Uma Nova Classe de Bactérias foi descoberta a 1447 metros de profundidade no Mar Vermelho e estudada por uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), coordenada pelo Prof. Catedrático Milton Costa, do Departamento de Bioquímica e pelo Doutor André Antunes, do Centro de Neurociências e Biologia Celular.
Esta descoberta é o resultado de uma investigação iniciada em 2004 com uma expedição ao Mar Vermelho organizada por investigadores alemães. Os cientistas portugueses e alemães pretendiam isolar microrganismos de zonas hipersalinas, sendo que foi a primeira vez que se recolheram organismos do fundo das fossas salgadas do Mar Vermelho, onde não há luz nem oxigénio.
Recorrendo a uma sonda, foram retiradas amostras da interface entre o solo e a salmoira da fossa abissal de Shaban, vários microrganismos foram posteriormente isolados na Alemanha com a colaboração (do Prof. Robert Huber e o seu grupo da Universidade de Regensburg). A caracterização destes microrganismos foi depois concluida em Coimbra.
Um dos micróbios descobertos – designado no laboratório por E.T. (o nome científico é, Haloplasma contractile) representa “um grupo de bactérias que nunca se imaginava que existisse, importantíssimo para o estudo da evolução das bactérias. É uma linhagem evolutiva diferente de todas as linhagens existentes” explica o docente da FCTUC que, sustenta, “em termos de microbiologia fundamental é o micróbio mais estranho e interessante descoberto nas últimas duas décadas, completamente diferente do que se conhecia no mundo”.
Esta descoberta, cujo artigo científico foi recentemente publicado no jornal de referência da Microbiologia, o Journal of Bacteriology, está a agitar a Comunidade Científica Mundial porque há um “mundo” a desbravar no novo grupo de microrganismos.
Sendo o ET um “micróbio do outro mundo é muito difícil percebê-lo e por isso há muitos estudos a realizar, estudos que passam p. ex., por sequenciar o genoma do micróbio, caracterizar o seu ambiente, entre muitos outros. Há já um investigador da Alemanha (do Instituto Max-Planck) a estudar a mobilidade do ET”, adianta o Prof. Milton Costa. A bactéria tem uma morfologia singular e parece mover-se por “tentáculos”.
Para se ter uma ideia da importância da descoberta desta Classe de bactérias (em termos evolutivos, uma Classe representa um grupo de organismos como os mamíferos, ou as aves ou os insectos), no reino das bactérias são conhecidos pouco mais de duas dezenas de filos/classes - com determinadas características evolutivas conhecidas. Este micróbio representa mais um destes grupos evolutivos mas com características muito diferentes dos outros.
Nota de imprensa da Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra
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