4 de março de 2011

Vida de cão

Há uns dias a Irene mostrou umas fotos de uma cadela para adopção, penso eu. Não encontrei o email, mas não queria deixar de responder.
Eu não posso ficar com cães nesta altura por várias razões, mas a principal é que o meu amigo "Leão" morreu em Novembro com hemorragias pelo ânus e pelo penis. Tinha quinze anos e preferia correr a comer. Punha comida na tigela, soltava o cadeado e ele ia correr e só depois comia. Era mais alto que um Labrador e mais esguio. O Rui Jorge, irmão do Óscar, matou o bicho com pentabarbiturato. Enterrei o cão nove horas depois de o matar e durante semanas entrava em casa à espera de o ouvir ladrar-me para o soltar do cadeado durante os dias da semana. Foi um dia mau, porque ele era meu amigo e brincávamos muito no aido a correr atrás um do outro. 
Antigamente as pessoas da minha terra só deixavam vivo um animal de cada ninhada. Agora pensa-se que eram bárbaros, mas eles sabiam que não podiam manter mais que um e que é mais fácil dar um cão do que quatro. Aquilo que parece bárbaro era na realidade uma maneira de poupar os animais ao sofrimento. 
Há tempos um homem disse-me que ia levar o cão velho para a universidade. Não percebi o ele queria dizer com isso e ele explicou que ia levar o cão de carro e deixá-lo longe de casa. Isto é que é bárbaro. E vêem-se tantos cães abandonados, mas ainda mais grave é abandonar pessoas velhas. Alguns são abandonados em lares, outros em hospitais e outros nas estações de serviço das autoestradas.
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- Com a indevida vénia, o texto foi extraído duma resposta do Milton a um e-mail da Irene Micaelo sobre cães abandonados.
- Foto do (Prof. Dr.) Milton Costa à entrada da Sala do Senado, na cerimónia de investidura do novo Magnífico Reitor da Univ. de Coimbra (1.3.2011).

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