Quando, pela primeira vez, passei em frente da recém-pintada Escola Primária, tive a estranha sensação que o edifício não estava lá. Esvaíra-se na atmosfera!
O dia estava de um azul resplandecente e ainda que conduzisse o automóvel a velocidade moderada passei sem dar conta de minha velha escola. O edifício diluíra-se no azul do céu. Tive que parar o carro e voltar para trás. Fui certificar-me se a escola continuava no seu lugar. E ela estava lá. Triste, ofendida e amargurada! Logo percebi porquê. Um edifício emblemático, um símbolo de educação e conhecimento, uma obra de arquitectura, orgulhoso exemplar de uma época, não suporta ser vítima da mais rude ignorância.
O dia estava de um azul resplandecente e ainda que conduzisse o automóvel a velocidade moderada passei sem dar conta de minha velha escola. O edifício diluíra-se no azul do céu. Tive que parar o carro e voltar para trás. Fui certificar-me se a escola continuava no seu lugar. E ela estava lá. Triste, ofendida e amargurada! Logo percebi porquê. Um edifício emblemático, um símbolo de educação e conhecimento, uma obra de arquitectura, orgulhoso exemplar de uma época, não suporta ser vítima da mais rude ignorância.
Só a ignorância é capaz de tanto atrevimento. O ignorante não receia, não questiona, não pondera a razoabilidade das suas opções. Actua na inconsciência dos seus actos e na convicção da sua infalibilidade. Não tem crises existenciais porque tem uma levíssima noção da sua própria existência e resume toda e qualquer problemática à insipiência do seu conhecimento. Gosta porque lhe apetece, está a favor, porque é melhor. Quando discorda, o que raro, é porque não.
Todo o conhecimento do ignorante se resume a dois ou três provérbios e meia dúzia de máximas, que não compreende muito bem, mas que repete sempre que tem a necessidade de dizer qualquer coisa, que é como quem diz, quando precisa de se ouvir.
O ignorante perante um edifício escolar de 1934 não pensa na história da construção ou na sua simbologia, não questiona linhas arquitectónicas nem pormenores decorativos, esquece a época porque é incapaz de naquelas paredes encontrar sinais dos primeiros construtores, das gerações que o antecederam e lhe legaram tal património. Ele desconhece a existência de pigmentos nada sabe da história das cores, pelo que considera o “rosa velho”, a cor tradicional de tantos edifícios antigos, como um mero equívoco, assim como a nova camisola do Benfica. E o facto do azul não constar da nossa palete de cores tradicionais nada significa, até porque, deduz alegremente o ignorante, uma escola que começou por ser masculina está mesmo a pedir um azul, tipo rapaz, tipo Futebol Clube do Porto, tipo CDS, tipo azul…
O ignorante é incapaz de detectar a influência da Arte Deco no desenho das antigas janelas de madeira, na sua quadrícula, mas conhece e admira o brilho e as linhas direitas do alumínio, até porque o Deco joga bem longe, lá no Barcelona… E por aí adiante, segundo a lógica da batata.
Em muitos Municípios há posturas determinando que os edifícios sejam pintados nas suas cores originais/tradicionais, sendo as construções mais antigas obrigadas a respeitar não só a cor, como também a traça e o tipo de materiais. Pelos vistos uma tão comum exigência, mesmo em Portugal, não se aplica no nosso concelho. Por aqui o património anda a saque da santa ignorância, que para muitos é bendita. Mas esses são os que andam de coluna dobrada, vivendo na subserviência dos chefes, os que tudo sabem só porque tudo mandam.
Belino Costa
Caro Belino,
ResponderEliminarAndei nessa escola 3 anos no início da década de oitenta e lembro-me bem dos invernos dentro daquelas salas com janelas de madeira!
Brrr...O conforto era zero. Estava-se lá dentro como cá fora.
Típico de uma escola do Estado Novo (para fazer o mocidade rija!) mas em 1982!
Ora acho muito bem que se tenham posto janelas que não tenham frestas para entrar o fresquinho.
A madeira empena num instante (pergunto se o Belino ainda tem janelas de madeira em casa)?!
Quanto à cor, devia pesquisar um pouco. Eu dou uma ajuda.
Sabe que estas cores 'tradicionais' e outras que tais foram 'inventadas' pela máquina propagandística do Estado Novo, com o intuito de criar uma cultura nacional centenária 'à la mode' de António Ferro.
Investigue por exemplo sobre a origem da cor branca das casas alentejanas.
Continue o bom trabalho.
Um bustuense atento.
Caro Belino: pior do que uma (vereadora) ignorante, só um (comentador) ainda mais ignorante; Relativamente à primeira, vem dando sucessivas provas que não faz a mínima ideia, sequer, do âmbito do pelouro que ocupa; até o texto de um simples regulamento consegue subscrever sem ler, fazendo-o passar, do alto da sua ignorâcia, pele ignorância unânime de todo o executivo... e quando chegou à assembleia, fez uma birra de menina mimada ao ver que o séquito da sua bencada não a acompanhava na ignorância que orgulhosamente ressaltava do documemto. Quanto ao segundo... bem... é melhor não dizer nada... ele já demonstrou bem o pouco à vontade que tem para com a História...
ResponderEliminarQue comentário tão típico de um bustuense: criticar negativamente! Pouco cívico...
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