16 de janeiro de 2014

RAZÕES PARA FESTEJAR O 18 DE FEVEREIRO


Respondendo ao repto lançado por Óscar Santos em, “Dia de Bustos – Que Fazer?”, aqui apresento algumas das razões para continuar a fazer o que já os nossos pais faziam.

RAZÕES HISTÓRICAS E CULTURAIS

O 18 de Fevereiro é uma data identitária para o povo de Bustos. A sua História, o seu simbolismo resumem a vontade de um povo em afirmar a sua cidadania, demonstram como gerações foram capazes de unir vontades em torno de projetos comuns e trabalhar em prol da comunidade.
O “18 de Fevereiro” é hoje muito mais do que a data de publicação da Lei nº 942 que criou a freguesia de Bustos em 1920. Mais do que o ato político e administrativo, a data passou a simbolizar a tenacidade da nossa gente e o respeito pela obra dos nossos antepassados, levou-nos a não esquecer o seu exemplo e a honrá-lo.
O “18 de Fevereiro”  transformou-se no Dia de Bustos.

Foi no Dia de Bustos, em 1960, que se deu o descerramento de lápides e a homenagem pública a “dois fervorosos propugnadores do progresso local”, Jacinto Simões dos Louros e Dr. Manuel dos Santos Pato.
Foi no Dia de Bustos, em 1961, que foi inaugurada a sala de leitura de Bustos, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian que “ofereceu muitos livros de todos os géneros.”
Foi no Dia de Bustos, em 1973, que foram colocadas as lápides dando os nomes de rua do Dr. Santos Pato e do Jacinto dos Louros, uma na rua da Barreira e a outra na rua de Bustos ao Sobreiro.
Foi no Dia de Bustos, em 1974, no jantar comemorativo realizado no Piri Piri que pela primeira vez se falou que “estando vaga a residência que foi do sr. visconde, nela se podia instalar a casa do povo, a junta de Freguesia e até a sede do clube de futebol (VRP Memórias, Vol 9).
Foi em 1978 que pela primeira vez se imprimiu um cartaz designando o “18 de Fevereiro” como Dia de Bustos. A imagem do torreão entrou na simbologia local surgindo associada à data.
Foi no Dia de Bustos, em 1979, que o Dr. Jorge Micaelo veio anunciar os contatos efetuadas com o Dr. Cura Mariano para arrendamento ou venda do palacete.
Foi no Dia de Bustos, em 1981, que se constituiu a associação de Beneficência e Cultura (ABC) “O maior relevo das cerimónias dos 61 anos de existência da progressiva freguesia foi para a escritura da legalização da Associação Beneficente e Cultural, criada em 1978 por 11 elementos da terra com o fim de proporcionar a Bustos um conjunto de obras sociais como creche, centro de dia para a terceira idade, etc. (…).In “O Comércio do Porto”, página 15, 20 de Fevereiro de 1981
Foi no Dia de Bustos, em 1982, que se fez o pagamento final e assinou a escritura de compra do Palacete.
Foi no Dia de Bustos, em 2013, que foi inaugurado o novo Pólo Escolar de Bustos.

Foi no Dia de Bustos, em décadas de jantares de confraternização, sessões públicas e romagens ao cemitério que honrámos os nossos antepassados, discutimos anseios, reforçámos laços, e nos fortalecemos enquanto comunidade.

RAZÕES  LEGAIS

A Lei n.º 12/2012, de 30 de maio, que aprovou o regime da reorganização administrativa territorial autárquica estipula (artigo 9º) que a “agregação de freguesias não poe em causa o interesse de preservação da identidade cultural e histórica, incluindo a manutenção dos símbolos das anteriores freguesias.” A reorganização administrativa territorial autárquica obedece “ao princípio da preservação da identidade histórica, cultural, e social das comunidades locais.”

RAZÕES POLÍTICAS

O executivo da União de Freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa, presidido por Duarte Novo, assumiu o compromisso político de continuar a respeitar a identidade de cada uma das vilas. Seria inadmissível que, em nome de um qualquer taticismo partidário, viesse dizer que este ano não comemora o Dia de Bustos. Não só perderia a face, como o respeito de muitos. E, claro está, seria massacrado pela oposição, sabendo nós que, em qualquer dos casos, haverá sempre vozes discordantes.

Nada nos separa do Troviscal e da Mamarrosa, somos farinha do mesmo saco.

A criação da freguesia de Bustos (1920) teve a concordância dos republicanos da Mamarrosa e foi submetida a sufrágio local. A luta política nunca se deu entre o povo da Mamarrosa e o povo de Bustos, mas sim entre Republicanos e Monárquicos. De tal forma que António Duarte Sereno (visconde de Bustos) foi o maior opositor à nova freguesia. 
O que aconteceu ao longo dos anos, com especial incidência no tempo da revolução republicana, foram quezílias e lutas decorrentes da partilha do poder entre as duas localidades. Problemas que acabaram com a criação da nova freguesia. Ou, como referiu Hilário Simões da Costa em discurso de 1970, “o glorioso feito que veio trazer paz aos povos de Bustos e Mamarrosa.”
Já projeto de Lei de 1920 esclarecia que a iniciativa visava o interesse comum: “De maneira que a República aproveita com a criação da nova freguesia, acabando com as lutas entre aqueles povos, que acordam com júbilo em que se produza dentro em breve este facto. Cada uma das freguesias fica com 1.200 ou mais habitantes. Fez-se o referêndum em Bustos e está nas condições exigidas pelo Código Administrativo.”

A nível local o Dia de Bustos é acarinhado por todas as forças políticas. No que diz respeito ao PSD, o maior partido da oposição, basta recordar as palavras de Áurea Simões, a última presidente da Assembleia de Freguesia, fazendo votos que o dia “seja sempre comemorado e nunca esquecido pelos bustuenses.” Também Manuel Nunes,  presidente da Assembleia Municipal, se pronunciou no mesmo sentido: “O 18 de Fevereiro será sempre um dia grande para Bustos, independentemente das leis que os homens façam. Espero que este dia, que é festejado com alegria, seja sempre festejado no futuro.”( J.B.22 fev 2013)

CONCLUSÃO

Não encontramos na História ou no simbolismo do “18 de Fevereiro” motivos que possam ferir as “suscetibilidades” dos nossos parceiros nesta (forçada) União de Freguesias. Penso até que estarão connosco, festejando a generosidade, o trabalho e o amor à terra das gerações que nos antecederam.

No próximo dia 18 de Fevereiro teremos todas as razões para celebrar o Dia de Bustos e a vida daqueles que faleceram ao longo de 2013 como, por exemplo, Dr. Jorge Micaelo, Augusto Simões da Costa e Jó Ferreira Duarte.
Em nome deles celebremos a vida. Festejemos! E, se for caso disso, que se junte à festa o Orfeão, o Grupo de Cantares, a Banda da Mamarrosa e a Filarmónica do Troviscal. Sem esquecer a tradicional salva de 21 tiros.

Respeitamos o passado, de olhos postos no futuro.

Belino Costa

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