Embora
sabendo que não nos é possível, deste modo e neste espaço – e pela complexidade
- equacionar toda a abrangência, tanto das Bibliotecas Públicas como Escolares,
no que diz respeito à missão, objetivos e serviços atribuídos a cada uma delas
- periodicamente revistos e aumentados, ou não estivesse a sociedade em
vertiginosa mudança - ainda assim, não quisemos deixar de trazer ao debate mais
algumas interrogações sobre uma matéria que continua na ordem do dia: a
importância da biblioteca de serviço público/Polo de Leitura de Bustos, e a
possibilidade, em aberto, da sua transferência para a Escola Básica, no
Sobreiro, para colmatar a inexistência de uma biblioteca escolar e poupar nos
gastos com a educação.
Uma
coisa é certa: têm os bustuenses toda a
legitimidade de continuar com a sua biblioteca pública. Mas é igualmente ponto assente que a Escola
Básica (1.º ciclo e Jardim de Infância), atendendo até ao número já
considerável de crianças que a frequentam, tem
pleno direito a ter a sua própria biblioteca, no seu espaço próprio: o espaço escolar;
e urge, para dar pleno cumprimento à implementação, monitorização e avaliação
do “Programa
Rede de Bibliotecas Escolares. Quadro estratégico: 2014-2020”, em
sintonia com as diretrizes europeias.
Entendidas como centros facilitadores
da aprendizagem e
organizações de apoio pedagógico de qualidade - instaladas em local central, de
acesso fácil e convidativo e devidamente equipadas e apetrechadas, com recursos em consonância com o nível
etário, interesses e necessidades do público que servem, contando com o
apoio de professores qualificados que trabalham em articulação com as
diferentes estruturas educativas - as
Bibliotecas Escolares são hoje o núcleo, o centro da vida da Escola.
Assim sendo, a elas confluem
(ou devem confluir) diariamente alunos, professores, e demais envolvidos no
processo educativo para a seleção e otimização de recursos, desenvolvimento de
projetos conjuntos, atividades curriculares e não curriculares e outras ações
educativas, para além do lazer e construção da competência leitora nos seus
diferentes suportes e vertentes.
Aqui
chegados, e com enfoque nesta aceção dinâmica, proativa e de boas práticas, e no reconhecimento de que é, muitas
vezes, fora do contexto sala de aula que melhor se aprende e constrói
conhecimento, uma pergunta (mais uma) se impõe:
A intensa utilização,
que deve acontecer diariamente para se Aprender
com a Biblioteca, permitirá a partilha deste espaço com outros utentes
estranhos à escola, no âmbito de uma biblioteca pública?
Claro que não, mas essa é
mais uma das perplexidades a acrescentar ao leque das já existentes.
Bibliotecas públicas e
escolares, sim, com
levantamento de pontos comuns para trabalhar em parceria e complementaridade, partilhando recursos e saberes, mas com missões específicas diferentes,
insubstituíveis, no sentido da igualdade
de oportunidades, inclusão social e acesso gratuito ao conhecimento, para todos.
Irene
Micaelo
(Nota abreviada: Foi com o Programa Lançar
a Rede de Bibliotecas Escolares
(1996) – elaborado em consonância com as primeiras referências internacionais
mais relevantes, como a UNESCO (United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) e IFLA (International Federation of Library
Associations and Institutions) - que se começou a tornar visível e
reconhecido o papel crucial das bibliotecas escolares como estruturas nucleares
imprescindíveis para o desenvolvimento do currículo, capazes de apoiar todos os
alunos na aquisição das diversas literacias,
na melhoria e enriquecimento das aprendizagens e determinantes nas
vertentes formativa e de inclusão)
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