada tudo feito com muito gosto.
Onde houver um Antero Aires e um Manuel da Laurinda e um Abel a inventar destas coisas tudo fica tão bem que até o burro que veio do Calvão teve de ser pintado.
E a pequenita do Antero que vivia tanto já estas brincadeiras…
No final, o carro de vidro que o Adão Micaelo e irmão ofereceram, o carro que a casa do Sr. Dr. Jorge quis mandar cheiinho, as pastoras com as suas ofertas e a animação, mesmo com invernia.
Por causa do mau tempo não vieram os dois carros da Azur[v]eira.
Muito pode uma freguesia quando quer, de verdade, levar a bom termo uma obra.
A nossa igreja vai ser em breve uma realidade.
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in Jornal da Bairrada 17.01.1959, correspondente P.e António H. Vidal.
Excerto recolhido do projecto bibRia – Biblioteca dos Municípios da Ria

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