... de Augusto Serafim
Manuel Arrais é um bustuense nascido no lugar da Azurveira.
Aprendeu com famoso mestre da Palhaça, a arte da confecção tornando-se alfaiate. Ao completar 18 anos, já trabalhava por conta própria numa oficina instalada em casa dos pais.
Casado com uma então jovem moça da família dos Correia
s, moradora na principal rua de Bustos em frente à outrora casa do nobre bustuense Jacinto dos Louros, o Arrais alfaiate adquiriu de um comerciante de adubo, um armazém existente na rua do Sobreiro, transformando o mesmo numa alfaiataria, que logo complementou com um quarto e uma cozinha. Adquirindo outras pequenas áreas de terra ao redor, pode então proporcionar à esposa e filhos Aristides, Ilda e Telmo, as necessárias condições de vida em família. Nos inícios dos anos 40, O Arrais alfaiate, convidado pelos irmãos Augusto e Manuel Serafim, mudou de endereço sua alfaiataria.
Augusto e Manuel Costa – os irmãos Serafim – que haviam assumido os negócios de venda de tecidos dos Sérgios, compraram um imóvel de esquina, existente bem no centro de Bustos, em frente à venda dos Motas, lá construindo um belo edifício, tendo ocupado toda a frente do terreno, que se transformou a esse tempo, no maior espaço comercial do lugar.
foto Lila Oliveira Martins
Os irmãos transferiram para aquele seu prédio próprio, o comércio de tecidos, anteriormente funcionando na propriedade dos Sérgios.
(José Valério em frente ao terreno do Visconde)
No referido terreno de esquina, comprado do Sr. Visconde de Bustos, existia aos fundos, uma casa antiga ao lado da qual corria um córrego que passava pelos fundos do Clube de Bustos. Pois foi essa a casa que o Augusto Serafim ofereceu ao Arrais alfaiate, para que nela fosse instalada a sua nova alfaiataria.
(foto colecção Bustos d'outrora)
As verdadeiras amizades são eternas. Em setembro de 2010 voltei aos rincões de minha terra natal. Recepcionado excepcionalmente por Belino Costa, fiquei hospedado durante 4 dias na residência da senhora sua mãe, Dona Esmeralda aonde se achava também sua filha Dina, sendo tratado com a mais nobre das considerações. A partir dali, fui levado para um apartamento da Costa Nova de propriedade de Belino, onde permaneci por mais de um mês. No início de Novembro daquele ano, atendendo a um convite, almocei com Augusto Serafim, em Aveiro. Nossa conversa foi longa de recordações mil. Parte da conversa envolveu lembranças de meu pai, o Arrais alfaiate. Em alguns momentos vi emoção em seu olhar. Com toda a lucidez, Augusto discorreu sobre sua saúde, intervenções cirúrgicas e excertos de alguns momentos marcantes de sua vida pessoal. Em determinado momento, perguntou-me há quanto tempo eu não ia à terra. Diante da resposta de que fazia mais de 10 anos, ele observou com certa picardia: Então deverás voltar aqui novamente daqui a uns dez anos... Vou estabelecer uma meta para prolongar a minha vida a fim de completar 100 anos e você já está convidado para este meu aniversário.
Amigo Augusto: Já estou fazendo uma poupança mensal destinada à compra das passagens para o seu aniversário dos 100 anos. Por hora aceite de mim e de meu pai, um grande abraço, pela passagem de nonagésimo segundo ano, com a força e a energia de fazê-lo chegar aos 100 anos. Afinal, somente faltam mais oito.
Em tempo: Meu pai Arrais avisara-me em 2010, que apenas esperaria meu retorno de Portugal, para se deixar levar, a seguir, para o outro lado da vida. Mas quando lhe falei da intenção dos 100 anos de Augusto Serafim, ele me falou que então faria coro com seu amigo Augusto, propondo-se a chegar também aos 100... Ele está com 96 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário