fotos sérgio m. ferreira
Baixas das Forças Armadas em Angola.
CORTAR TUDO. Não há baixa nenhumas.
(30.12.71 Tenente Teixeira)
Extraído de Jorge Ribeiro, Marcas da Guerra Colonial, (Uma guerra difícil de apagar) , Campo das Letras, Porto, 1999
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O horror da guerra
por Luís Reis Torgal (*)
1968-1969. Era então um jovem alferes miliciano, oficial de transmissões do Comando de Agrupamento 2952, inicialmente estacionado em Mansoa, Guiné.
Poucos dias depois de chegar, em Janeiro, as tropas do PAIGC, a que então chamávamos «terroristas», atacaram o destacamento de Jugudul, na outra margem do rio. O «inimigo» deixou ali um morto, a quem os nossos soldados cortaram os testículos e penduraram no arame farpado. O troféu de guerra foi profusamente fotografado. Perante este espectáculo, pouco edificante, o padre Mário Oliveira, capelão do batalhão (mais tarde o famoso «padre da Lixa», preso pela PIDE/DGS), na missa das 6 horas da tarde, fez uma prática contra este acto selvático, que foi mal interpretada por alguns oficiais do quadro, entendendo que a sua acção estava a desmoralizar as «nossas tropas».
Talvez não seja um exemplo de crime de guerra, mas sim de desrespeito pela morte de um adversário, que decerto lutava por um ideal.(1) (…)
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(1) excerto recolhido em Jorge Ribeiro, Marcas da Guerra Colonial, Campo das Letras, Porto, 1999
(*) Historiador professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
[Nota: Reis Torgal irá evocar Arlindo Vicente, 'Um Lutador pela Democracia', na sessão em 25 de Abril, 16H00, Câmara Municipal de Oliveira do Bairro.]
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