Na Grécia antiga o jogo era uma actividade mais religiosa do que desportiva. Actualmente o desporto, mais concretamente o futebol, é um fenómeno mais desportivo do que religioso, apesar de manter com este uma estreita relação.
Assim, religião e futebol são dois fenómenos inerentes ao imaginário popular que, a medida que se foi laicizando, encontrou no futebol a religiosidade antes devota ao transcendente. Aliás, a linguagem futebolística estabelece, não raras vezes, a afinidade futebol-religião.
É frequente a analogia entre grandes estádios de futebol e os templos religiosos – todos nós já ouvimos falar da “Catedral da Luz”. Além disso, as claques e alguns adeptos, tais peregrinos, não cessam de prestar culto ao “santo da sua devoção”. Outras vezes, quando o jogo é difícil, muitos adeptos rezam para pedir o “milagre” da vitória. Mas, se a equipa da sua predilecção os defrauda, muitos adeptos não recusariam os métodos da inquisição.
Ora, se as grandes equipas de futebol tem catedrais para congregar os seus fiéis adeptos, o campo de futebol regional é uma capela (quiçá, o orago) onde muitos bairristas demonstram a sua laica religiosidade. Aí, o futebol, é o adro da capela, o terreiro, local de encontro e de culto.
Também por terras de Bustos há uma capela onde muita gente devota. E, nesta semana que termina, muitos foram os gritos de júbilo pela esforçada vitória da União Desportiva de Bustos, a qual pôs toda a gente a falar a língua do coração.
Parabéns aos jogadores, que souberam vencer-se a si mesmos, às dúvidas que, naturalmente, os assaltaram antes do jogo, à equipa técnica, e ao treinador pela vitória do nosso contentamento.
Felizardo Ventura
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