14 de janeiro de 2010

EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL DE EMERENCIANO



EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL DE EMERENCIANO
NA OLGA SANTOS GALERIA


EMERENCIANO irá apresentar ao público uma exposição individual antológica de pintura intitulada “TODA A ARTE É CRÍTICA DE ARTE, TAMBÉM!”, lembrando Fernando Pernes, no próximo dia 15 de Janeiro pelas 21h30m, na Olga Santos galeria.

Esta mostra estará patente ao público até ao próximo dia 27 de Fevereiro, e reunirá um conjunto de trabalhos do artista.



Nota do autor:

«TODA A ARTE É CRÍTICA DE ARTE, TAMBÉM!»
lembrando Fernando Pernes

O meu vizinho não é toda a gente nem qualquer um, e eu não evito toda a gente e qualquer um onde me exponho, artista-plástico, e a escrita existe porque é preciso dizer o dizível, considerar este aspecto fundamental da ligação entre um lado e outro de mim, entre o dentro e fora, ela trabalha sobre o que pode mudar o conhecimento do labirinto que me traz às vezes silencioso. Sem saber se digo de mais ou de menos, e eu habito, no meu ofício do ser, pessoa de pensamento, encaminhando-o para dentro da pintura, aceitando o processo reflectido da arte sobre a realidade pessoal e social. Vizinho da compreensão daqueles que pertencem também ao pensamento e têm o acato do meu interesse e não me encerro, olho em redor, vejo a desatenção dos que ficam fora da idealização, que pertencem também à história pessoal, e a minha curiosidade manifesta-se por vezes sem surpresa. Prossigo com o meu trabalho, ou com a vida, e desse universo das pessoas próximas refiro os professores, os artistas, os críticos, os poetas, os ensaístas e os filósofos. Dos professores destaco nesta circunstância o professor Jorge Pinheiro, era eu seu aluno na Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1972 – 1973), porque me apresentou ao crítico Fernando Pernes na perspectiva de pertencer a uma galeria que seria dirigida por ele. A galeria não abriu, tinha lugar na Rua de Campo Alegre, projecto do arquitecto Sisa Vieira. Estive com o Fernando Pernes em sua casa (1973) para que visse a pintura que então eu realizava, e retenho uma sua observação precisa do que era bem esclarecedor de um caminho, um sentido primitivo do que pude e venho a realizar. O 25 de Abril de 1974 surge, acontecimento de grande relevância, que justifica o envolvimento das pessoas em reuniões na Escola Superior de Belas-Artes e Cooperativa Árvore. O domínio da reflexão e a acção política partidária não obstou algumas decisões consequentes das artes plásticas, por ventura as mais decisivas pelo acção e alcance que tiveram na criação do Centro de Arte Contemporânea dirigido pelo Fernando Pernes no Museu de Soares dos Reis, o aparecimento da Galeria do Jornal de Notícias dirigida pela Ana Maria Ramos de Almeida, e a Galeria Módulo com direcção de Mário Teixeira da Silva. Expus individualmente na Galeria Módulo (1979) e na Galeria do Jornal de Notícias (1979 e 1985). O Fernando Pernes visitou-me nessas exposições e recordo as conversas que tivemos, e os textos que amavelmente escreveu para algumas que realizei, uma das quais na galeria Roma e Pavia, entretanto criada e dirigida pelo Fernando Marques de Oliveira.

O primitivismo do meu trabalho arrasta o sentido primeiro convoca a atenção imaginativa do simbólico, leva-me a inventar símbolos que aproximo, e a exposição realizada na Galeria do Jornal de Notícias (1985) permitia já antever consequências de transformação, era uma exposição que no dizer de Fernando Pernes explicava já a minha pintura. Esta ideia de uma exposição ser também explicação do todo vaticina um propósito sublinhado ainda por Fernando Pernes no catálogo da exposição que realizei na galeria Roma e Pavia (1981), quando ele diz que «toda a arte é crítica de arte, também!». Há uma consequência, portanto, na obra repensada na sua intenção representativa, consequência da transformação proposicional das diferenças que acentuam a repetição subtil de algo de uma arte que se entrega ao discurso. Assim justifico as palavras pertença da obra devedora das ideias, ideias que são processos mentais partilhados, que devotambém àqueles que escreveram e/ou falaram sobre o meu trabalho. A obra manifesta-se espaço privilegiado de uma escuta, a escuta que distingue o que a serve e não, o que a história lembrará porque foi uma contribuição positiva, mesmo se crítica no sentido preciso do termo, e o que poderá entender-se por disparate. E disparates não foram seguramente o que me disse e escreveu o professor Fernando Pernes, recordando-o neste momento em que se encontra doente, e dedicando-lhe esta exposição.

Emerenciano, 2009-12-31

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Programação:
José Rosinhas
jrosinhas.olgasantosgaleria@gmail.com


Direcção:
Olga Santos
osantos.olgasantosgaleria@gmail.com


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