7 de julho de 2015

BIBLIOTECAS PÚBLICAS E BIBLIOTECAS ESCOLARES DIFERENÇAS E COMPLEMENTARIDADES



Embora sabendo que não nos é possível, deste modo e neste espaço – e pela complexidade - equacionar toda a abrangência, tanto das Bibliotecas Públicas como Escolares, no que diz respeito à missão, objetivos e serviços atribuídos a cada uma delas - periodicamente revistos e aumentados, ou não estivesse a sociedade em vertiginosa mudança - ainda assim, não quisemos deixar de trazer ao debate mais algumas interrogações sobre uma matéria que continua na ordem do dia: a importância da biblioteca de serviço público/Polo de Leitura de Bustos, e a possibilidade, em aberto, da sua transferência para a Escola Básica, no Sobreiro, para colmatar a inexistência de uma biblioteca escolar e poupar nos gastos com a educação.


Uma coisa é certa: têm os bustuenses toda a legitimidade de continuar com a sua biblioteca pública. Mas é igualmente ponto assente que a Escola Básica (1.º ciclo e Jardim de Infância), atendendo até ao número já considerável de crianças que a frequentam, tem pleno direito a ter a sua própria biblioteca, no seu espaço próprio: o espaço escolar; e urge, para dar pleno cumprimento à implementação, monitorização e avaliação do “Programa Rede de Bibliotecas Escolares. Quadro estratégico: 2014-2020”, em sintonia com as diretrizes europeias.


Entendidas como centros facilitadores da aprendizagem e organizações de apoio pedagógico de qualidade - instaladas em local central, de acesso fácil e convidativo e devidamente equipadas e apetrechadas, com recursos em consonância com o nível etário, interesses e necessidades do público que servem, contando com o apoio de professores qualificados que trabalham em articulação com as diferentes estruturas educativas - as Bibliotecas Escolares são hoje o núcleo, o centro da vida da Escola.

Assim sendo, a elas confluem (ou devem confluir) diariamente alunos, professores, e demais envolvidos no processo educativo para a seleção e otimização de recursos, desenvolvimento de projetos conjuntos, atividades curriculares e não curriculares e outras ações educativas, para além do lazer e construção da competência leitora nos seus diferentes suportes e vertentes.

Aqui chegados, e com enfoque nesta aceção dinâmica, proativa e de boas práticas, e no reconhecimento de que é, muitas vezes, fora do contexto sala de aula que melhor se aprende e constrói conhecimento, uma pergunta (mais uma) se impõe:

A intensa utilização, que deve acontecer diariamente para se Aprender com a Biblioteca, permitirá a partilha deste espaço com outros utentes estranhos à escola, no âmbito de uma biblioteca pública?
Claro que não, mas essa é mais uma das perplexidades a acrescentar ao leque das já existentes.

Bibliotecas públicas e escolares, sim, com levantamento de pontos comuns para trabalhar em parceria e complementaridade, partilhando recursos e saberes, mas com missões específicas diferentes, insubstituíveis, no sentido da igualdade de oportunidades, inclusão social e acesso gratuito ao conhecimento, para todos.

Irene Micaelo

(Nota abreviada: Foi com o Programa Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares (1996) – elaborado em consonância com as primeiras referências internacionais mais relevantes, como a UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) e IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions) - que se começou a tornar visível e reconhecido o papel crucial das bibliotecas escolares como estruturas nucleares imprescindíveis para o desenvolvimento do currículo, capazes de apoiar todos os alunos na aquisição das diversas literacias, na melhoria e enriquecimento das aprendizagens e determinantes nas vertentes formativa e de inclusão)



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