A
Câmara Municipal de Oliveira de Bairro não quer gastar dinheiro com a biblioteca de Bustos, confirmou o presidente da Câmara Municipal de Oliveira de
Bairro, Mário João. Por sua vez a vereadora da cultura, Elsa Pires, confessou-se “trucidada”.
Um grupo de onze cidadãos de Bustos reuniu-se, no dia de ontem, com os sr
presidente, vice presidente e vereadora da cultura da Câmara Municipal de
Oliveira do Bairro. Após a presença na Assembleia Municipal onde apresentaram
um abaixo assinado de protesto contra a transferência da Biblioteca de Bustos/Polo
de Leitura para o edifício da escola básica, os cidadãos de Bustos não se
conformaram.
Na Assembleia Municipal não foi dada qualquer
explicação quanto ás razões que levaram a sra vereadora da cultura a defender uma medida que cria as condições para a eliminação da biblioteca pública de
Bustos, a mais antiga do nosso concelho. Uma biblioteca aberta graças à iniciativa popular,
um espaço que marcou e ajudou a alfabetizar muitas gerações.
Lutando pelo diálogo e o debate de
ideias, os cidadãos de Bustos solicitaram uma audiência à sra vereadora Elsa
Pires, dado que esta tinha sido responsabilizada pela decisão, mas não tinha
dado qualquer explicação
Ontem pela manhã onze bustuenses, representantes de todas as
correntes politicas locais, deixaram os seus afazeres para ouvirem as razões de
Elsa Pires. Foram a Oliveira do Bairro em nome de valores profundos, porque pertencem
a uma comunidade com memória e não querem
que ela seja apagada.
Irene Micaelo, Alberto Zenha Martins,
Dina Costa, Narciso Paiva Cardoso, Miriam Ferreira, Manuel Romão, Paulo
Figueiredo, Óscar Aires dos Santos, João Martins Oliveira, Vergilio Ferreira e Fernando
Grangeia foram recebidos por parte do executivo camarário e, curiosamente,
quando foi questionado sobre o facto de não estar presente a totalidade do
órgão respondeu o sr.presidente que “uns cumprem horários e outros não”. ( Já
perto do fim da reunião, apareceu o vereador António Mota que, a dado momento, diz
num desabafo:”Se me tivessem avisado a tempo também tinha vindo.”)
Coube a Mário João explicar a sua posição
de apoio à transferência da biblioteca pública para instalações escolares Tal
como aconteceu na reunião da Assembleia Municipal responsabilizou a sra vereadora pela opção, apesar de ir acrescentando
a sua concordância.
A principal razão de Mário João, a que
mais gosta de invocar, tem a ver com a forma autoritária como encara a
governação municipal. Tudo se resume a uma ideia (Eu é que estou mandatado) e a
uma justificação.(Fui eleito pelo que decido sem ter que dar justificações ou tomar
em consideração o que pensa o povo).
Com o evoluir do debate, marcado pela forma
racional como os defensores da
biblioteca foram apresentando argumentos, alguma da arrogância inicial foi-se diluindo e certas verdades emergiram. Ficou
então claro que apenas razões funcionais justificam a decisão, e estas tendo na
sua génese meras razões económicas (ainda que os custos atuais da
biblioteca de Bustos sejam insignificantes) . Ou seja, falta de vontade
política.
Para
Óscar Aires dos Santos tornou-se claro:”A câmara não quer gastar
dinheiro com Bustos, é apenas isso. Por outro lado foi triste e de baixo nível ver o presidente fazer considerações pouco elogiosas sobre uma funcionária...”
À parte as baixarias convém sublinhar
que não foi feito qualquer estudo sobre
os custos ou o impacto na rotina escolar resultantes da convivência com um
equipamento que tem de estar aberto a toda a população. Nem sequer se ponderou se
a decisão entra em conflito com o quadro legislativo que regulamenta o
funcionamento dos edifícios escolares.
A este propósito Paulo Figueiredo fez
questão em deixar bem explicito que
considerava ilegal a decisão de transferir a biblioteca para a escola básica e
que se necessário for tal opção será
contestada nos tribunais.
“Senti-me muito triste e frustrada no
fim da reunião” confessou ao “NB” Irene Micaelo. “É triste perceber que Bustos
é uma terra mal amada por este executivo."
A senhora vereadora da cultura estava,
tudo o indica, instada pelo presidente a manter-se em silêncio. Só por
insistência de Alberto Zenha Martins acabou por pedir a palavra, o que provocou
um notório incómodo em Mário João, Elsa Pires reconheceu que estava a ser “trucidada”
e, nas suas nervosas palavras, deu a
entender que a sua opção foi condicionada, ou seja, que sem dinheiro e vontade politica não
tinha grandes alternativas Foi bem visível a fúria a tomar conta do rosto presidencial,
à medida que a senhora vereadora falava.
Interessante e sagaz foi o conselho
dado por Narciso Paiva Cardoso. Com a objetividade de quem tem experiência e
conhecimento sugeriu ao edil uma solução simples. Aconselhou-o a nada fazer, por
já serem tão poucos os meses que lhe restam à frente da autarquia.
A reunião estava prestes a terminar. Foi
então que João Oliveira pediu a palavra.
Acabou por encerrar a reunião com uma simples declaração:
”Nós não desistimos!”
NB/BC
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