15 de março de 2011

BUSTOS NO 15 DE MARÇO'61 (NORTE DE ANGOLA)

O 15 de Março de há cinquenta anos do Norte da UPA de Angola as populações ocupadas no amanho de fazendas, com a agrimensura avalizada na administração, foram as primeiras vítimas que ajudou a mostrar a fragilidade da condução da política colonial de Salazar. Eufemísticamente, política ultramarina.

O banho de morte que ingloriamente inundou os civis no Norte de Angola em 15 de Março de 1961 foi o despertador do sono da colonização.

Portugal era o único país subdesenvolvido que tinha império.


Quando há um desastre fatal de avião, amiudadas vezes a televisão entrevista alguém que escapara do lista dos mortos por ter desmarcado a viagem, ... à última hora.

Óscar Micaelo também escapou de ser vítima da UPA.

Na ocasião estava a frequentar a primária (4ª classe?) no Colégio dos Maristas em Luanda.

sérgio micaelo ferreira

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depoimento de Carlos Alberto S. Martins:

"Ficou-me gravada para sempre, na minha memória, a chegada do Óscar à escola primária do Corgo, pouco tempo depois dos massacres. A imagem que retenho de há 50 anos é a de um menino desconhecido, frágil, desprotegido, todo vestido de preto, de quem se dizia ter tido a família morta em Angola pelos "terroristas". Nada disso fazia muito sentido para crianças como eu, na altura com 8 anos. Mas o pedido de solidariedade, feito pelo professor, para com quem tinha sido vítima de tragédia tão grande, esse tocou-nos bem fundo. Mais tarde viemos a ser amigos, vivemos durante muito tempo no Cabeço (ele, penso que na casa de uma tia) e, durante os estudos em Aveiro, fomos muitas vezes companheiros de viagem na camioneta. Nunca mais vi o Óscar, mas aproveito esta evocação do Sérgio para, se ele for visitante do blogue, lhe mandar um grande abraço. Carlos Alberto S. Martins Aveiro"

Por Carlos Alberto S. Martins em BUSTOS NO 15 DE MARÇO'61 (NORTE DE ANGOLA) em 16-03-2011".
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NE. Carlos Alberto, solicito que envies o teu contacto para noticiasbustos@gmail.com
obg.



1 comentário:

  1. Às 23H00 do dia 10/6/1972 embarquei num boeing 707 dos TAM (Transportes Aéreos Militares) para Angola. Como não me apetecia ir sozinho, os senhores do regime “convidaram” mais cento e tal marmanjos para me fazer companhia.
    Levei comigo um pedido do Dr. Jorge Micaelo: se fosse para norte, procurar a fazenda de café que ele aí teve e explorou até 11 de Março de 1961, dia em que foi assaltada e destruída pelos bandos assassinos da então UPA (mais tarde, FNLA).
    Fui mesmo para norte, integrado numa companhia independente de intervenção (CART 3564) e por lá passei 26 "simpáticos" meses, como alferes de Operações Especiais (Ranger).
    Acreditem que fiz intervenções bem duras na zona da fazenda, situada perto de Aldeia Viçosa e ainda recordo como se fosse hoje um assalto que dirigi ali bem perto a um acampamento importante dos cães da FNLA. Cães, porque lutavam por tudo menos por uma verdadeira independência de Angola.
    Apesar de muitos deles o não merecerem, tratei sempre os prisioneiros como homens e dizia-lhes que tinham direitos, consagrados na Convenção de Genebra (o que o regime proibia, por os considerar "terroristas").
    Já agora: os americanos é que armaram a FNLA, seguindo a mesma política interesseira e estúpida que ainda hoje teimam em manter.
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    A fazenda, cujo nome não registei, estava isolada no meio do mato e foi das poucas que permaneceu sempre abandonada, pelo menos até eu regressar ao Puto, em 17/8/1974. Disseram-me que terá sido a 1ª fazenda a ser atacada no norte de Angola. A sorte do meu xará e parente Oscar Micaelo foi estar em Luanda nesse dia.
    Dos Micaelos que estavam na fazenda na madrugada de 11 de Março, ninguém terá escapado. O massacre de brancos e negros que ali viviam e trabalhavam foi brutal e bárbaro.

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