As
comemorações do Dia de Bustos 2016 (18 a 21 de fevereiro), integram uma
homenagem à Diáspora bustuense na figura de dois emigrantes, António Francisco
dos Reis e Joaquim da Rocha Brites.
Dois emigrantes, duas épocas, o mesmo
destino, Brasil. Dois bustuenses que triunfaram no estrangeiro e que são
evocados numa pequena exposição a inaugurar quinta-feira, dia 18, pelas 10h20
(Junta de Freguesia). No sábado, pelas 15h00, a exposição será enriquecida com
alguns quadros vivos criados por Clarita Aires.
A exposição assinala o percurso de Dois Emigrantes que, por
razões diferentes, agora regressam à terra natal.
ANTÓNIO FRANCISCO DOS REIS (1859-1939) regressa com
a edição do livro “Terra adotada: relato de um emigrante” (coleção
Notícias de Bustos), que reproduz o manuscrito das suas “lembranças”. A obra
será apresentado pela responsável da edição brasileira, Dra Maria Francelina
Drummond, no dia 20 de Fevereiro,
pelas 15h00, na sala de sessões da Junta de Freguesia, na rua Jacinto dos
Louros.
JOAQUIM
DA ROCHA BRITES (1922) estará entre nós, depois de ter sido distinguido com a
Comenda da Ordem de Mérito da República Portuguesa, para receber a homenagem da
freguesia. O almoço de congratulação irá decorrer no dia 21 de Fevereiro, pelas
12h30, no salão das obras sociais da igreja, numa organização ABC/Amigos de Bustos. O almoço, que contará com mais de 150 pessoas, servirá também para angariar fundos para a ABC.
O bacalhoeiro Brites
JOAQUIM
DA ROCHA BRITES
(1922)
EMIGRANTE E COMENDADOR
Joaquim
da Rocha Brites nasceu no lugar do Cabeço, freguesia de Bustos. Naquele dia, 12
de Janeiro de 1922, Clementina Simões dos Reis deu à luz um menino para alegria
do pai, João Maria da Rocha Brites
Corria o ano de 1936 quando uma
carta vinda do Brasil lhe veio abrir as
portas da emigração. Tinha 13 anos quando entrou em Lisboa, num barco chamado
Astúrias e onze dias depois aportava a Santos.
A carta
de chamada estava assinada pelo tio, Adelino da Rocha Brites, homem de visão,
agricultor e empresário que começou por lhe facultar os estudos essenciais,
primeiro a escola primária, depois o curso de contabilidade.
Joaquim da Rocha Brites
O
estudo e o trabalho levam-no a administrar os negócios familiares, dando início
a uma carreira de gestor. Entre 1945 e 1960, esteve à frente da Associação de Agricultores
de Santos. Como empresário apostou na produção e exportação de bananas. Em Portugal,
com a empresa Brites, Vaz e Irmãos (Gafanha da Encarnação), investiu na pesca
do bacalhau. O seu nome (Brites) cruzou os mares na proa do arrastão
bacalhoeiro da empresa, que foi lançado à água em abril de 1971.
Socialmente empenhado
foi dirigente de várias associações e presidente da Portuguesa Santista, a
"briosa", uma das equipas fundadoras da Federação Paulista de Futebol.
Em 2011 recebeu o título de Cidadão Honorário de Peruibe, por reconhecimento de
todos os vereadores do município, que assim agradeceram a doação de todos os
equipamentos e móveis do posto médico de Peruibe, incluindo uma ambulância.
Homem
multifacetado e generoso tem mantido uma constante ligação a Portugal e a
Bustos tendo, por exemplo, contribuído para a compra do palacete pela ABC.
Em
junho de 2014 foi agraciado pelo presidente da República com a Comenda da Ordem
de Mérito da República Portuguesa.
Em 21
de dezembro de 2015 a Assembleia de Freguesia da União de freguesias de Bustos,
Troviscal e Mamarrosa, aprovou por unanimidade um voto de homenagem e louvor,
manifestando orgulho no seu exemplo.
A edição portuguesa do livro de A.F.R
ANTÓNIO FRANCISCO DOS REIS
(1859-1939)
MANUSCRITO EDITADO NO BRASIL E PORTUGAL
“Terra adotada: relato de um emigrante” reproduz o livro de “lembranças” escrito por António Francisco dos Reis, que chegou ao
Rio de Janeiro em 11 de dezembro de 1874. Tinha 15 anos, haveria de cumprir os
16 a 20 de janeiro do ano seguinte, e
não sabia ler nem escrever.
Depois de permanecer no estado carioca por doze anos
acabou por se instalar em Ouro Preto, capital do estado de Minas Gerais, onde
se estabeleceu como comerciante.
Jazigo no cemitério de Bustos
Em 1905
foi nomeado Major Fiscal do 274º batalhão de Infantaria da Guarda Nacional da
Câmara de Ouro Preto.
Regressou a Bustos no dia 9 de Setembro de 1890, aproveitando para
mandar construir no cemitério “em cima da sepultura de meu querido Pai uma
campa e um Cruzeiro de Pedra”. No ano seguinte voltou para o Brasil.onde se
casou (31 de dezembro de 1892) com Ambrosina Fiúsa dos Reis.
A segunda viagem a Bustos aconteceu em julho de 1907. António veio acompanhado
por mulher e filhos tendo aqui nascido (28 de setembro de 1908) a filha Maria Fiúza dos Reis. Ficou em
Portugal cerca de três anos tendo reconstruido o jazigo familiar que ainda hoje
conta com a inscrição que então mandou cinzelar: “Aqui jaz Manoel Francisco Rei
e sua esposa Josepha de Oliveira (…).” Em baixo, à esquerda, identificou-se
como “António Francisco dos Reis - Negociante no Brazil.”
O manuscrito agora publicado (Coleção
Notícias de Bustos) não o revela, mas terá sido em finais de 1909, ou já em 1910, que regressou definitivamente a Ouro Preto. Ali faleceu no ano de 1939.
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