1º Domingo de Maio – Bom Dia, Mãe!
Porque os outros se
mascaram mas tu não
Porque os outros
usam a virtude
Para comprar o que
não tem perdão.
(…)
Sophia
Mello Breyner Andresen,
Manhã fria para a folha do calendário
e para a carteira. A fila do guichet ia encurtando. Estava a três passos de
ganso da voz. O que deseja? já não constava no protocolo de
atendimento. Não se pode esperdiçar
o ouro do tempo, não é! e o hierárquico anda de olho no gráfico da produção.
Uma senhora intromete-se à frente. Mais
um atrevimento. O silêncio permanecia imobilizado.
A intrusa era a mãe. Olha para a filha
que lhe vira a cara.
Mas não desiste e, em tom gaspariano:
- O que temos para o almoço?
Reação intempestiva.
- Não me digas que queres almoçar
comigo?! Outra vez?… Não! E virou-lhe as costas.
Qualquer semelhança com a realidade é impura
ficção.
Ou talvez não.
sph
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