Há dois personagens fascinantes que rodeiam a vida e a morte de Cristo: S. João Batista e Judas de Iscariotes. Se o 1º foi o promotor da “cristianização” de Jesus através do seu baptismo, o 2º é tido como o causador da sua morte.
Judas foi um dos 12 apóstolos de Cristo, todos o sabemos. Segundo os evangelhos, em especial o de Mateus, Judas traiu Jesus a troco de 30 moedas, entregando-o à assembleia dos 23 juízes da comunidade judaica de Jerusalém. Antecipando-se a Pilatos, o sinédrio judaico lavou as mãos do embaraço que seria julgar aquele que se apresentava como Messias e entregou-o às autoridades romanas.
O resto da história todos a conhecemos, até aqueles de nós que viam a catequese como um pesado frete. Para muitos de nós o verdadeiro clímax estava no que então chamávamos de “santo sacrifício da saída da missa”, aquele momento mágico em que as moças saíam da velha igreja de Bustos sob os olhares da nossa cobiça de rapazolas a tresandar a testosterona. Não havia mandamento capaz de nos libertar do desejado pecado da carne.
A Páscoa era então vivida com mais empenho do que o Natal. Era o tempo das nossas mães darem o seu melhor na limpeza e arrumação da casa, preparando-a para a visita pascal. No meu caso, que vivia e vivo no lugar de Bustos, esse dia era e é ainda a 2ª feira de Páscoa.
Judas foi um dos 12 apóstolos de Cristo, todos o sabemos. Segundo os evangelhos, em especial o de Mateus, Judas traiu Jesus a troco de 30 moedas, entregando-o à assembleia dos 23 juízes da comunidade judaica de Jerusalém. Antecipando-se a Pilatos, o sinédrio judaico lavou as mãos do embaraço que seria julgar aquele que se apresentava como Messias e entregou-o às autoridades romanas.
O resto da história todos a conhecemos, até aqueles de nós que viam a catequese como um pesado frete. Para muitos de nós o verdadeiro clímax estava no que então chamávamos de “santo sacrifício da saída da missa”, aquele momento mágico em que as moças saíam da velha igreja de Bustos sob os olhares da nossa cobiça de rapazolas a tresandar a testosterona. Não havia mandamento capaz de nos libertar do desejado pecado da carne.
A Páscoa era então vivida com mais empenho do que o Natal. Era o tempo das nossas mães darem o seu melhor na limpeza e arrumação da casa, preparando-a para a visita pascal. No meu caso, que vivia e vivo no lugar de Bustos, esse dia era e é ainda a 2ª feira de Páscoa.
Mas terá Judas traído o seu Mestre, logo ele que era um discípulo dilecto do Nazareno?
A descoberta em 1978 do chamado “Evangelho de Judas” veio contrariar a tese da traição.
O documento, composto de 26 páginas de papiro escrito em linguagem cristã primitiva (copta), revela as relações de Judas com Jesus Cristo sob uma outra perspectiva: Judas não teria traído Jesus e sim, cumprido os desígnios deste, denunciando o Mestre a seu pedido.
A tese da traição serviu e serve os interesses da hierarquia cristã, desejosa de encontrar um bode expiatório para o anti-semitismo que cedo começou a assolar a igreja católica. Dava jeito ter alguém a quem diabolizar, numa espécie de prenúncio da caça às bruxas e da perseguição dos judeus que assolaram toda a idade média e se mantiveram até ao séc. XIX através do braço cruel da Inquisição.
Entre nós, a expressão dessa diabolização anti-semita residia no verdadeiro auto de fé que era a queima de Judas no sábado de Páscoa. Quem não se lembra da orgia da queima do feio boneco de palha pendurado numa forca? A queima de Judas, precedida de pauladas, fogo de artifício e do seu “julgamento” público, não passava dum festim bárbaro, só justificado porque vivíamos ainda no reino das trevas.
A liberdade tem isso de bom: faz de nós seres mais humanos e tolerantes e afasta os contornos bárbaros das tradições pagãs e judaico-cristãs.
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A descoberta em 1978 do chamado “Evangelho de Judas” veio contrariar a tese da traição.
O documento, composto de 26 páginas de papiro escrito em linguagem cristã primitiva (copta), revela as relações de Judas com Jesus Cristo sob uma outra perspectiva: Judas não teria traído Jesus e sim, cumprido os desígnios deste, denunciando o Mestre a seu pedido.
A tese da traição serviu e serve os interesses da hierarquia cristã, desejosa de encontrar um bode expiatório para o anti-semitismo que cedo começou a assolar a igreja católica. Dava jeito ter alguém a quem diabolizar, numa espécie de prenúncio da caça às bruxas e da perseguição dos judeus que assolaram toda a idade média e se mantiveram até ao séc. XIX através do braço cruel da Inquisição.
Entre nós, a expressão dessa diabolização anti-semita residia no verdadeiro auto de fé que era a queima de Judas no sábado de Páscoa. Quem não se lembra da orgia da queima do feio boneco de palha pendurado numa forca? A queima de Judas, precedida de pauladas, fogo de artifício e do seu “julgamento” público, não passava dum festim bárbaro, só justificado porque vivíamos ainda no reino das trevas.
A liberdade tem isso de bom: faz de nós seres mais humanos e tolerantes e afasta os contornos bárbaros das tradições pagãs e judaico-cristãs.
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oscardebustos
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