5 de janeiro de 2010

MARÉ ALTA

Por: Arico Siarra
(Sabidamente, o pseudônimo de Aristides Correia Arrais)

Artur Fontes
Mais um herói de meus tempos de criança se foi.
Mais uma lágrima sentida, junto à grande saudade de minha infância! Meus
profundos sentimentos à família.


Futebol de Bustos – Lembranças

Até uma triste notícia me cutuca loucamente a mente criando mais um tempo de demoradas lembranças, diante da foto dos gavetas! A tão grande distância, a dinâmica da vida nem me deixou acompanhar todos os que já se foram... Mas de qualquer modo, isso pouco importa: Eles continuam bem vivos em meu arquivo de infância, porque eles foram meus grandes heróis.

Artur Fontes: Grande guarda redes. Vejo-o bem vivo se atirando no canto para pegar uma bola que parecia impossível defender! Era um jogo contra os Marialvas (Marialvas mesmo? Sei lá!) Campo da feira, onde meu pai conseguia me achar, algumas vezes de cinto na mão, no meio de um bando de moleques correndo atrás de uma bola;
Rodolfo: Centro médio. A elegância dentro do campo! Mata no peito, baixa na terra, olha... E lá vai! Que passe perfeito... Na medida certa;
Agostinho: Zagueiro firme, duro, mas leal! Sua presença em campo era sinônimo de tranqüilidade para a nossa torcida.
Augusto: Irmão mais velho de um outro Barreiro. Interessante! Eu, criança, não sabia de sua existência. E um belo dia, que surpresa! Ele surgiu de repente em campo, vestindo a camisa dos gavetas. Perguntei a meu pai de onde ele veio. Como resposta fiquei sabendo que ele estivera numa das colônias portuguesas, na África (na tropa?). Técnica fantástica. Fiquei maravilhado com um tipo de drible que era sua marca patente. Ela ameaçava correr para um lado dando a entender que faria um lançamento e, numa ação rápida, puxava a bola para trás, por entre as próprias pernas girando a seguir em sentido contrário, deixando o adversário a ver navios. Guardei esta forma de drible que utilizei com sucesso quando jogador de futebol, aqui no Brasil (Não cheguei ao profissionalismo, por imposição de meus pais que diziam ser jogador – no Brasil – profissão de vagabundo).
Evaristo: grande beque central. Um varredor de área. Guerreiro raçudo. Era uma segurança permanente para o goleiro. Não sei se ele era melhor como construtor de casas ou como jogador.
(Por favor, esclareçam-me uma curiosidade que permanece viva em minha mente e que jamais consegui extinguir: Porque, Evaristo três tetas?);
Mário Simões: Não o localizei em minha memória, mas sua fisionomia não me é estranha (é um Barreiro, primo?)
Aniano: Grande ponta! Veloz... Chute forte e noção de gol. Um dia machucou o joelho (o joelho?) e parou de jogar. Não lembro se apenas durante algum tempo. Encontramo-nos posteriormente no conglomerado industrial de Manuel da Barroca. Ele chefe do escritório. Eu, aprendiz de torneiro mecânico, com histórias para contar...
Duarte: Era o da padaria? Lembro de um Duarte Padeiro que fora guarda-redes dos canecas, que mais tarde foi jogar num time de divisão superior, deixando de ser goleiro após se revelar um bom avante. Tenho lembrança, que ele mais tarde voltou a Bustos, mas então já na UDB. É... A distância e o tempo, muitas vezes, embaralham a mente!
Amadeu: Vaga lembrança. Era o Amadeu das bicicletas que morava na rua da feira? Irmão do Riquitum? De qualquer modo seu rosto é conhecido de minha infância. Lembro desta fisionomia como jogador lutador a atormentar a defesa adversária. Mas não era lá aquela sumidade de craque.
Manuel: Este eu lembro bem! Tavares... Jogador tranqüilo, pouco afeito a grandes esforços. Perambulava o tempo todo pela grande área. Mas ali, com a bola nos pés era gol certo. Lembro de uma imagem de gol onde ele entrou de bola e tudo! Filho de dono de loja, depois de casado, estabeleceu-se no sobreiro com uma boa casa de comércio.
Mário Barreiro famoso centro avante! Grande artilheiro. Panázio fulminante. Sua convocação para a tropa no tempo de segunda grande guerra causou uma comoção coletiva em Bustos. Lino Reis – da moagem – moveu montanhas para livrá-lo. Foram usados mil subterfúgios para evitar que ele fosse enviado para o front dos confrontos bélicos. Tenho vaga lembrança que os meios utilizados para simular falsas doenças e o tempo em que ficou sem jogar, enfraqueceu sua melhor capacidade de jogo.

Estes são algumas resumidas recordações que certamente poderão ser enriquecidas ou até corrigidas por quem conviveu com esse tempo passado.


Sem comentários:

Enviar um comentário