14 de março de 2006

ALBERTO. UM TORNEIRO. UM MESTRE. UMA ESCOLA.


Viajava Bustos pelos anos de ’50.
Alberto Martins, natural de Aveiro, era um artista metalúrgico a desenvolver o processo de produção de fogareiros na então recém-criada fundição de Manuel Simões dos Santos (Manuel da Barroca[1]).
O Alberto Torneiro fazia parte de um lote de operários que contribuiu para dar projecção alargada à INF (Indústria Nacional de Ferramentas [2]), de Bustos, empresa localizada ali à entrada da Rua da Póvoa. As panelas de ferro continuam a ser badaladas.O trabalho de fundição era executado por verdadeiros autodidactas, contava-se entre eles Manuel de Oliveira Crespo que estava de saída, devido a desinteligências. É então que o Alberto «se atira» à criação dos diferentes moldes de fogareiros (de 0 a 6). [nota: Os modelos das panelas de ferro fundido estão classificados de 1 a 12].

O Alberto Martins ainda não tinha alcançado os trinta anos quando, para espanto dos mais velhos, introduziu na INF o fabrico das peças em série.
Entretanto o sistema mecânico da rega dá os primeiros passos, Manuel da Barroca não quer perder o comboio do negócio e a INF abre uma secção de vendas de material de irrigação. O Alberto é o vendedor escolhido para bater as Gafanhas e os Campos do Mondego, conseguindo um apreciável volume de vendas. O Alberto fica a conhecer a zona como a palma das mãos. Em cada cliente fazia um amigo. O dito “o Alberto Torneiro é mais conhecido que o papa” pecava por defeito. O êxito da sua actividade comercial estava alicerçado na qualidade do artigo e na pronta assistência técnica.
O Alberto pegou de estaca na sua terra de adopção, fez parte do elenco directivo da União Desportiva de Bustos[3]. Recorda com saudade a participação dos seus companheiros nos destinos da bola, entre eles contavam-se em destacado lugar, o Eduardo Santos (Eduardo dos Correios), Fernando Afonso, Abel Martins de Oliveira, Inocêncio Caldeira, Amândio Ferreira (O Menino Jesus')
Ao fim de trinta anos, Alberto Torneiro [4] deixa a Fundição, sai de Bustos e entrega-se ao voluntariado nos Bombeiros de Ílhavo, onde foi condutor durante anos até regressar novamente à nossa terra.
É um prazer partilhar a conversa do Alberto Torneiro com os amigos que o visitam.…
O Alberto Martins, aprendiz de mecânico na Bóia & Irmão, forjeiro e torneiro, sendo de fora-parte, é também uma figura que ajudou a construir o imaginário de Bustos.
***
[1] In Manuel da Barroca, http://bustos.blogs.sapo.pt/ Bustos - do Passado e do Presente abril 22, 2004
[2] A Fundição de Bustos (INF) merece que lhe escrevam as suas memórias.
[3] O Alberto contou vários episódios passados no Futebol que merecem ser registados. Józinho, é trabalho para ti ... Um acepipe...Em determinado jogo, o Necas Gueso [outra figura que atingiu nomeada no futebol] obrigou a desmarcar um golo já confirmado pelo árbitro ...
[4] No 25 de Abril/74, o Alberto estava com amigos que festejaram o acontecimento com manifestações bem «à radical». O mini-episódio virá a lume em data própria.
sérgio micaelo ferreira
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1 comentário:

  1. Segundo informação de oscarde bustos, ainda existe o malho pilão criado pelos mestres/artistas ferreiros. Uma foto da máquina que substituía o trabalho 4 troncudos braçais deve figurar na história dos eventos desta remota terra a ocidente arrimada.

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