O Circo do Futebol Mundial’2006 fechou para balanço. Durante mês a máquina publicitária trabalhou pra a bandeira dos trinta talentos. Não houve sítio, comentador, beco, claxon, político, telejornal, penitente ou cerveja, que não tivesse tatuado o imaginário com rotundas vitórias sobre qualquer adversário. Mas a euforia esfumou-se num atchimm!... A quarta posição alcançada soube a frustração, e foi visível para aqueles que já tinham posto as esporas para cavalgar sobre os dorso das vitórias da selecção de caravaggio.
A recepção à equipa talentosa no semi-cheio estádio do Jamor não teve aquele calor proporcional ao calor atmosférico … uma boa parte de portugal preparava-se para regressar à realidade esquecida durante um mês.
Entretanto o circo implodia quando sofreu o impacto da notícia do pedido de isenção do IRS `para o prémio de passagem da equipa das quinas às meias-finais.
Os ‘seleccionados’ do banco de leite, do banco alimentar, da cáritas, da conferência de S. Vicente de Paulo, dos sem-abrigo, dos meninos dos “bairros de lata”, ... ficaram abanados. O sonho da vã glória levou um balde de água fria pela espinha abaixo. [Os jogadores liderados por Figo, um senhor embaixador, não mereciam estar envolvidos nesta disputa ainda que tenha cariz legal, quase legal ou pretensamente legal, não deixa de ser iníqua à luz da exclusão/inclusão social.]
Mas o pacato portugal vem a sofrer novo abalo telúrico agora provocado pelo ministério da educação. Sem mais quê nem para quê, é ordenada a repetição dos exames de Física e Química do 12º ano e é acompanhada de uma benesse - os alunos mantêm o direito de se candidatarem na 1.ª fase ao ensino superior.
Que norma legal publicada antes da celebração dos exames sustenta a repetição destes exames e lhe confere a regalia do aluno se candidatar na primeira fase do acesso ao ensino superior?
Será arbitrariedade?
Ou pretende-se despoletar a contestação estudantil?
Ou o rei passeia-se nú?
ou ...
Sérgio Micaelo Ferreira
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