29 de abril de 2006

interlúdio

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ÁFRICA, MAIO/74 - LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS

O cartaz de Sérgio Guimarães, “Portugal 25abril 1974” continuará a ser um dos ícones da Paz , Liberdade e Democracia almejadas pela Revolução dos Cravos.
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A libertação dos presos políticos do ‘estado novo’ foi feita a conta-gotas.

“Assim, no dia 1º de Maio, em Moçambique foram libertados 554 pessoas.” (1)

Do Tarrafal saíram 68 presos políticos de Cabo Verde, Angola e Guiné.

Em Angola, o dia 2 de Maio marca o início da libertação de cidadãos "presos por motivos políticos e cujo número ultrapassa o milhar"(1).

(1) Informação recolhida em “25 de Abril”, documento coordenado pelos jornalistas: Afonso Praça, Albertino Antunes, António Amorim, Cesário Borga e Fernando Cascais, Casaviva Editora, Limitada.
sérgio micaelo ferreira

28 de abril de 2006

28.04.1974 - "ABSOLUTA NEUTRALIDADE" DA JUNTA DE FREGUESIA DE BUSTOS

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"Considerando o movimento de vinte e cinco do corrente mês realizado pelas Forças Armadas no derrube do governo do senhor Professor Dr. Marcelo caetano, deliberou esta Junta tomar uma atitude de absoluta neutralidade de modo a não comprometer, de qualquer modo aquele movimento. Entendeu esta Junta que a melhor colaboração que poderá dar ao Movimento das Forças Armadas é continuar a executar, ordeira e pacificamente, todos os empreendimentos a que se propôs e atender qualquer petição de carácter puramente democrático que lhe possa vir a ser apresentada."

(acta da Junta de Freguesia de Bustos, 28.04.1974)

27 de abril de 2006

27ABRIL1974 - LIBERTAÇÃO DE PRESOS POLÍTICOS

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26ABRIL 1974 – 23H30
‘O Tenente Nunes chegou ao forte de Caxias trazendo a ordem trazendo a ordem de libertação para todos os presos [políticos] ali detidos.

27ABRIL1974 – 00H30
Os prisioneiros começam a sair do Forte de Caxias.
Eis a lista, por ordem alfabética.
1 Abel Henriques Ferreira
2 Acácio Frajono Justo
3 Albano Pedro Gonçalves Lima
4 Álvaro Monteiro Rodrigues Pato
5 Amado de Jesus Ventura Silva
6 António Luís Cotri
7 António Manso Pinheiro
8 António Manuel Gomes Rocha
9 António Pinheiro Montero
10 António Vieira Pinto
11 Armando Mendes
12 Carlos Alberto da Silva Coutinho
13 Carlos Biló Pereira
14 Carlos Manuel Oliveira Santos
15 Carlos Manuel Simões Manso
16 Ernesto Carlos Conceição Pereira
17 Eugénio Manuel Ruivo
18 Ezequiel Castro e Silva
19 Fernando Piedade Carvalho
20 Fernando Domingues Roque
21 Fernando José Penim Redondo
22 Fernando Nunes Pereira
23 Fernando Pinheiro Correia
24 Figueiredo Filipe
25 Henrique Manuel P. Sanchez
26 Hermínio Palma Inácio
27 Horácio Crespo Pedrosa Faustino
28 Ivo Bravo Brainovic
29 João Boitout de Resende
30 João Duarte Pereira
31 João Filipe Brás Frade
32 João Pedro de Lemos Santos Silva
33 Joaquim Brandão Osório de Castro
34 Joaquim Gorjão Duarte
35 José Adelino da Conceição Duarte
36 José Alberto Costa Carvalho
37 José Casimiro Martins Ribeiro
38 José Ferreira Fernandes
39 José Luís Saldanha Sanches
40 José Manuel Martins Estima
41 José Manuel Tengarrinha
42 José Oliveira da Silva
43 José Rebelo dos Reis Lamego
44 Liliana de São José Teles Palhinhas
45 Luís Filipe Rodrigues C. Guerra
46 Luís Manuel Vítor dos S. Moita
47 Manuel Gomes Serrano
48 Manuel José Coelho S. Abraços
49 Manuel Martins Felizardo
50 Manuel Miguel Judas
51 Manuel Policarpo Guerreiro
52 Manuel Santos Guerreiro
53 Marcos Rolo Antunes
54 Margarida Alpoim Aranha
55 Maria Fátima Pereira Bastos
56 Maria Elvira Barreira Ferreira Maril
57 Maria Fernanda Dâmaso de Almeida Marques Figueiredo
58 Maria Helena Neves
59 Maria Helena Vasconcelos Nunes Vidal
60 Maria Manuela Soares Gil
61 Maria Rodrigues Morgado
62 Maria Rosa Pereira Marques Penim Redondo
63 Maria Ventura Henriques
64 Maria Vítor Moita
65 Mário Abrantes da Silva
66 Mateus Branco
67 Miguel António Jasmins Pereira Rodrigues
68 Norberto Vilaverde Isaac
69 Nuno Teotónio Pereira
70 Orlando Bernardino Gonçalves
71 Pedro Mendes Fernandes Rodrigues Filipe
72 Rafael dos Santos Galego
73 Ramiro Antunes Raimundo
74 Ramiro Gregório Amendoeira
s/n Ramiro Morgado [consultar nota a) o fim]
75 Vítor Manuel Caetano Dias
76 Vítor Manuel Jesus Rodrigues
77 Vítor Serra Lopes

Internados na Prisão - Hospital de Caxias
78 António Dias Lourenço
79 José Alves Tavares Magro (preso há vinte anos)
80 Miguel Camilo
81 Rogério Dias de Carvalho

MADRUGADA, 27ABRIL1974

Saíam do FORTE DE PENICHE:
82 Ângelo Veloso
83 António Cândido Coutinho
84 António Gervásio
85 António Gonçalves Tomás
86 António Metelo Perez
87 Carlos Cardoso Gonçalves
88 Carlos Domingos Soares da Costa
89 Carlos Saraiva da Costa
90 Dinis Miranda91 Filipe Viegas Aleixo (A)
92 Francisco Manuel Cardoso Braga Viegas
93 Francisco Martins Rodrigues (A)
94 Garcia Neto
95 Horácio Rufino
96 João Duarte de Carvalho
97 João Eurico Bernardo Fernandes
98 João Pulido Valente
99 Joaquim Duarte «Alfaiate»
100 José Brasido Palma
101 José Manuel Caneira Iglésias
102 José Pedro Correia Soares
103 José Simões de Sousa
104 Licínio Pereira da Silva
105 Luís Filipe Fraga da Silva
106 Luís Miguel Vilã
107 Manuel Drago
108 Manuel Pedro
109 Nelson Rosário dos Anjos
110 Pedro Campos Alves
111 Pedro Mendes da Ponte
112 Raul Domingos Caixinhas
113 Rui Benigno Paulo da Cruz
114 Rui d'Espinay (A)
115 Rui Teves Henriques
116 Sebastião Lima Rego

(A) ' … só ficaram definitivamente em liberdade ao começo da noite do dia 27 (até àquele momento estiveram com residência fixa em casa dos seus advogados).

Nota 1 : Com a devida vénia, os dados são recolhidos de “25 de Abril”; Coordenação dos jornalistas: Afonso Praça, Albertino Antunes, António Amorim, Cesário Borga, Fernando Cascais; Casaviva Editora, Limitada, Lisboa.
Nota 2: Este documento acabou de ser elaborado no dia 5 de Maio de 1974. Está escrito no fecho.
Nota a)
sérgio micaelo ferreira

26 de abril de 2006

UNIÃO DESPORTIVA DE BUSTOS [SEMANADA]


(srg) Posted by Picasa

ESPERO A MINHA LIBERDADE (Arlindo Vicente)

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«'Conclusões' da Carta ao Juiz Corregedor». Autos de Segurança, processo nº 16.068/62, do 1º Juízo Criminal de Lisboa, fls. 182 e 183
1.°) - Nasci filho legítimo de uma família da média burguesia e fui educado, com meus irmãos na honra, na generosidade, no respeito pelos direitos e dignidade do próximo e na ajuda e socorro dos mais humildes.

2.°) - Meus Pais eram católicos e liberais – no perfeito sentido da palavra - e assim nos educaram.

3.°) - Meus Pais eram democráticos e nunca compraram para um filho um objecto que o não comprassem, também para os outros.

4.°) - Fui educado no respeito da verdade e da minha própria pessoa e dignidade.

5.°) - Procurei sempre ser justo e generoso.

6.°) - Casei-me por amor na igreja de Sangalhos e assim nas tradições de meus Pais e de minha Mulher, eduquei os meus três filhos também.

7.°) - Meus filhos têm cursos superiores, assim como minha Mulher.

8.°) - Dei a meus filhos o meu exemplo cívico e educação religiosa e não me poupei a sacrifícios, apesar das minhas dificuldades pois eles cursaram colégios qualificados e até minha Filha foi aluna do colégio de freiras da Av. Manuel da Maia.

9.°) - Tenho três netos, orientados como eu e os meus filhos o foram exactamente, para que possam ser livres e conscientes.

10.°) - Obtive pelo meu trabalho alguns bens que juntei aos que herdei de meus Pais e de meus Sogros, para suprir a eventual miséria da falta de saúde. Porém

11.°) - Porque fui candidato à Presidência da República, sou vítima de um insidioso, falso e malévolo processo, onde somente ressalta o desejo da minha aniquilação.

12.°) - Tal processo não é o meu retrato, mas o retrato da Pide.

13.°) - Esta pretende aniquilar-me, só porque participei numas eleições e assim quer aniquilar qualquer oposição.

14.°) - Com o seu processo contra o signatário mostram o seu inteiro desrespeito pela Lei e pela Justiça.

15.°) - Tais factos e a circunstância de termos chegado no nosso País ao extremo limite de ver destruídos todos os direitos cívicos fundamentais e até na profissão do signatário serem, como a Polícia pretende, coarctados os direitos de livre exercício, impuseram a actuação do homem e do advogado nessas eleições.

16.°) - As alegações que pretendem a minha prisão mostram claramente o arbítrio de que são passivos todos aqueles que não aceitam o partido único, como solução nacional imposta.

Por tudo, eu,

17.°) - Como um desses homens, mas criado e educado na fé da Lei e da Justiça, da pureza e da independência delas, até ao fim dos séculos,

Espero a minha liberdade

Cadeia de Caxias, Reduto Morte, um de Fevereiro de 1962 (dois).

O presidiário as. Arlindo Augusto Pires Vicente.
...
[in Guia da Exposição - na Casa Municipal - organizada pela Comissão Promotora do Centenário do nascimento de Arlindo Vicente]

25 de abril de 2006

DIA DE PARABÉNS!


As palavras fazem-nos existir desde que nascemos (Arsénio Mota)
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“Quando um autor se vê figurar numa antologia ou num manual, deve sentir-se suficientemente pago com isso e não estranhar por os editores não lhe terem pedido permissão nem oferecido um exemplar da obra. Não admira, assim, que os livros sejam sempre tidos como «escandalosamente» caros». Talvez deixassem de sê-lo se pudessem ser dados com um sorriso. Todavia, como temos a funcionar a rede de leitura pública quase a pleno rendimento, iremos descobrir possivelmente que certas pessoas não querem só os livros dados, quererão que lhes paguemos para os lerem.”

Arsénio Mota, Letras sob Protesto, Campo das Letras, Porto, 2003

HOMENAGEM AO '25 DE ABRIL/74'

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Estamos aqui reunidos por causa de uma palavra que os tiranos sempre se esforçaram por apagar na memória dos escravos, e que os escravizados nunca deixaram apagar no pensamento e no coração, Essa palavra é liberdade

Miguel Torga, (excerto do ‘Texto para ser lido numa reunião política que foi proibida, em 1951’), Ensaios e Discursos, Publicações D. Quixote, 2001.

HOMENAGEM AO MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS (25ABRIL/74)

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ESTADO NOVO - CONTRÁRIOS

6 Outubro 1965:
E o nosso Portugal isola-se cada vez mais do resto do mundo, ficando sozinho.

Do Diário de D. Sebastião Soares de Resende, citado por Pedro Ramos Brandão, “A Igreja católica e o Estado Novo em Moçambique”, Editorial Notícias, 2004.

Paz não significa pacifismo.
Portugal não pode renunciar à sua vocação histórica e por isso deve
fazer a guerra em África
(*)

Cardeal Gonçalves Cerejeira, a 13 de Maio de 1973, em resposta ao apelo à Paz feito pelo Papa Paula VI.

(*) Jorge Ribeiro, Marcas da Guerra Colonial, Campo das Letras, Porto, 1999

24 de abril de 2006

ESTADO NOVO - MEMÓRIA & ESQUECIMENTO


fotos sérgio m. ferreira
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Baixas das Forças Armadas em Angola.
CORTAR TUDO. Não há baixa nenhumas
.
(30.12.71 Tenente Teixeira)

Extraído de Jorge Ribeiro, Marcas da Guerra Colonial, (Uma guerra difícil de apagar) , Campo das Letras, Porto, 1999

*
O horror da guerra
por Luís Reis Torgal (*)
1968-1969. Era então um jovem alferes miliciano, oficial de transmissões do Comando de Agrupamento 2952, inicialmente estacionado em Mansoa, Guiné.
Poucos dias depois de chegar, em Janeiro, as tropas do PAIGC, a que então chamávamos «terroristas», atacaram o destacamento de Jugudul, na outra margem do rio. O «inimigo» deixou ali um morto, a quem os nossos soldados cortaram os testículos e penduraram no arame farpado. O troféu de guerra foi profusamente fotografado. Perante este espectáculo, pouco edificante, o padre Mário Oliveira, capelão do batalhão (mais tarde o famoso «padre da Lixa», preso pela PIDE/DGS), na missa das 6 horas da tarde, fez uma prática contra este acto selvático, que foi mal interpretada por alguns oficiais do quadro, entendendo que a sua acção estava a desmoralizar as «nossas tropas».
Talvez não seja um exemplo de crime de guerra, mas sim de desrespeito pela morte de um adversário, que decerto lutava por um ideal.(1) (…)
##

(1) excerto recolhido em Jorge Ribeiro, Marcas da Guerra Colonial, Campo das Letras, Porto, 1999

(*) Historiador professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.


[Nota: Reis Torgal irá evocar Arlindo Vicente, 'Um Lutador pela Democracia', na sessão em 25 de Abril, 16H00, Câmara Municipal de Oliveira do Bairro.]

NO ESTADO NOVO - CENSURA

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Ao acaso

Do Diário de D. Sebastião Soares de Resende (2)

6 Fevereiro 1963: Por causa da Censura passei a tarde aborrecido e não dormi nada de noite. Esta Comissão de Censura é o que há de mais cretino, de mais abusivo e de mais estúpido. Houve um desastre de aviação em que morreram seis homens, e não deixam dar a notícia.

23 Maio 1965: O governador-geral, Costa e Almeida, suspendeu por dez dias o Diário de Moçambique!!! A notícia chocou-me profundamente, porque tratava-se de acto de violência, manobrada pelo ódio!

Do capítulo UMA GUERRA DIFÍCIL DE APAGAR (3)

Recorda-se: sobre o Ultramar NADA.
(30.10.69 Coronel Simas)

Na posse do 2º comandante da PSP de Lisboa disse-se que ele já fez três comissões de serviço no Ultramar, a primeira na eclosão da guerra. Ora, como se sabe, não há qualquer guerra. É PROIBÍDO dizer isso.
Deve ter sido confusão do repórter.
(12.01.70 Coronel Saraiva)

Baixas das Forças Armadas em Angola.
CORTAR TUDO. Não há baixa nenhumas.
(30.12.71 Tenente Teixeira)

Massacre em Moçambique.
TOTALMENTE PROIBIDO.
(3.9.73 Coronel Roma Torres)
...
(2), in Pedro Ramos Brandão, A Igreja católica e o Estado Novo em Moçambique, Editorial Notícias, 2004.

(3) Jorge Ribeiro, Marcas da Guerra Colonial, Campo das Letras, Porto, 1999

23 de abril de 2006

NO TEMPO DO "24 DE ABRIL"


O dia das eleições[1]

O pai do Rui almoçou cedo nesse dia, porque desejava ser dos primeiros a cumprir o dever de votar nas eleições para a junta de freguesia da sua terra.

– Não! – dizia ele para a mulher – não posso nem quero ficar indiferente perante um acto de que depende o progresso da nossa povoação. Os benefícios de que necessitamos, tais como a protecção à escola, o arranjo das estradas e caminhos, a abertura de fontes e a construção de lavadouros, só podem conseguir-se com uma junta de freguesia formada por pessoas aqui nascidas e criadas, que tenham amor a tudo que é nosso e sejam capazes de se sacrificar pelos interesses de todos nós.

Também nas eleições para a Assembleia Nacional, e até para as do Presidente da República, se manifestava sempre nele a vontade forte de intervir com o seu voto no bom andamento da administração pública.

A sua consciência, muito sã, levava-o a aceitar com a maior boa vontade todos os incómodos e sacrifícios, para que o País pudesse ser bem administrado.
...
[1] Livro de leitura da 3ª classe, Ministério da Educação Nacional, Ensino Primário Elementar, 4ª edição, 1958, Livraria Cruz - Editora, Braga (pg.150)
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22 de abril de 2006

25 de ABRIL/2006 - PROGRAMA

adaptado do cartaz oficial.
No mesmo local, a evocação a Arlindo Vicente partirá às 16HOO. (Consultar programa) Posted by Picasa

21 de abril de 2006

SIMPLÍCIO NEVES, DEPUTADO

Onda anárquica fustigou recentemente o parlamento. Cartões picados por “fantasmas”. Sistema electrónico que não pica; falsa partida em votação. Há de tudo um pouco para desacreditar o cerne da democracia. A ‘Viagem à Roda da Parvónia’[1] estará aquém da realidade?

[com a devida vénia, reproduz-se um excerto]:
(…)
"PRESIDENTE
(Ao deputado que recita.) Tenho a observar ao senhor deputado Simplício das Neves que não é permitido recitar o «Noivado do Sepulcro» no seio da representação nacional.

SIMPLÍCIO
(Cheio de indignação.) Então, uns versos que vieram publicados na «Trombeta de Faro» e no «Clamor da Beira Baixa»!...

PRESIDENTE
(Familiarmente a outro deputado.) Isto, a capital, é uma Babilónia. A D. Gertrudes, mulher do recebedor, encomenda-me um livro de missa e umas galochas de borracha da última moda, de maneira que há três dias que ando a correr a cidade por causa desta encomenda! Assim que recebi a carta fui logo à Torre do Tombo para comprar o livro da missa; lá disseram que fosse à biblioteca nacional; vou à biblioteca, começam todos a rir-se; parto dali como um raio; corro todos os ministérios, e não encontrando tal livro, resolvi com os meus botões, em vez do livro de missa, mandar-lhe O Crime do Padre Amaro. Sim, porque isto, um livro escrito por um padre, por força que deve ser um livro religioso. Enquanto às galochas …

PRESIDENTE
(Interrompendo e tocando um grande chocalho que tira debaixo da mesa.) vai abrir-se a sessão. Sr. Simplício tenha termos!...

SIMPLÍCIO
(Pondo o chapéu e arremetendo.) Senhor presidente!...
VOZES
Péu… péu… péu!…

PRESIDENTE
(Aos contínuos.) tirem o chapéu da cabeça do Sr. Simplício e obriguem-no a tomar assento… (Contínuos executam.)

SIMPLÍCIO
(Indignado.) Protesto, senhor presidente! Protesto! E se me sento não é para obedecer à intimação da banca! Senhor presidente, eu sou um burro de força e as violências não me atemorizam. Se me sento … (convicto) é para não ficar de pé. (Senta-se.)

PRESIDENTE
Está aberta a Praça da Figueira … perdão! Está a sessão aberta, é que eu queria dizer…

(Aparece gente de todos os feitios nas galerias)"


[1] Guerra Junqueiro e Guilherme Azevedo, “Viagem à Roda da Parvónia”(excerto), Lello & Irmãos, Porto. Posted by Picasa

ARLINDO VICENTE TEM 25 DE ABRIL

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ARLINDO VICENTE
'UM LUTADOR PELA DEMOCRACIA'

25 ABRIL 2006
PAÇOS DO CONCELHO - OLIVEIRA DO BAIRRO

PROGRAMA

16H00 - Sessão evocativa de Arlindo Vicente, no Salão Nobre da Câmara Municipal, com os seguintes oradores:

Dr. Miguel Santos - Autor de uma vasta monografia sobre Arlindo Vicente, ainda a editar no decurso deste ano;

Prof. Dr. Luís Reis Torgal - Professor Catedrático de História da Universidade de Coimbra.

17H00 - Abertura da Exposição. 'Arlindo Vicente: Um lutador pela Democracia';
Apontamento musical pelo Grupo de Metais da União Filarmónica do Troviscal.

Comissão Promotora do Centenário

Com o apoio da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro

"BIBLIOTECA",...QUO VADIS?

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20 de abril de 2006

18 de abril de 2006

ELEITOS LOCAIS E ACTIVIDADES PRIVADAS

O texto do Altino do passado dia 16 a propósito duma queixa apresentada pelo líder concelhio do CDS merece as seguintes achegas:
Os eleitos locais têm um estatuto próprio, regulado pela Lei nº 29/87, de 30 de Junho. Esta lei não passa duma inconcebível manta de retalhos, tantas foram as alterações que foi sofrendo ao longo dos anos (Leis n.ºs: 97/89, de 15/12; 1/91, de 10/1; 11/91, de 17/5; 11/96, de18/4; 127/97, de 11/12; 50/99, de 24/6; 86/2001, de 10/8; 22/2004, de 17/6 e 52-A/2005, de 10/10).
Por estranho que pareça, não há uma única autarquia que disponibilize a lei devidamente actualizada (pelo menos na Internet). Nem o próprio site da Direcção Geral das Autarquias Locais (
www.dgaa.pt) tem o Estatuto actualizado, obrigando o cidadão a uma difícil busca por cada uma das leis acima indicadas. Uma vergonha, que mais parece congeminada para baralhar o cidadão comum…
Entretanto e no que importa para o caso:
1º - As funções desempenhadas pelos eleitos locais em regime de permanência não são incompatíveis com o exercício de actividades no sector privado;
2º - Quem exercer funções remuneradas de natureza privada, apenas recebe 50% do vencimento correspondente ao cargo, mas não perde as regalias sociais a que tenha direito;
3º - Os presidentes de câmara e vereadores em regime de permanência que não optem pelo exercício exclusivo das suas funções são obrigados a assegurar a resolução dos assuntos da sua competência no decurso do período de expediente público.

As três situações aplicam-se que nem uma luva ao Pres. da Câmara e aos vereadores António Mota e Dra. Laura Pires, os quais exercem os seus cargos em regime de permanência, mas não em exclusividade, razão porque apenas recebem 50% dos vencimentos a que teriam direito.
A lei não parece obrigá-los a permanecer na Câmara durante o chamado horário do expediente, já que apenas fala em “assegurar a resolução…”, o que dá muito pano para mangas.
Como provar que um vereador, ao faltar a um acto público ou durante uma manhã “por motivos profissionais” deixou de assegurar a resolução dos assuntos do seu pelouro?
Daí a pergunta: estará algum dos eleitos em causa a deixar de assegurar a resolução dos assuntos que lhes estão atribuídos no decurso do período do expediente público?
Cheira-me que a lei será interpretada a favor deles…

Pessoalmente, defendo uma interpretação mais rigorosa da lei, segundo a qual os ditos eleitos deveriam ser obrigados a trabalhar para o município durante o horário do expediente (por isso optaram pelo regime de permanência e não pelo regime a meio tempo), dedicando as suas horas livres ao exercício remunerado das suas funções privadas (para o que tiveram de prescindir de 50% dos seus vencimentos camarários).
Ademais, tratou-se duma opção deles, pois bem poderiam ter seguido o regime de meio tempo (os vereadores, não o presidente), o que os libertaria do tal período do expediente público e lhes permitiria receber os mesmos 50% do vencimento que agora estão em receber no regime de permanência sem exclusividade.
*
oscardebustos

OBRAS DA JUNTA DE FREGUESIA

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TEMPO DE ANIVERSÁRIO +

(in Belino Costa) Posted by Picasa

TEMPO DE ANIVERSÁRIO

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16 de abril de 2006

CDS/PP (Oliveira do Bairro) VIGILANTE, LOGO QUEIXOSO


(Com a devida vénia)
Em
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=198213&idselect=90&idCanal=90&p=94 está para consulta:
"Política 2006-04-13 - 00:00:00
Queixas seguiram para o TC e para o IGAT
CDS-PP acusa vereadora do PSD


O líder do CDS-PP de Oliveira do Bairro, João Carlos Silvano, apresentou queixa ao Tribunal Constitucional e à Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) pelo facto de uma vereadora do PSD, a tempo inteiro, continuar a exercer advocacia durante o período de expediente público.


Nas participações feitas, João Silvano acusa Laura Pires de “ao optar antes pelo exercício das suas actividades privadas, dentro do período de expediente público, não assegurar a resolução dos assuntos da sua competência durante o exercício das suas funções autárquicas”. Para justificar a acusação elenca alguns processos em tribunal em que a vereadora esteve presente, como advogada, a saber, nos dias 27 de Janeiro e 18 de Fevereiro, em período de expediente público. Por outro lado, na exposição feita, Carlos Silvano aborda a reunião de Câmara do dia 23 de Fevereiro, “dia em que solicitou a justificação da sua falta por motivos profissionais”, mas “a leitura da cópia da acta dessa reunião permite concluir que a vereadora, mesmo ausente da reunião, acabou por assinar a última folha da acta e rubricar todas as demais como se tivesse estado presente”. O presidente da concelhia do CDS diz que quem esteve naquela reunião foi o vereador substituto, Cristóvão Batista, que não assinou qualquer acta.
Laura Pires é igualmente acusada por chegar atrasada à reunião do Executivo dia 9 de Março, “por motivos profissionais, não tendo tomado parte na discussão e votação da totalidade dos assuntos constantes da Ordem do Dia”.
Estas são só algumas das “violações” citadas pelo presidente da concelhia do partido que detinha a maioria na autarquia e que a perdeu para o PSD nas últimas autárquicas.
Refira-se que, dos quatro elementos do PSD no Executivo de Oliveira do Bairro, o presidente e dois dos vereadores exercem actividades privadas remuneradas, “actividades estas cujo modo de exercício, natureza e identificação, não foi comunicada à Assembleia Municipal de Oliveira do Bairro”.
João Paulo Teles, Aveiro"

Comentário NB:
Amêndoas amargas caíram no açafate dos folares da direita concelhia. Os irmãos democratas- cristãos da “coligação” de Cavaco Silva, o Senhor Presidente, mandaram às malvas as tréguas "a cumprir no período penitencial" e vai daí apostaram em melhorar os valores da estatística de duas instituições guardiãs da actividade democrática do país.
Pela circunspecção que envolve o trabalho desenvolvido tanto pelo Tribunal Constitucional como pela Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) presumo que não deverá haver telenovela, tão do agrado das audiências nacionais e têvê.
sérgio micaelo ferreira

7 de abril de 2006

DOMINGO DE RAMOS COM MÚSICA



No próximo domingo, dia 9, a festa é na Mamarrosa onde se realiza o 5º Encontro de Bandas Filarmónicas. Os concertos iniciam-se pelas 14h30, participando a Sociedade Filarmónica Fasense - Banda de Revelhe, a Banda dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras e a Banda Filarmónica da Mamarrosa.

6 de abril de 2006

BOMBEIROS COM NOVO COMANDANTE

António Gomes, adjunto de Comando, é o novo comandante dos Bombeiros Voluntário de Oliveira do Bairro, substituindo no cargo Mário Bastos, que abandonou, no último domingo, o comando da corporação, noticia o JN.«Segundo Rui Barqueiro, Mário Bastos cessou funções, no passado domingo, dia 2, tendo sido imediatamente substituído pelo adjunto do Comando que já disse, ao JN, estar preparado para assumir os destinos dos bombeiros, justificando que "está na corporação há 30 anos e "motivado para desempenhar as funções".O presidente da Direcção recorda que Mário Bastos foi co-fundador da associação e comandante desde Abril de 1974 até ao passado dia 2, reconhecendo que "prestou serviços relevantes à associação, ao corpo de Bombeiros e à Humanidade, de forma dedicada, altruísta, cujo mérito foi reconhecido pela Liga dos Bombeiros de Portugal e pela Câmara Municipal de Oliveira do Bairro. António Bastos fez saber, em ofício, que "prestou 32 anos de serviço pautados pela missão, rigor, engrandecimento do concelho e união entre os bombeiros do distrito de Aveiro", não dando a conhecer as razões que motivaram a sua saída.» (JN)

CAFÉ RECREIO (6 DE ABRIL DE 1947) PRECEDE ‘POMPEU DOS FRANGOS’

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Em 47 era dia de Páscoa. Casa cheia. Todos queriam entrar. A bica de café de saco tirava o lugar ao vinho a copo.
Vitorino Reis Pedreiras[1] regista no seu diário:

“Inaugurou-se hoje, em Bustos, o Café Recreio, de quem é proprietário[2] o Manoel Simões Aires. Esta nova casa comercial veio preencher uma lacuna no nosso meio, que se vai a pouco e pouco modernizando, o que nos alegra constatar.
Várias pessoas fizeram uso da palavra enaltecendo tal iniciativa e, como me encontrava nessa altura no café, fui convidado a fazer uso da palavra, no que acedi.
Em momentos felizes de espírito, prestei a minha homenagem ao Aires pelo seu arrojado empreendimento, fazendo um pouco de história do nosso labor e técnica no cultivo da terra, de onde tínhamos tirado a nossa economia. Disse que, sendo Bustos uma terra rica com fortes poderes de aquisição, porque não haveria de prosperar o comércio e a indústria? Finalizando, fiz um apelo para que todos cumprissem o seu dever com esta casa, que agora se inaugura. O café que se apresenta com bons móveis, está muito decente e repleto de fregueses, o que deve alegrar o seu dono, e todos gostam ver triunfar uma causa.”

É nos anexos deste Café Recreio que Heitor Carvalho, companheiro assíduo das merendas, engendra a confecção do frango de piripiri.
Constou-se que o primeiro galináceo grelhado no fogareiro foi “subtraído” a alguém do grupo das merendas. Por certo que nem a Ti Júlia, mãe do Pompeu, nem o Heitor estariam dispostos a sacrificar um frango. O certo é que dentro do grupo havia especialistas em pregar partidas, ao acaso: Aires (Gordo), Lino Rei, Manuel Simões dos Santos (Barroca) e Assis Rei.

Da peça produzida por Milton Costa em Bustos e o Molho de Piri-Piri[3], respiga-se:

“O primeiro utilizador do molho foi o Sr. Heitor de Carvalho, que gostava muito de “molhacas” e tinha estado em Moçambique, de onde trouxe consigo piri-piris ou a ideia de um molho com piri-piri. Certo dia este cidadão de Bustos assou uns frangos com o molho de piri-piri, num fogareiro, e todos os seus companheiros gostaram. No Café Recreio do Pompeu Aires (Pompeu dos Frangos) experimentaram mais e depois começaram a abrir o frango para assar em assador com grelha giratória. E a delícia do frango de churrasco estava inventada e pronta para ser aquilo que é hoje.”
O sucesso do molho resulta de inúmeras experimentações «castigadas» no almofariz da botica levadas a bom termo pelo Dr. Assis Rei.
Do aproveitamento das miudezas dos frangos, a Nina (viúva do Pompeu) experimenta a confecção do arroz de miúdos que teve imediata aceitação popular … Quantas «monhacas[4]» foram adornadas com este petisco?
Em fins de 1963, o Pompeu transfere-se para a Malaposta onde instala o “Pompeu dos Frangos”, uma estrutura moderna na antiga casa da muda do serviço da posta. Atento à história do edifício, recupera em painéis de azulejo os episódios mais significativos relacionados com as viagens das antigas diligências. São painéis da memória e simultaneamente de informação atraente e expedita.

O nome do Pompeu (dos Frangos) espalhou-se por todo o país.
O Pompeu foi um mestre nas relações públicas e teve o condão de contribuir para a criação de tertúlias que funcionavam regularmente. O restaurante ainda hoje é frequentado pelos descendentes dos primeiros clientes.

O Café Recreio está associado aos primeiros «herdeiros».ao surgimento dos excelentes serviços da restauração em Bustos – o Piri-Piri e o Ti Maria.
Assíduo participante nos “18 de Fevereiro”, o Pompeu[5] esteve sempre pronto a apoiar as iniciativas de engrandecimento de Bustos, para além de ser solidário para com os desfavorecidos.
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O Pompeu Aires e Heitor Carvalho foram retirados da lista dos esquecidos do imaginário de Bustos.
Falta cumprir a dívida da homenagem pública.
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sérgio micaelo ferreira

[1] Memórias de Outros Tempos, 1995
[2] do edifício
[3] http://bustos.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_02.html, Milton Costa, 28.02.2005.
Nota: Arsénio Mota escreveu uma crónica(?) alusiva ao Frango de Piri-Piri. Logo que haja acesso ao texto, ele será publicado no NB.
[4] Desconheço o grafo.
[5] A foto com as quatro personalidades regista um momento do Dia de Bustos, no Piri-Piri. Foi extraída do blogue.