No raiar do novo milénio, num altura em que Portugal beneficiava de significativos apoios da Comunidade Europeia, os políticos tinham ao dispor significativas quantias para investir na modernização do País. No concelho de Oliveira do Bairro tratou-se, por exemplo, de instalar a distribuição de água canalizada ao domicilio, melhorar as vias de acesso, passeios, aperfeiçoar a iluminação pública, etc. Mas havia mais a fazer para além do elementar e enquanto outras freguesias se apetrechavam com parques industriais, piscinas, bibliotecas, museus, auditórios, Bustos, seguindo a visão estratégica de Acilio Gala (Presidente da Câmara) e Manuel Conceição Pereira (Presidente da Junta de Freguesia), ambos do CDS, investia na construção de capelas. Foi por decisão política que, em 2004, surgiu uma nova capela dedicada ao Senhor dos Aflitos, desta vez ocupando o centro do Largo da Póvoa, segundo um projecto da arquitecta Fernanda Moreira, funcionária da Câmara Municipal.
“A Basílica”, como passou a ser alcunhada, foi inaugurada pelas 17 horas do dia dez de Junho de 2004, com a presença de um padre e vários políticos. Entre estes o presidente do Município, Acilio Gala, a vereadora municipal da Cultura, Leontina Novo, o Presidente da Junta de Freguesia de Bustos, Manuel Conceição Pereira, e uma delegação de representantes do Município de Benguela (Angola) que, por mero acaso, se encontrava de visita a Oliveira do Bairro.
Inauguraram então um edifício de linhas direitas onde não há quadras de redondilha maior, nem azulejos. Destaca-se uma placa no lado direito da entrada principal: “Capela Senhor dos Aflitos, inaugurada por Reverendo Padre Manuel Arlindo da Rocha Valente, Junta de Freguesia de Bustos, 2004-07-10.”
Desta vez o “Jornal da Bairrada” deu destaque de primeira página à inauguração (“Uma obra de amor materializada para o futuro”, segundo as palavras do Presidente da Junta), que acabou em repasto público: ”Uma vez terminada a cerimónia, cá fora, aguardava uma mesa recheada de comida e bebida para a qual foi convidada toda a população. ” (JB, edição de 14-07-2004).
fotos publicadas no jornal da Bairrada
Claro está que, mesmo aproveitando o repasto, a população não aceitou que a primeira capela fosse fechada ou demolida, nem que a imagem do Santo saísse do lugar onde fora colocada no ano de 1972. Ninguém admitiu ter poder bastante para desfazer o que estava feito. Dali o Santo não saía, e a pequena capela continuaria a abrir a sua porta, a ser cuidada com o desvelo de sempre. E com flores frescas!
Em face de tais circunstâncias a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia viram-se na necessidade de encontrar uma nova imagem de Cristo. Valeu a boa vontade de António Simões Romão da Conceição que ofereceu a nova cruz, uma curiosa imagem de Jesus com olhos de vidro. (JB, idem)
Foi por via da política que o Largo Sr. dos Aflitos se transformou no Largo das Duas Capelas. Uma por devoção e orgulho, outra por amor aos votos, ou talvez, quem sabe?!, no cumprimento da mais íntima promessa eleitoral…
Belino Costa
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