28 de fevereiro de 2014

SALVEMOS O PALACETE!





No passado sábado tomei a iniciativa de chamar a atenção para a degradação do palacete do ABC/Bustos. Fi-lo no local indicado, a sala de plenários da junta de freguesia, e numa ocasião simbólica para a nossa terra.
Depois de mais um violento inverno a fustigar o secular edifício, onde são evidentes os sinais de degradação e perante um silêncio aterrador em redor do problema, considerei ser urgente lançar o alerta, tentar envolver e sensibilizar a sociedade para tão importante questão. É assim que se faz nas sociedades democráticas, que são tanto mais ricas e desenvolvidas quanto maior é o envolvimento popular nos processos de discussão que devem anteceder as tomadas de decisão sobre a coisa pública.
As fotografias que aqui publicamos remontam a 2010. Perante a inércia do presidente da ABC , sempre encolhido e resguardado, sempre de pé atrás,  passaram-se quatro invernos sem que nada tivesse sido feito em defesa do edifício. Chega! É tempo de confrontar os responsáveis, de nos confrontarmos todos, quanto à situação de abandono a que está votada a mais importante e simbólica peça do património da Associação de Beneficência e Cultura, mas também do nosso património coletivo.
Não  podemos, pelo silêncio, ser cúmplices de um verdadeiro crime.
Tanto trabalhou o nosso povo para adquirir o imóvel e coloca-lo ao serviço da terra e agora é abandonado, tratado como coisa velha, sem valor.  
Não podemos ignorar. É tempo de agitar consciências, de levantar a voz e apelar ao bom senso e à inteligência de todos na defesa do Palacete de Bustos.


Belino Costa


27 de fevereiro de 2014

BUSTOS Centro - ABC e ORFEÃO: Dois critérios

Bustos (centro) - Dia 23 de Fevereiro'2014 - domingo.
Por certo, ABC e ORFEÃO evocaram acontecimentos diferentes.
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 Transcreve-se o seguinte  meile enviado pelo Orfeão de Bustos:

Bom dia,

Vimos por este meio informar que os critérios de utilização das bandeiras não são diferentes, apenas apresentam razões diferentes. Provavelmente, seria melhor dialogar com os elementos das direções das referidas Associações antes de se fazer referência às mesmas.

A bandeira do Orfeão de Bustos esteve a meia haste durante o fim de semana em memória e como gesto de respeito e reconhecimento pelo falecimento da Dona Rosa de Jesus, ou também conhecida por Rosa Clemente, que tanto ajudou a nossa Associação.

Espero que o esclarecimento vos ajude.

Com os melhores e mais respeitosos cumprimentos,
Cláudia Oliveira
A Direção do Orfeão de Bustos,
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Nota:
A explicação não altera as diferentes posições das bandeiras no mesmo palco.
Para o Orfeão é momento de luto. Para a ABC é evidente que não é. 
O Orfeão explicitou o critério de utilização lutuosa da sua bandeira.
Foi um procedimento justo. Rosa de Jesus, ou Rosa Clemente ou raramente Rosa do Clemente  ajudou desinteressadamente uma massa anónima que se estendeu por variados locais.
Quanto a critério: sugiro que consulte os seus vários significados. 
sérgio micaelo ferreira  


26 de fevereiro de 2014

DOMINGO HÁ BAILE DE CARNAVAL


No próximo domingo, dia 2 de Março há baile de Carnaval no salão paroquial, com a presença da orquestra Plano B e do dj Alcides Barros, A entrada é livre e haverá prémios para os melhores disfarces.

ADERCUS EM ÍLHAVO - "COM PRESTAÇÕES DE BOM NÍVEL"



ADERCUS EM ÍLHAVO - domingo, 23.02.2014

Decorreu no domingo de manhã o 31º Grande Prémio de Atletismo de estrada “Os Ilhavos”, prova na qual a ADERCUS marcou presença, com prestações de bom nível em todos as corridas em que teve atletas em competição, somando várias subidas ao pódio.

A mais jovem das atletas da ADERCUS que subiu ao pódio foi Érica Matos, na prova de 800m para Benjamins B, tendo sido a 3ª classificada.

Cátia Duarte subiu ao lugar mais alto do pódio, na corrida de Infantis, e Luana Ferreira foi a 4ª classificada. Entre os masculinos, Luís Frazão foi o 6º classificado.

Ana Rodrigues (ADERCUS) 1ª Juvenis Fem. - em ÍLHAVO
Beatriz Rodrigues somou mais uma vitória nos Iniciados femininos e Salomé Sousa foi a 8ª, enquanto Miguel Matos cortou a meta entre os masculinos no 4º lugar.
Nas juvenis, Ana Rodrigues foi a vencedora isolada, vitória que também foi alcançada por Celine Rocha nas Juniores.
 
Carla Martinho (ADERCUS) 2ª, Marisa Barros (Individual) 1ª, Clarisse Cruz (SCP) 3ª. Em Ilhavo
Entre as Séniores, a vitória colectiva foi alcançada com o contributo de Carla Martinho, 2ª classificada, Joana Nunes 4ª, e Rute Silva 9ª. A vencedora foi Marisa Barros (Individual), enquanto a Sportinguista Clarisse Cruz foi esta semana a 3ª.
Estiveram também em competição Hugo Ramalho, 13ª Sénior, e Paulo Ferreira, 8º Veterano 1

 (ADERCUS)

25 de fevereiro de 2014

É TÃO DIFÍCIL MUDAR UM SIMPLES POSTE…





Será que mudar meia dúzia de postes de luz se tornou numa tarefa impossível? É esta a pergunta que surge a quem passa na Rua da Rainha, em Bustos. No meio dos passeios ou até em plena via de circulação tropeçamos em postes de luz que  parecem ter ganho raízes.

Então não há ninguém na Câmara Municipal de Oliveira do Bairro que mande um ofício para a EDP a solicitar tal remoção? Isto no entendimento de que o Município não tem competência para mudar a localização dos postes. Se não o podem fazer, exijam que tal seja feito. Em nome da segurança e da mobilidade, etc.

Por favor!
Façam lá um esforço para acabar com uma situação que só nos expõe ao ridículo.

23 de fevereiro de 2014

ROSA CLEMENTE: Despediu-se um dos últimos elos das nossas memórias

Na abertura da sessão de ontem, comemorativa do 18 de Fevereiro, o Presidente da Junta da União das Freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa, Dr. Duarte Novo, anunciou o falecimento da muito conhecida Rosa Clemente, de sua graça Rosa de Jesus, aproveitando para ali deixar uma simples mas sentida homenagem a uma bustoense que todos conhecemos e que primava pela sua simpatia e frontalidade, mas, sobretudo, pelo repositório de memórias de Bustos e das suas Gentes que ela guardava.
Rosa de Jesus nasceu em 5/1/1924 e era filha de Manuel dos Santos Silvestre e de Maria de Jesus.


Fez um ano no passado dia 18 que, pela mão da Clara Aires e do Telmo Domingos, a Senhora (uma verdadeira Senhora, de si, do Cabeço, de Bustos e um pouco do mundo) Rosa Clemente foi homenageada no âmbito das comemorações do Dia de Bustos, como podem ver AQUI.
Já antes o NB a lembrou, como por exemplo ALI.
Na sua página do facebook, dela escreveu o Telmo Domingues:
"Perdemos um livro de estórias... mas ganhámos mais uma humilde peça para o puzzle da nossa história...
Graças à incansável Clara Guitas (e aos Cantares de Bustos) esta senhora teve, em vida, parte do reconhecimento que merecia, enquanto livro vivo da nossa cultura popular.
Respeitável e, por isso, lhe deixo esta singela mas sentida homenagem.
Obrigado Rosinha!..."

O seu funeral realiza-se hoje, pelas 16H00.

21 de fevereiro de 2014

SÁBADO, 15 HORAS: ASSEMBLEIA DE CIDADÃOS NA JUNTA DE FREGUESIA


Amanhã, sábado, a partir das 15 horas, no salão de plenários da Junta de freguesia terá lugar uma Assembleia de Cidadãos que prestará um tributo a todos os bustuenses falecidos no ano passado, nas pessoas de Jó Ferreira Duarte (1943-2013), Augusto Simões da Costa (1920-2013) e Jorge Nelson Simões Micaelo dr. (1921-2013).

E porque o passado nos deve servir como exemplo para o futuro irá ser lançado o debate em torno da necessidade de recuperar o palacete que, praticamente sem uso, ameaça a ruína.

 O futuro do centro de Bustos passa por dar utilidade a um dos edifícios mais emblemáticos do nosso concelho, um exemplar arquitectónico que deve ser protegido. Não podemos continuar a fechar os olhos.SALVEMOS O PALACETE.


Logo depois não perca a oportunidade de visitar a exposição “18 retratos em Chapas de Vidro".

Contamos consigo!

20 de fevereiro de 2014

UMA VILA EM MOVIMENTO

O dinamismo de Bustos e das suas gentes está bem demonstrado no conjunto de iniciativas que tem vindo a animar culturalmente a nossa vila ao longo deste mês.

Tomem nota deste breve resumo de actividades:


A biblioteca assinalou o seu 53º aniversário.




O Orfeão  comemorou o seu 31º aniversário com um conjunto de iniciativas onde se destacou o magnifico espetáculo  “AS SETE TROMPETAS DO APOCALIPSE” em que o Coral do Orfeão de Bustos cantou com outros cinco corais acompanhados pela Banda da Amizade de Aveiro.




Inaugurou também o atelier de Artes Decorativas.


A Associação Mentes Convergentes promoveu as Conferências Cultura no Espaço.




A junta de freguesia organizou as comemorações oficiais do Dia de Bustos e inaugurou uma exposição fotográfica.
E nem faltou o digno protesto dos que discordam de uma reforma administrativa realizada contra a vontade das populações.

É uma boa ocasião para citar Hilário Costa:

GRANDE BUSTOS – TERRA LINDA!
TERRA D’ETERNA BELEZA!
ÉS A MAIS LINDA DAS TERRAS!
DESTA TERRA PORTUGUESA!

18 de fevereiro de 2014

DIA DE BUSTOS - AS COMEMORAÇÕES

Bustos festejou o seu dia, comemorando o 18 de Fevereiro de 1920, data da criação da Freguesia.
Foi o 1º Dia de Bustos após a agregação das antigas freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa, agregação que o povo não quis nem votou, mas que a maioria dos deputados da Nação achou por bem aprovar.


Impõe-se dizer que os autarcas eleitos assumiram com a maior dignidade a celebração do Dia de Bustos, estando presentes representantes  da Mamarrosa, do Troviscal e de Bustos, terras hoje reduzidas a uma espécie de lugares duma freguesia a três.
Entretanto:
As razões para festejarmos a data foram defendidas AQUI.
A própria lei que aprovou a reorganização autárquica manda que se preserve e respeite a nossa identidade histórica.
E foram exatamente esses os valores que o Presidente da Junta da União das Freguesias e o Presidente da Assembleia Municipal defenderam nas suas intervenções durante a sessão solene que teve lugar na sede da antiga freguesia, por sinal sede da União.


Antes, após o hastear das bandeiras, entre as quais a que parecia ser a da antiga Freguesia de Bustos, 


...o cortejo dirigiu-se ao painel erguido no sítio da antiga igreja, dali partindo para a tradicional romagem ao cemitério, lembrando os homens e mulheres que no passado lutaram para que Bustos se tornasse grande, progressiva e empreendedora, como acentuaria mais tarde o Presidente da Câmara.

Mas o momento da sessão solene com maior significado e envolvência foi representado por um grupo de alunas do 12º ano de línguas e humanidades do IPSB.

A Beatriz, a Daniela, a Diana e a Gabriela historiaram os 94 anos da elevação de Bustos a Freguesia, desde a sua contextualização no âmbito do movimento republicano dos princípios do séc. XX até aos dias de hoje.
Terminaram a sua intervenção deixando perguntas:
E agora?
Qual deverá ser o caminho a seguir?
Como diz a sabedoria popular "A união faz a força!"

*
- Nota final: Manhã cedo, as ruas de Bustos estavam pejadas de panfletos que reproduziam o famoso painel evocativo do 18 de Fevereiro.


A tarjeta a negro serviu para lembrar o luto pela morte duma freguesia pela qual tanto lutaram os bustoenses ao longo dos últimos 94 anos.

SOBRE A EXPOSIÇÃO “18 RETRATOS EM CHAPAS DE VIDRO”

A partir de hoje na sala de exposições da Junta de Freguesia




Olhando para os 18 retratos incluídos nesta exposição temos que destacar a sua unidade e o olhar do fotógrafo que parece ter obedecido a uma preocupação quase jornalística. O seu olhar incide sobre a sociedade que o cerca.

Há um primeiro conjunto de seis retratos que têm por cenário o palacete do Visconde de Bustos, apesar de António Sereno e a sua esposa, Adelaide Brandão, não surgirem em qualquer imagem. São os trabalhadores do palacete, a começar por Manuel Matos Ala (foto 1), o contabilista e braço direito do Visconde, que é o único que conseguimos identificar sem margem para dúvidas. Nos restantes é possível estabelecer a relação com o palacete mas ainda não foi possível identificar os rostos. O torreão visto do jardim, e a loja do Sr. Visconde completam este conjunto.  



O segundo conjunto reúne imagens de grupo, retratos do povo. São cinco imagens especialmente ricas e há naqueles rostos muitos traços e características que nos são comuns. As roupas, os instrumentos de trabalho, os rostos, as joias, os xailes, os tamancos e a falta deles são pormenores que nos interpelam. Na última imagem deste núcleo, um senhor (patrão ou taberneiro?), bem ataviado e melhor calçado, serve um picheira de vinho a grupo sentado à mesa num momento de convívio.


O terceiro conjunto de fotografias reúne quatro retratos do que poderemos designar por “individualidades da aristocracia local” a começar no senhor Prior e a acabar no caçador de camisa branca e laço cuidado. Pelo meio há a imagem de um homem de belo rosto (provavelmente de olhos claros) e bigode cuidado que exibe um livro que tem no título a palavra “Calvário”. Curiosamente em 1906 foi editado em Portugal “O Calvario”, (Lisboa, A Editora, 1906. Tradução de Ribeiro de Carvalho et Moraes Rosa), do francês Octave Mirbeau, que conta a história de Jean Mintié, um escritor que por causa duma paixão devastadora por uma mulher de pequena virtude vive um autêntico calvário. Será que o retratado, ao exibir tal adereço, quis dar nota sobre a sua vida amorosa?


No quarto e último conjunto vemos três imagens que têm por tema central a criança. Julgamos ser sempre a mesma criança. Primeiro entre familiares (?), depois a brincar com um andarilho (a envolvente sugere o jardim do palacete) e, por fim, ao colo de uma anciã, possivelmente avó. Um notável retrato, cheio de mística.


Cada uma destas 18 imagens nos interpela e nos desafia. Quem era esta gente? Ainda há alguém que se lembre destes rostos, destes antepassados? O que faziam? Quantos anos viveram?
São inúmeras as perguntas, são muitas as suposições e as incertezas mas talvez esta exposição nos ajude a responder a algumas delas.
 Certamente que ajudará saber como chegámos até aqui. 
 Foi entre os papéis e os livros da professora Zairinha (Zaida da Anunciação Simões da Silva( 30.11.1917 – 26.10.2012), de Bustos, que Manuel Romão encontrou duas pequenas caixas contendo um conjunto de chapas de vidro com impressões fotográficas (Nouvelles Plaques Chiado) que, de acordo com o estojo onde se encontravam, eram fabricadas na Alemanha para venda nos Grandes Armazéns do Chiado de Lisboa e Porto.

O Manuel Romão partilha comigo o gosto por velharias e o interesse pela História de Bustos, pelo que tem o cuidado de não deixar ir para o lixo livros, objetos e papéis de quem vai falecendo.
A verdade é que ao longo dos anos vamos guardando papeis, livros, cartas, fotografias e todo um conjunto de recordações. São pedaços da nossa vida que por não terem grande valor material muitas vezes são desprezados ou destruídos após a nossa morte. E por ser esta uma situação recorrente o Manuel Romão faz o que pode na missão de não deixar que tais documentos se percam. A ele se deve que os pedaços de memória que a Professora Zairinha foi guardando ao longo da vida não fossem dispersos ou ignorados.
Quando fui à Azurveira dar uma olhadela a tais documentos logo o meu interesse incidiu sobre as chapas de vidro. Aquele conjunto de fotografias poderia fazer parte da memória de Bustos, ser o testemunho de uma época da qual não temos grandes registos fotográficos.
Era preciso digitalizar tais imagens, apesar das chapas se encontrarem bastante degradadas. Coube essa tarefa a um outro amigo, o fotógrafo Xavier Martins, a quem agradeço o fantástico trabalho que realizou. Toda a intervenção de digitalização e recuperação das imagens obedeceu ao critério essencial de, em caso algum, alterar ou manipular as imagens, tendo sido feita apenas uma pequena limpeza sem eliminar por completo riscos, ou outros problemas. O resultado aí está. À vista de todos.

Belino Costa

18 RETRATOS
EM CHAPAS DE VIDRO

Coleção Zairinha/Manuel Romão

Fotografo: Desconhecido

Chapas de Vidro (Nouvelles Plaques Chiado) com o formato 12x9cm.

Época provável: Primeiras décadas do séc. XX

Localização: Bustos/Bairrada 

17 de fevereiro de 2014

"….PORQUE É QUE NÃO ÉS COMO O NATALINO?" (1)


foto de arquivo da Família

 Natalino dos Santos Rodelo
19.01.1941 – 29.11.2013
Póvoa (Bustos) – Boliqueime (Loulé)

Filho de Adriano dos Santos Rodelo e de Caurina Mota
Casado com Irene Silva Ferreira Rodelo.
Os filhos, Dean Ferreira Rodelo e  Diana Ferreira Rodelo (e aqui),  são professores de Matemática 

“A minha paz
residia debaixo daquele tecto (2)
[na alfaiataria do Ti Adriano]
(Carlos Luzio)

Natalino Rodelo foi um cidadão exemplar da diáspora de Bustos, dedicado *a Família, profissional com nome firmado, autodidata em busca do saber e do belo, dirigente associativo, … a sua presença em atos públicos  era marcada pela discrição. Desde muito cedo revelou aptidões para a escrita e para o desenho.  
Casa de Bustos  –  Adriano Rodelo e Caurina Mota com o «Lorde» (5) (sentado)
A ponta de cigarro tenta passar camuflada   foto de arquivo da Família
O professor Manuel Pires, extraordinário preparador dos alunos para enfrentar o exame de admissão aos Liceus, elogiava amiudadas vezes as suas redações.
Ouçamos o loquaz Élio Freitas, companheiro e testemunha privilegiada do então vizinho e amigo Natalino:
Memórias da Rua da Póvoa






De toda a rapaziada 
da Rua da Póvoa, 
o Natalino 
era o mais escravo,
mais sacrificado de todos.

Desde que me lembro, o Natalino e a sua irmã Marlene trabalhavam todos os dias ao lado dos seus pais, Adriano e Caurina, na alfaiataria…
Caurina Mota  e  Adriano dos Santos Rodelo
foto de arquivo da Família

Enquanto a malta brincava e fazia trinta por uma linha, o nosso amigo Natalino lá estava todos os dias a ajudar na alfaiataria.

O Sr. Adriano era muito restrito com os filhos. A solução era simples:
Nós íamos ter com ele à alfaiataria. Quando eu e outros queríamos ler uma revista como o Mundo de Aventuras, ou Revistas de filmes, a nossa biblioteca era a alfaiataria Adriano. O Natalino assinava as melhores revistas juvenis e isso atraía os colegas para ler e visitar o amigo…
Rua da Póvoa – Alfaiataria antes da remodelação da casa (actual casa de Milton Luzio)

O local de encontro diário para muitos jovens da zona era a alfaiataria por causa da leitura das revistas…e o Natalino sabia que isso era uma maneira de compensar o facto de ele ter de estar sempre amarrado ao trabalho e não poder sair a brincar com e resto dos amigos da Rua.



foto de arquivo da Família

O Natalino era o modelo de rapaz que todas as mães da Rua da Póvoa usavam para exemplo dos filhos…."Porque é que não és como o Natalino?" E todos os que o conheciam tinham-lhe muito carinho e respeito, porque sabiam o sacrifício que ele fazia para obedecer ao pai Adriano…
Aos Domingos lá vinha a oportunidade de uma festa ou baile, e os colegas da Rua da Póvoa aí estavam todos contentes por acompanhar o modelo amigo Natalino a passar umas horas alegres como qualquer jovem da sua idade. 
Memórias que nunca morrem, dum amigo de sempre, dum jovem educado e totalmente dedicado á sua família(Élio Freitas, Califórnia) 

Um aparte: A “escola” dos seus Pais (Caurina e Adriano) deu frutos sãos e merece uma reflexão a ser feita pelos educadores de hoje.

O ambiente da Alfaiataria transposto por Carlos Luzio em dois poemas “Ti Adriano – Alfaiate” e “Entre Panos e Linhas” “oferecem-nos um retrato comovente daquele que fora noutros tempos, um importante ponto de encontro desta aldeia, …” (3) (Michel Mota).
Bustos - Casa do Sr. Adriano -  A Alfaiataria foi "um importante ponto de encontro" (Michele Mota)
foto de arquivo da Família 

É naquele primeiro poema que o Natalino fica a ser registado com o atributo de o «Linhas», conforme o excerto de “Ti Adriano-Alfaiate (4) …:

Recordo as tardes a ouvir música num velho gravador
Não era música do teu tempo, não senhor
Eram canções que ouvia como se fossem minhas
Que gostavam ao “Lorde” (5) e ao “Linhas” .
(Carlos Luzio, Pescador de Sonhos)

 Com naturalidade e muito trabalho, gosto e dedicação, o Natalino fez-se à vida.
Um vivo agradecimento às informações prestadas pela Irene Rodelo que vão preencher uma parte do seu invejável