6 de abril de 2014

O ESTADO A QUE CHEGOU O PSD DE BUSTOS

A propósito de um cartoon e da reação (aqui) do líder local do PSD aproveito para opinar sobre o “nosso”  Partido Social Democrata.


O Alberto Zenha Martins é um bom chefe de família e como cidadão merece todo o meu respeito. O Alberto Zenha Martins é também presidente do PSD de Bustos, cargo a que se candidatou por vontade própria. Os dois não são uma e a mesma coisa. O cargo e a sua natureza política impõem deveres, responsabilidades, competências, etc.
Enquanto aprendiz de dirigente político Alberto Zenha Martins não consegue perceber a existência de dois níveis de afirmação e atividade pelo que, reagindo à “Sabedoria Canina” (aqui), usou o facebook para se pronunciar em nome pessoal. Só que, decorre da leitura do texto que o faz na qualidade de presidente do PSD local.
Cofunde-se o cargo com a pessoa e a pessoa com o cargo, e o ego crispado sobrepõe-se a tudo o mais, evidenciando uma total incapacidade para lidar com a crítica, neste caso com um simples cartoon humorístico. E irado, lá do alto de onde exige reverência, escreve duas inocuidades sobre o palacete e conclui com um insulto. Passo adiante a manifestação de infantilidade politica para olhar o cartoon que a provocou.
À entrada do palacete de Bustos existem dois cães em porcelana que após 108 anos do mais absoluto silêncio começaram a falar. Pergunta o cão da direita: ”O que aconteceu ao PSD de Bustos?”

A pergunta é muito pertinente se tivermos em conta que o PSD é, entre nós, histórica e sociologicamente um partido ultra maioritário. Em qualquer eleição de carater nacional o Partido Social Democrata sai sempre vencedor. O estranho é que, quando se trata de eleições locais, o povo fuja do partido, que é o mesmo que dizer dos seus dirigentes locais, da sua postura, das suas propostas, dos seus candidatos. Nunca essa aversão se manifestou de forma tão veemente como nas últimas eleições autárquicas em que o PSD se viu reduzido a 284 votos!
A meu ver isto acontece porque o partido se fechou, se desligou da realidade local, acabando por se refugiar numa realidade virtual chamada facebook. O que deveria ser um meio de divulgação transformou-se no espaço de ação.
Excluindo as figuras de alguns “senadores” do partido, onde se destaca o sempre presente, interessado e participante Dr. Manuel Nunes, o PSD deixou de estar presente, deixou de ter uma dinâmica, de se envolver, de ocupar o seu espaço na dinâmica social e política de Bustos. (Não basta aparecer nas assembleias para cumprir os regulamentos.) Sem uma figura tutelar, sem um líder respeitado pela sua vida, pela sua experiencia, o partido acabou entregue à rapaziada dos Jotas. A verdade é que aos vinte e poucos anos não há experiência, nem vida, nem mundo, e ainda menos respeito. Mas tudo piora quando, como é o caso, não há ideias, nem discurso, nem prática, nem simpatia, nem empatia, nem humildade, nem nada. 
A intrincar o ramalhete político temos as divisões internas (um mau líder não junta, divide) e o comportamento do partido no processo da fusão das freguesias. Em política a hipocrisia deve ser servida em doses moderadas e, na esteia da estratégia concelhia, o PSD de Bustos exagerou na dose quando o seu líder afirmou publicamente que era contra a reforma administrativa, mas nem um dedo mexeu para a combater. Um político cumpre uma tarefa bem diferente de um comentador. A um político não basta dar opinião. A natureza do exercício da política implica que desenvolva ações, mobilize os apoiantes visando um determinado objetivo. Um político que diz ser contra uma medida politica desta importância e não a combate, perde toda e qualquer credibilidade. Não passa de um fingidor!



A QUESTÃO DO PALACETE

Chegamos assim à questão do Palacete que apesar de não estar diretamente ligada às questões levantadas pelos canídeos, foi a que motivou a reação de Alberto Zenha Martins. Fugindo ao essencial da crítica (ou não a percebendo) o presidente do PSD local mostrou-se indignado porque, tal como o “NB” noticiou, uma deputada tinha alertado para ao estado de degradação do edifício numa assembleia municipal.

Uma vez mais se confunde opinião política com ação política. Mas neste caso há ainda o caricato de um partido (PSD) atacar o dirigente de uma Associação (ABC) que é militante do mesmo partido e durante anos foi o seu dirigente local. Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Então nem dentro do partido eles se entendem? Não falam uns com os outros em busca de soluções? Fazem intriga ou fazem política?

Talvez tudo se explique lembrando a curta passagem de Alberto Zenha Martins pela direção da ABC. De lá saiu incompatibilizado com a generalidade das pessoas e muito especialmente com Paulo Alves, o presidente de direção. Foi curta a passagem mas chegou para demonstrar que confunde o cargo com a sua própria pessoa e que não compreende a diferença entre servir e servir-se. Daí que, quando encontrou entre o espólio da ABC uma coleção de fotografias que integraram uma exposição ali realizada nos anos oitenta, em vez de divulgar esse espólio no âmbito da Associação e em nome desta, Alberto Zenha Martins preferiu faze-lo no You Tube e assinar por baixo. Exemplar!

Voltemos Facebook onde se explica que “a Comissão Política do Núcleo do PSD de Bustos” incumbiu a deputada Susana Nunes de manifestar a preocupação “desta estrutura e das pessoas que a compõem com o estado avançado de degradação em que se encontra o Palacete do Visconde de Bustos.” É de bradar aos céus! Então a Comissão Política do Núcleo do PSD de Bustos, que deveria ter uma estratégia para tentar resolver o problema e desenvolver contatos em busca de soluções, ou seja, fazer politica, limita-se a “manifestar uma preocupação”. E essa preocupação mais não é do que um ataque ao presidente da ABC, Paulo Alves que, curiosamente, tem um longo percurso cívico e político ao serviço do PSD.
 Mas, atenção, para além da desconsideração para com um antigo líder, a comissão política do núcleo do PSD de Bustos parece pretender “lavar as mãos do problema”, lançar um aviso e virar costas. Não o poderá fazer. Nem o PSD de Bustos, nem o PSD concelhio.
Todos aqueles que no nosso concelho têm poder e capacidade de decisão como o Sr. Presidente da Câmara (PSD) o senhor  Presidente da Assembleia Municipal (PSD),  ou o senhor presidente da Concelhia do PSD concordam que o edifício precisa de obras e de um projeto. O mesmo pensa (presume-se) o presidente da ABC, que também é do PSD. Sendo todos da mesma família politica, o que os impede de se reunirem para debater o assunto?

Não é com declarações de alerta que o PSD se livra de responsabilidades.. E se os decisores políticos locais são capazes de ver, ouvir e falar, exige-se que sejam capazes de agir que é para isso que foram eleitos. Bem sei que irão afirmar, naturalmente pesarosos, que o palacete tem um proprietário pelo que estão inibidos de agir. Gostaria de lhes responder que proprietários do palacete são todos quantos contribuíram para a sua compra e que a direção da Associação é uma mera representante de MUITA gente. Bem sei que Paulo Alves desenvolveu uma estratégia de encolhimento da ABC que, por exemplo, é a única associação de Bustos que não tem um sistema de cobrança de quotas e nada tem feito para conservar e angariar novos sócios. Bem pelo contrário, tudo tem feito para afastar os interessados da vida da associação. E esta estratégia de isolamento é levada tão a peito que quando é preciso representar e defender a Associação, nem o presidente de direção, nem presidente da assembleia geral aparecem em sua representação. Escondem-se, como aconteceu no passado mês de Fevereiro, nas comemorações do Dia de Bustos.

Uns encolhem-se, escondem-se sem coragem ou dignidade e outros lançam alertas enquanto assobiam para o ar. Uns fingem ser dirigentes associativos e outros fazem propaganda fingindo fazer política. É triste vê-los assim, de costas voltadas, enquanto um projeto, um edifício e um partido se vão desmoronando.

Será que conseguem sair deste labirinto?


Belino Costa

3 comentários:

  1. Alberto Zenha Martins22:33

    Caras e caros leitores do Notícias de Bustos, vou tentar ser breve a explicar algumas questões levantadas neste longo texto de opinião do Belino:

    1- Compreendo e respeito o resultado que o Dr. Duarte Novo alcançou nas últimas eleições autárquicas. Respeito porque é uma pessoa com valor, que escolheu e percorreu o seu caminho nos últimos anos no âmbito associativo e no âmbito político. Do meu ponto de vista melhor no primeiro, do que no segundo. Melhor no primeiro, porque foi um excelente dirigente associativo que envolveu todas as pessoas, independentemente da cor política, no segundo não tão bom, porque temos prioridades e formas de pensar diferentes e ainda porque não envolveu todas as pessoas na discussão profunda de alguns problemas que requerem um consenso alargado. Apenas e só por estes motivos. Contudo, reconheço que percorreu o seu caminho, acreditando que era o melhor para a sua freguesia, não tenho qualquer dúvida nesse aspecto. Compreendo o resultado que alcançou na nossa Vila, porque acredito que num contexto de agregação de freguesias, específico das últimas eleições autárquicas motivo pelo qual não podemos comparar com outras anteriores, os Bustuenses preferiram votar numa pessoa de Bustos como cabeça de lista. É a minha opinião pessoal.

    2- O Dr. Duarte Novo e a sua equipa ganharam as últimas eleições autárquicas, estão a trabalhar da forma que entendem e nós vamos deixá-los trabalhar, com tranquilidade, mas atentos à execução do seu trabalho. Nesta primeira fase, as pessoas eleitas pelo PSD cumprem as suas funções na Assembleia de Freguesia, num diálogo constante com a Comissão Política de Núcleo. Não vamos estar constantemente a criticar do início ao fim, em todo o lado. Numa segunda fase, quando considerarmos oportuno, faremos um balanço do mandato. A nossa prioridade é fazer oposição, mas uma oposição responsável que seja benéfica para a União de Freguesias.

    3- A intervenção realizada na Assembleia Municipal pela Enf.ª Susana Nunes (eleita pelo PSD) sobre o estado em que se encontra o Palacete do Visconde de Bustos, não foi nem um ataque à Direcção da ABC, porque reconhecemos que a Associação não tem recursos para recuperar o palacete, nem à Câmara Municipal porque não é a proprietária do imóvel. A intenção da intervenção foi apelar à conjugação de esforços entre Associados, Direcção e Câmara Municipal, para se encontrar uma solução.

    4- Não tenho nenhum problema pessoal com o Dr. Paulo Alves. Na qualidade de Presidente de Núcleo do PSD de Bustos com o Álvaro Ferreira, na qualidade de Presidente de Núcleo da JSD de Bustos, reunimos nas últimas eleições autárquicas com o Dr. Paulo Alves e a sua esposa a Dr.ª Regina para analisarmos o contexto das eleições que se aproximavam. Procedemos desta forma com todas as pessoas e formulámos convites para as integrar nas listas.

    5- Convivo com as pessoas de Bustos todos os dias e oiço as suas opiniões. Não sou perfeito, nem todos concordam comigo, mas manifestam respeito porque também respeito. Sou associado de várias associações e cumpro com os meus deveres de associado. Dirijo uma estrutura política, mas a minha opinião é só mais uma e respeito sempre a da maioria. Não integrei as listas nas últimas eleições autárquicas, mas cumpro com o meu dever de cidadão.

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  2. Anónimo12:28

    O presidente do núcleo do PSD de Bustos é um grande e confesso admirador do Duarte Novo (CDS). Atribui-lhe todo o mérito e enaltece a sua actuação.Enquanto apoiante do CDS fico-lhe muito agradecido. António.

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    1. Mário09:45

      Na verdade o PSD em Bustos não anda no bom caminho e a prova está nos
      resultados destas ultimas eleições.
      Referente ao presidente do PSD de Bustos não tenho nada contra nem a favor mas
      concordo que não se pode confundir pessoas de família com outros cargos e como presidente na minha opinião como militante é menos bom e os resultados estiveram a vista pois um presidente é para juntar os militantes e não para os afastar, não é com vinagre que se apanham moscas e por vezes os cargos sobem a cabeça das pessoas mas enfim na minha opinião o povo de Bustos só tem o que merece!
      Quanto ao palacete é um caso complicado pois é uma obra que para ser recuperada será necessário alguns milhares se não milhões de euros e não são coisas para serem feitas em cima do joelho.
      Quanto ao ABC, sugeria as pessoas que se esconde por detrás dos blogs e que por enumeras vezes só criticam o pouco que os outros fazem em Bustos, que venham para cá para fazerem alguma coisa como por exemplo ser voluntarios na cobrança das cotas do ABC em colaboração com o presidente desta associação, já era um bom começo. Sou nascido e criado em Bustos e nunca o vi certas pessoas a fazer nada pela terra onde nasceram se é que se pode falar assim, uns vivem fora outros vivem em Bustos e a única coisa que fazem parte das vezes é criticar o trabalho dos outros e só dão louvores a quem lhes interessa pois pelo conhecimento que tenho as poucas pessoas que assumem os seus cargos e a custo ZERO não se escondem de nada e talvez não marquem presença em certos inventos pelo motivo de não concordarem como por exemplo e como foi referido o mês de Fevereiro ou melhor ,18 DE FEVEREIRO querem dizer…
      Comemorar o 18 de Fevereiro?? Com que sentido??
      Caros srs. como bem sabem no 18 de Fevereiro comemorava-se a separação de Bustos e Mamarrosa ou seja, Bustos passou a ser uma freguesia no ano 1920. Então e agora o que é Bustos??
      Caso não tenham conhecimento a freguesia de Bustos morreu na data das ultimas eleições e por esta razão a comemoração do 18 Fevereiro deste ano não fez qualquer sentido, deveriam sim ter feito uma missa de sétimo dia para relembrar a morte desta extinta Freguesia ou melhor, Bustos extinto como aparece agora em qualquer documento.
      Se querem juntar as pessoas para um comes e bebes é aceitável mas nunca para esta comemoração não faz qualquer sentido…
      Com isto afirmo que esta é a minha opinião tendo o valor que tem, concordar e não concordar com as situações.

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