21 de março de 2008

SÃO POETAS ... & DEPORTAÇÂO SEM JULGAMENTO

NO NOSSO TEMPO
Pois é, pois é só agora
Que a gente isto crê!...
Uma pessoa que ninguém vê
Que eu nem dizer me atrêvo,
Matou-se, perdeu noites estudar
Álgebra e matemática
E a maneira mais pratica
De nos limpar o cêbo …

E não perdeu o tempo,
Que esta muito bem instalado!
Foi até muito, muito falado
Essa coisa do Estar … de Novo.
Piramidal bem estar,
Obra de inteligência sua,
Que pôs em farrapos na rua
O famigerado Zé povo …

Agora canta contente,
Sosinho lá no poleiro
E até no estrangeiro
É escutado o figurão!
Dorme em camas fofas;
Lê descansado os jornais,
Enquanto a gente aos ais,
Fossa duro no chão …
(…)

in António Maria da Silva Barreiro, Extravagancias poéticas (excerto). Hospital Militar de Coimbra, 19.12.1935 (inédito)

Nota: Mão cuidadosa de Belino Costa protegeu o manuscrito, em tinta verde, da ameaça da voracidade do tempo.
Notícias de Bustos pretende contactar descendentes do poeta para fazer um trabalho que acompanhe a divulgação deste manuscrito.
Endereço: noticiasdebustos@gmail.com

**
(De Joaquim Pessoa)

O último romântico acomoda-se por aí
preocupado com os próximos futuros. Não tem cartões nem
habilitações técnicas. Nem é doutor que baste. Demasiado
………………………………………………...................……artificial,
é naturalmente vulnerável a exigências e rigores, tem
o discurso marcado pelos outros, um discurso quase sempre
para ele próprio uma surpresa.
(…)
O último romântico esforça-se por mostrar
que não gosta por aí além do romantismo. Mas o brilho de
……………............................uma moeda na palma da mão
fá-lo acreditar que agarrou uma estrela.
(…)
in Joaquim Pessoa, VOU-ME EMBORA DE MIM, (excerto),Hugin Editores, L.da, 2000
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(De António Aleixo)

O pão negro, onde ele é raro,
Faz sempre melhor figura
Do que o pão alvo e mais claro
Na mesa onde há com fartura
in António Aleixo, este livro que vos deixo, notícias editorial, Vol. 1, 15ª edição, Maio 1999.


A NÃO ESQUECER …

21 de Março de 1968 – Salazar em Conselho de Ministros decreta a deportação de Mário Soares para S. Tomé, sem ter havido julgamento ou sequer ' julgamento'.


Respigado de "Foi há 40 anos", 19 de Março de 2008:
... “Vamos mandá-lo para São Tomé, por tempo indeterminado." (...) Sacchetti sentenciou: "nos próximos dias haverá uma pequena agitação de superfície. Mas rapidamente tudo esquece. Como uma pedra que se lança a um poço... Dentro de meses ninguém se lembrará que houve um advogado chamado Mário Soares”. in Fundação Mário Soares, http://www.fmsoares.pt/

sergio micaelo ferreira


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