Joaquim Santos, ex-vice-presidente da Câmara de Oliveira do
Bairro, está a ser investigado por suspeita de ter
acumulado subsídio de desemprego com salário numa empresa que
manteve negócios com a Autarquia, segundo informa o “Jornal de Notícias”
Segundo o JN apurou, Joaquim Santos, que foi durante oito anos “vice” do autarca Mário João Oliveira (PSD, tendo abandonado a Câmara em outubro do ano passado, terá beneficiado de subsídio de desemprego durante 119 dias (entre 6 de novembro de 2013 e 4 de março de 2014).
Terá recebido mais de quatro mil euros da SS. Todavia, testemunhas ouvidas pelo JN garantem que o ex-autarca, engenheiro de profissão, “passou a colaborar, logo após a sua saída da Câmara, na empresa António Branco Tavares e Filhos, Lda, de Vila Verde, Oliveira do Bairro.
Tanto assim que passou a frequentar regularmente as instalações do Grupo Tavares (GT), a tratar de assuntos de trabalho em nome da referida empresa e a deter um e-mail personalizado”. É, de resto, a par tir deste seu e-mail profissional, com o domínio grupotavares.com, que Joaquim Santos trata de assuntos de trabalho, ao mesmo tempo que recebe subsídio de desemprego. O JN tem na sua posse um documento, datado do início de janeiro, no qual o ex-autarca, assinando como diretor de produção do GT, dirige-se a um empresário seu cliente para resolver assuntos de trabalho.
Segundo apurámos, um cliente do GT, que mantém uma inimizade com Joaquim Santos, ao tomar conhecimento que este era o diretor de produção da empresa de betão, terá advertido Danny Tavares (dono do GT) de que não autorizava a sua entrada nas suas obras, sob pena de acabar com os negócios. Alguns atuais e ex-autarcas de Oliveira do Bairro ouvidos pelo JN lamentam que “o Quim tenha, sem período de ‘nojo’, ‘saltado’ da Câmara para uma empresa que teve negócios com o seu Executivo”.
“Não lhe fica bem, porque não basta ser sério”, dizem. Um conhecido empresário de Oliveira do Bairro dá um exemplo de um negócio que deixou algumas dúvidas: “A Câmara vendeu os seus antigos estaleiros ao GT, por cerca de 800 mil euros. Ora, tendo em conta que o GT não tinha mais para onde se expandir, em Vila Verde, e que a Autarquia ficou sem estaleiros, o valor justo rondava os dois milhões de euros”.
O JN tentou insistentemente obter comentários
de Joaquim Santos e Danny Tavares, mas os visados não quiseram
pronunciar-se.
FRAUDE E BURLA TRIBUTÁRIANa opinião do professor universitário de Direito Mário Frota, Joaquim Santos e o GT poderão vir a ser acusados de crime de fraude contra a Segurança Social.
Um magistrado do Ministério Público ouvido pelo JN considera que poderá estar em causa um crime de burla tributária. A SS poderá requerer o reembolso, com juros, dos subsídios de desemprego pagos e o Fisco pode emitir uma multa contraordenacional por causa da alegada fuga a pagamento de IRS.
OITO ANOS DE CRÍTICAS
Durante
os oito anos de vice-presidência da Câmara, Joaquim Santos,
engenheiro civil, foi muito criticado, entre outros, por causa
de alegadas indemnizações que terá recebido da Autarquia pela
cedência de terrenos para a construção de uma alameda, na cidade
de Oliveira do Bairro. O facto de a sua mulher submeter vários
projetos arquitetónicos à aprovação municipal suscitou também
reparos da oposição.
Miguel Gonçalves
Jornal
de Notícias' de 2 de Abril de 2014
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