Os dias 8 e 9 de Julho de 1972 foram de festa grande para o povo da Póvoa de Bustos. Porque se realizaram, pela primeira vez, as festas em Honra do Senhor dos Aflitos, sendo inaugurada uma capela no Largo da Póvoa (hoje Largo Nosso Senhor dos Aflitos) mandada construir e custeada pelo povo.
A iniciativa partiu de uma comissão e acabou por envolver toda a população local, ainda que o pároco de então, António Henriques Vidal, não apreciasse o proliferar de pequenas capelas. Da falta de apreço pela iniciativa são bem reveladoras as curtas e irónicas palavras que então escreveu no Jornal da Bairrada: “ Os dias 8 e 9 de Julho são para as alegrias familiares da Póvoa em volta da capela do Senhor dos Aflitos”.
E aqueles foram mesmo dias de “alegrias familiares” porque o povo da Póvoa, mobilizado e unido, concretizava um sonho e, orgulhoso, fazia a festa. O espírito dessa experiência colectiva está bem presente numa das quadras que ladeiam a porta de entrada da pequena capela:
"Trabalho, amor e união
Esta capela é erguida
Símbolo de gratidão
Da gente da Póvoa unida.”
A construção da capela e a organização dos festejos, mais do que um momento de devoção, foi o afirmar do respeito pela memória de gerações passadas, porque se tratou de recuperar uma tradição entretanto perdida. A primeira capela dedicada ao Senhor dos Aflitos foi construída na Quinta Nova (no nº 10 da actual Rua Nosso Senhor dos Aflitos). Esse culto, presente em 1819, acabou por se perder no decorrer das primeiras décadas do século XX. E enquanto a imagem do Santo era recolhida em casa particular, a capela, situada em terrenos de partilhas, acabava abandonada.
Com suporte de ferro para a sineta, a nova ermida da Póvoa veio preencher uma lacuna nos costumes locais. Recuperada a tradição arranjava-se um novo lugar para o Santo, ainda que a comissão tivesse de comprar uma nova imagem de Cristo crucificado para colocar no altar.
Com suporte de ferro para a sineta, a nova ermida da Póvoa veio preencher uma lacuna nos costumes locais. Recuperada a tradição arranjava-se um novo lugar para o Santo, ainda que a comissão tivesse de comprar uma nova imagem de Cristo crucificado para colocar no altar.
“Nas horas de aflição
Tantos ais e tantos gritos
Rezemos uma oração
Ao Senhor dos Aflitos."
A festa ficou com data marcada para todos os segundos domingos de Julho. E assim tem acontecido desde então.
Belino Costa
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