Na próxima sexta feira, último dia
da campanha eleitoral, vai realizar-se mais uma almoçarada promovida pelo
senhor Presidente da Câmara, Mário João Oliveira. Desta vez será a “população idosa
do concelho” a ganhar um almoço grátis com animação musical, mais um passeio de
autocarro que os levará a todos para um restaurante longe do nosso concelho, em Ponte de Lima. Curiosamente
a iniciativa está a ser organizada de forma tão discreta quem nem o sítio da C.M.O.B.
na internet dela dá notícia.
A manipulação política, o uso de
dinheiros públicos visando interesses partidários tornou-se prática comum na
nossa democracia. A degradação de valores chegou ao ponto de ter sido extinta a
noção de verdade. Hoje os políticos não mentem, enganam-se, ou então fingem ser comentadores.
Vejamos, apenas, o
que aconteceu nos últimos dias.
Passos Coelho, Primeiro Ministro,
seguindo um guião previamente elaborado (ele é muito bom a seguir guiões) veio
anunciar um pagamento antecipado ao F.M.I. Realmente esse pagamento estava
previsto (seria o grande trunfo da campanha eleitoral) mas ao não se realizar a
venda do Novo Banco (Banco criado pelo Governo com dinheiro emprestado) lá se
foi a poupança de juros e a antecipação de pagamento. Bem pelo contrário aumentaram
os juros e a dívida, pulando o défice público para a casa dos 7%.
Uma vez mais serão os portugueses a
financiar a Banca privada com os seus impostos e, enquanto isto, o Sr. Primeiro
Ministro diz que a questão do défice é “meramente estatística” e que, neste
caso, a estatística não tem interesse nenhum. Com ele nem os números falam verdade em
Portugal..
Os interesses económicos dominam e
controlam a informação que é divulgada de uma forma onde também as questões da
verdade e mentira já não contam. Até porque aldrabar transformou-se numa nova filosofia.
Na política vale tudo para manter o poder, na economia tudo se justifica com o
lucro.
Nesta mesma semana em que soubemos
que graças a banqueiros corruptos e incompetentes e ao aventureirismo
governamental (mais de 80 mil milhões foram pedidos emprestados para financiar
a Banca) estamos mais pobres e endividados, descobrimos que também a Volkswagen
nos andava a enganar quanto aos gazes poluentes das suas viaturas. Pelo menos o
presidente do grupo demitiu-se e ninguém veio dizer que o programa de computador
que manipulava os números é “uma questão estatística” sem qualquer relevância.
E, qual cereja no topo do bolo,
soube-se hoje que, em 2012, a atual Ministra das Finanças retirou de forma
artificial 157 milhões de euros do défice orçamental. Escondeu o prejuízo e aldrabou
os números.
Ao pé de tudo isto o que vale um
almocinho pago pelo presidente da Câmara na antevéspera das eleições?
Quase nada, é uma pequena “questão estatística”
a figurar no orçamento dos “almoços grátis”.
Belino Costa