O Torreão
O símbolo da nossa
Terra,
Será sempre o Torreão.
– P’ra onde quer que tu vás,
Leva-o no teu coração
…
– Não em peso. Na
medida
Que caiba dentro de
ti.
Terás boa companhia:
– Uma imagem que
sorri!
Nov. 1984
(Hilário Costa, p. 119)**
O Torreão e
o Palacete do Visconde irão entrar em obras de manutenção e de conservação.
Quando, ainda não se sabe. É assunto que por certo estará em estudo. É tempo de arregaçar as mangas.Assim
seja.
Ainda que as circunstâncias sejam irrepetíveis,
faz-se uma revisita ao relatório ‘obras
do Palacete’ de Hilário Costa (HC), publicado em “Bustos – Memórias de um
Bustoense”, 1984, para decantar a memória dos tempos da grande intervenção
naquelas construções.
Ouçamos Hilário Costa, o grande timoneiro dessa
intervenção:
«»
“Obras no Palacete” (a)
… é digno mencionar o nome do
Manuel Pedreiras,
o construtor que (…) fez
gratuitamente.
(Hilário Costa, p. 111) **
Bustos Centro, foto colecção. Bustos d'outrora (Alberto Martins) |
Depois do ajuste de preço com os herdeiros do
Visconde e a assinatura do compromisso de compra e venda do palacete e a
entrega de três milhões de escudos, ou sejam três mil contos, começamos com as
obras do torreão, o mais necessitado de reparação.
SÓ AS PAREDES ESCAPARAM …
TORREÃO - Local da venda de peixe - foto colecção. Bustos d'outrora (Alberto Martins)) |
Só as paredes restam da antiga construção.
A cúpula foi retirada em pedaços, com a madeira
podre, sendo necessário construir nova cúpula, segura, em modernas condições.
A porta e as janelas foram feitas da mais fina e
forte qualidade de madeira.
OFERTA DE MANUEL VALENTE
A escada, de madeira, estava em péssimo estado,
sendo necessário substituí-la por uma escada circular e patamar junto às
janelas, em ferro da autoria e oferecimento do Manuel Valente.
E procurámos dar ao exterior do torreão um tom em
pintura, semelhante ao que nele existiu.
PALACETE –
REPARAÇÕES PROFUNDAS …
Em seguida começámos no palacete a reparar os
telhados onde chovia e a colocar novas portas e janelas em quase todo o
edifício; porque, algumas das que lá existiam estavam em péssimo estado.
Também as duas janelas-varandas, do lado norte e
nascente, foram retiradas e substituídas.
ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS
E continuámos com todas as restaurações
necessárias, principalmente no rés-do-chão, de acordo com as ordens da
Direcção-Geral de Saúde, que, para lá enviou todo o mobiliário.
Foi necessário modificar a antiga e triste cozinha
lá existente, para sala de curativos, com tecto falso, paredes com azulejo e o
chão a mozaico.
De uma grande casa de banho foram construídas
duas, ao mesmo tempo que os canalizadores e electricistas iam trabalhando pelo
edifício, rés-do-chão.
O Manuel Pedreiras (Francês) trabalhou activamente
na parte interior do edifício, com os seus empregados, enquanto o Manuel
Fonseca, com o seu pessoal, trabalharam no reforço da totalidade do telhado,
paredes, pinturas e polições gerais exteriores, tal qual se encontram menos a
restauração da torre do palacete que ainda se encontra a recuperar.*
INSTALAÇÃO DA BIBLIOTECA C. GULBENKIAN
A sala para a instalação da Biblioteca C.
Gulbenkian, foi preparada para tal fim, com a mesma graciosidade no tecto,
excepto paredes, portas e janelas que foram pintadas.
Na sala de espera dos pacientes, também foram
pintadas as paredes e janelas; mas as portas e o tecto ficaram com as pinturas
antigas, duma certa graciosidade.
O consultório e o escritório foram perfeitamente restaurados.
Palacete do Visconde publicitado pela Câmara Municipal de Oliveira do Bairro |
HILÁRIO FERREIRA RECONSTRÓI O POÇO …
Enquanto todos estes trabalhos iam sendo feitos, o
Hilário Ferreira reconstruiu o poço e fez uma cobertura resistente sobre o
mesmo.
O Manuel Pedreiras construiu uma plataforma na
rectaguarda-poente da propriedade, onde se exibiu já o «Rancho Folclórico da
Região da Bairrada – Mamarrosa», que actuou gratuitamente, e lá tocou a Banda
Musical da mesma terra, também gratuitamente, como sempre tem tocado em todos
os dias de festa do 18 de Fevereiro. E diversas demonstrações se têm efectuado
naquele local, com o maior regozijo para todos nós. (E é digno mencionar o nome
do Manuel Pedreiras, o construtor que o fez gratuitamente).
E o Manuel Pedreiras construiu as fossas
monumentais para servirem o palacete e os outros edifícios que hão-de ser
construídos, sob a nossa orientação: a minha e a dele.
SÃO DIGNOS
…
São dignos do nosso apoio, portanto, o Manuel Valente, Manuel Pedreiras, Manuel Fonseca, Manuel Micaelo, Vasco Micaelo, Arnaldo Santos e alguns mais que não pertencendo à direcção do A. B. C. de Bustos contribuíram com o seu esforço, (pago ou gratuito) para a restauração e embelezamento dos edifícios que nós muito estimamos.
MERECEM … LOUVOR …
E merecem o nosso louvor e a nossa estima todas as
senhoras que, durante três anos, trabalharam com sacrifício e carinho pela
Nobre Causa de engrandecer Bustos – esta nossa Linda Terra!
(Não publico os seus nomes por me se impossível
fazê-lo)
"O Sr. Vitorino Reis Pedreiras e eu, da janela-varanda do palacete, hasteamos a bandeira nacional e a bandeira-símbolo -de Bustos, no dia 18 de Fevereiro de 1982. (HC, p.113] foto retirada daqui |
* Essa
recuperação foi feita pelo sr. Manuel Fonseca, em Setembro passado. (HC, p.110)
__________
( ** e a) Hilário
Costa, Bustos – Memórias de um Bustoense, edição do autor. Dezembro 1984. (“Obras
no Palacete”, p.s 109 e sgs)
Nota– Os subtítulos são da responsabilidade do
editor
O Sérgio insiste em chamar a um conjunto de fotografias pertencentes à ABC, fotografias que integraram uma exposição ali realizada em 1981, como a coleção Alberto Martins o que a meu ver é um erro. O Alberto (no curto tempo que esteve na direção da Associação) limitou-se a ir buscar os negativos a uma caixa onde estes estavam guardados. Tanto bastou para passar a ser colecionador ????
ResponderEliminarObrigado pela correcção. O Alberto Martins, não sendo coleccionador, estará sempre ligado às fotos em causa. Não se deve esquecer que foi no blogue Bustos à lupa que a colecção teve a luz do dia.Mesmo tendo em conta que as fotos reproduzidas são herdeiras de outras que fizeram parte de uma célebre exposição que houve no ABC. e que estavam desaparecidas. Fiz as alterações mais adequadas, sem tirar o nome de Alberto Martins autor da edição da colecção no Bustos à lupa...
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