10 de março de 2008

SENHOR DOS AFLITOS : A MULTIPLICAÇÃO DOS CRISTOS E DAS CAPELAS


Quando, em Setembro de 1810, o exército francês comandado pelo general Massena se confrontou com o exército anglo-luso comandado por Wellington, na serra do Buçaco, o povo de Bustos sentiu o cheiro da guerra e o desespero dos desprotegidos. O país confrontava-se com a terceira invasão francesa e o sofrimento parecia não ter fim. Nas ruas de Lisboa os pedintes cantavam versos resignados.


“É chegado a Portugal
O tempo de padecer,
Se te oprime a cruel França
Sorte melhor hás de ter”


Muitos refugiavam-se na crença sebastianista, outros erguiam as mãos para Cristo. Mas todos viram as suas preces recompensadas quando, em Abril de 1811, o exército francês foi obrigado a retirar de Portugal. Partiam os franceses, ficavam os ingleses, enquanto o rei permanecia lá bem longe, nas quentes terras brasileiras. E por cá tanto frio…


É nesta conturbada década que, por iniciativa particular, surge na Quinta Nova, então um pequeno lugar da Paróquia da Mamarrosa, uma capela erguida em honra do Nosso Senhor dos Aflitos. No altar não faltava a imagem de Cristo Crucificado.
Andou “perdida” tal imagem até que, recentemente, a actual proprietária a enviou para restauro, descobrindo-se que a peça exibia a data de 1819. Ao mesmo tempo, e não foi por acaso, um grupo de moradores da Quinta Nova organizava-se para erguer uma nova capela dedicada ao Senhor dos Aflitos, mesmo em frente ao local da antiga capelinha.
As obras vão adiantadas, a imagem do Santo está recuperada e a Vila de Bustos terá em breve mais uma capela dedicada ao Senhor dos Aflitos, comprovando o velho ditado de que “não há fome que não dê em fartura”.
É a história deste quase milagre da multiplicação dos Cristos e das capelas que o NB irá contar ao longo dos próximos dias.
Belino Costa

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