31 de agosto de 2005

ARMOR P. MOTA REMEXE TROVISCAL

Assim acontece no próximo 10 de Setembro (sábado) na Casa da Freguesia do Troviscal (conhecida por sede da Junta), com o lançamento de mais um livro de Armor Pires Mota dedicado à história do concelho: “Troviscal Visão Histórico-Cultural”. 17H00, se houver pontualidade
Luís Machado de Abreu, docente da Universidade de Aveiro, apresenta o livro e autor.
A edição tem o patrocínio do Executivo Camarário.
As lutas anticlericais. A expulsão dos Pimentas, com honras de placa. A ex-comunhão da Banda... Por certo serão condimentadas com polémica.
Por certo, o memorial dos fundadores da Assembleia Republicana terá lugar de honra no livro
Uma pergunta: O Dr. Arlindo Vicente (pintor e político) será o patrono da escola das artes criada pelo executivo?
Sérgio Micaelo Ferreira

29 de agosto de 2005

MANUEL SIMÕES LUZIO JR: A HOMENAGEM QUE FALTAVA - 1

Manuel Simões Luzio Jr. nasceu no Barrôco da Póvoa em 6/6/1919. Aprendeu as primeiras letras (1ª e 2ª classe) na casa do avô, Manuel Simões Luzio, que disponibilizou uma sala para o ensino primário. Foi seu professor Manuel Martins, de Perrães. A 3ª classe fê-la no Sobreiro, na casa onde veio a funcionar o restaurante Ti Maria, ali onde recentemente nasceu a ampla rotunda. A 4ª classe, essa, já decorreu na Escola Primária de Bustos, então ainda em obras e que em 1929 foi rebocada e pintada por dentro para receber os primeiros alunos.

Só que aos 8 anos o Ti Manuel Luzio já mostrava inclinação para as artes: pela mão de sua mãe, Maria Ferreira (a “Ti Maria dos Ovos”, que ainda conheci) entrou numa peça teatral que foi representada no espaço da serração do Ti Sebastião Fabiano, entretanto encerrada por força da grande crise que assolou muitos pequenos empresários da região e levou à falência alguns estabelecimentos de Bustos.
O Ti Manuel Luzio representou um monólogo, “O Vaidoso” e foi essa a alcunha que o haveria de acompanhar nos anos da sua juventude.

As peças de teatro sucederam-se, sempre sob a batuta da mãe e, entre outros que não recorda, faziam também de actores: o Ti António Serralheiro, da Póvoa, o Ti Carradas (Manuel Augusto Simões), o João Camarneira, do Cabeço e o Balsas carpinteiro, que trabalhava cá mas era dos lados de Montemor-o-Velho, da terra que lhe deu o nome.
Aos 14 anos já andava metido nas famosas “contradanças” (1), uma bem articulada forma de dança popular de salão e de rua, em moda a par das afamadas “cégadas”. Também não admira: Bustos era terra de progresso e intervenção cívica e política, com dois jornais editados na terra, “Farol da Liberdade”, publicação republicana e regionalista que saiu na Quinta Nova em 1916 e 1917 e “Alma Popular” (1918-41), uma revista literária e científica,“Esperança”(1925/26), do Padre Agostinho Pires e Estação Telégrafo-Postal (1928). (2)

Aos 18 anos tinha por companheiros de contradança Manuel da Barroca, Augusto Micaelo, Manuel Serafim, o irmão António, Adelino Pardal, Rodolfo Reis, Aniano Martins, António Maria Barreira (da Malhada), grupo que se apresentou à população com uma encenação intitulada “Como é linda a nossa Terra”.
Até que chegou a saudosa revista “Bustos em Cuecas”, esse ex-libris das manifestações teatrais e revisteiras de Bustos. Estava-se em 1937 e um dos quadros rezava assim:
Sou dos filhos de ninguém
Que Deus fadou na aventura
Minha Mãe, se eu tive Mãe
Foi de certo a noite escura.

[Refrão]
A sina que hei-de cumprir
Esta sina a caminhar
Se chego penso em partir
Se parto penso em voltar
*
Assentei praça em menino
Fui sempre soldado raso
Minha bandeira é o destino
Meu capitão o acaso


Claro que o amigo Manuel Luzio Jr. não ficou de fora e entrou em vários quadros. Nem se ficou pela célebre revista, pois voltou ao teatrinho de aldeia e bem acompanhado: Rodolfo, irmão António, tia Cremilde, Nina Fabiano (mulher do Pompeu), Irene do Rodolfo, Carmindo Rodrigues da Palhaça (irmão dum futuro seu sócio na Venezuela) e os irmãos Luís e Justino Branco, estes da Malhada.
Só que agora as peças teatrais passaram a ter assento bem no centro de Bustos, no recém inaugurado Centro Recreativo de Instrução e Beneficência (1936). “As Duas Gatas”, “Visconde da Ribeira Branca”, “Almas do Outro Mundo”, “Um Erro Judicial”, a par de cançonetas, duetos e monólogos, eram ali representados no período do inverno, quando era menor o desassossego das lides do campo.
As peças, todas de “Theatro Escolhido, Proprio para Amadores e de Agrado Certo”, essas eram mandadas vir de Lisboa pelo Ti Albertino Luzio e já vinham com as encenações explicadas.

Mas o gosto pelo teatro e contradanças era para as horas livres. Entretanto e como era próprio de filho de lavradores, ajudava os pais nas lides do campo e trabalhava “de fora”, à jorna. Queria seguir os passos do avô e dos tios Eusébio e Amador, na arte da carpintaria, mas acabou por ser aprendiz de barbeiro com mestre António Alves, no local onde hoje é a casa dos herdeiros do João Augusto Pedro, ali em frente ao cemitério. Ainda se lembra bem da navalha “Bismark” que usava e de ir à loja comprar uns tostões de aguardente para desinfectar a cara dos clientes.
Ao fim de 2 anos estabeleceu-se na casa do pai, por conta própria, onde acabou por ensinar 4 dos seus irmãos: António, Arménio, Virgílio e Mário, que o João, esse, não sentia o gosto pela arte. Os clientes, claro, eram avençados e recebia-se em géneros; chegou a fazer 6/7 mil quilos de milho por ano, a par da batata, feijão, abóboras e cebolas.
Acabou por mudar a salinha da barbearia para a casa da Ti Joana do Fabiano, no princípio da Póvoa e daí seguiu para a tropa, deixando a barbearia aos irmãos.
Quando regressou do Regimento de Cavalaria 5, de Aveiro, já a barbearia funcionava na casa que foi do Veiga e onde existiu a farmácia de Bustos antes da mudança desta bem para o centro do lugar. Foi o 1º a comprar (no Porto) espelhos e cadeiras rotativas, com que recheou a “Barbearia Luzios”.
Enquanto esteve na tropa cuidou de fazer o 1º ano de Comércio na Escola Fernando Caldeira, em Aveiro, que o brindou com uma classificação (18 valores) que lhe haveria de ser muito útil nas tarefas que o esperavam na vila de Oliveira do Bairro, a tratar das senhas e cadernetas para o sulfato, criadas pela Junta Nacional de Vinhos e Grémio da Lavoura por via do racionamento imposto pela 2ª grande Guerra.

A ida para a Venezuela veio logo a seguir (22/9/48) a ali se manteve ligado a actividades sociais e recreativas, que retomaria com a criação do Orfeão de Bustos após o seu regresso definitivo no 1º dia do ano de 1981.
É do que falaremos mais tarde.

Mais do que o autarca, deveria ter sido este o cidadão de Bustos a receber no passado dia 26 a Medalha Municipal de Mérito – Autarca, Grau Prata.
Porque não nos faltam os autarcas e muito menos os candidatos a autarcas.
Falta-nos, sim, é recuperar a Escola de Artistas que à luz das velas ou do luar encheu as noites de Bustos durante toda a 1ª metade do Séc. XX.
*
(1) de “country dance” ou “contredanse”, dança campestre explicada em
http://attambur.com/Recolhas/Estremadura/Dancas/contradanca.htm.
(2) ler “Bustos – Elementos para a sua história”, de Arsénio Mota, ed. da ABC de Bustos, 1983, a págs. 28 e seguintes.

*
Oscar de Bustos

16 de agosto de 2005

15 de agosto de 2005

PROCISSÃO DE S. LOURENÇO: UM ACTO DE FÉ, DE TRADIÇÕES..e algumas contradições


Teria de remexer bem o meu baú das recordações de menino e moço para relembrar ao pormenor a Procissão de S. Lourenço e toda a sua parafernália de ritos e símbolos físicos.
Confesso que guardo melhor na memória o que chamávamos, nos princípios de 60, de “Santo Sacrifício da Saída da Missa”: era no adro da velha Igreja com inscrições setecentistas que ansiosamente aguardávamos a saída das beldades, sacrílego acto que mais não era do que o despontar da rebeldia de quem começava a conviver mal com tempos de tamanha contenção e fome da outra…
Mas ontem, confesso-vos, tirei a barriga de misérias. Soube-me bem reentrar nos meandros da antiquíssima tradição da procissão do padroeiro de Bustos, o nosso querido S. Lourenço, mais tarde consorciado ao também muito nosso Santo António, decisão tomada há uns 15 anos pelo Povo das festas e romarias por razões que julgo ligadas a regras de economia festeira.

Mas vamos ao que interessa: a profanada procissão do S. Lourenço:
Já passava bem das 5 horas da quentíssima tarde e terminada que foi a longa e concorrida missa, quando a procissão se pôs a caminho, iniciando o percurso na muito nossa Praça Vermelha.
O extenso cortejo seguiu pela rua de S. Lourenço, virou à direita para a rua 18 de Fevereiro, Barreira abaixo, onde contornou o novíssimo cruzeiro que a Sra. Junta teve o cuidado de inaugurar no dia do padroeiro e em ano de eleições autárquicas.
Dada a volta ao reluzente cruzeiro de calcárea pedra, a concorrida procissão subiu a mesma 18 de Fevereiro até reentrar na Igreja, não sem voltar a pisar a Praça Vermelha, esse novo ex-libris da freguesia de todos nós.

Abriu a procissão a fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, seguida dos guiões das Irmandades de Bustos (1), Mamarrosa (2) e Troviscal (1). Vinham a seguir os estandartes ou bandeiras das seguintes Irmandades: de S. Lourenço e de Santo António (ambas de Bustos), de S. Simão da Mamarrosa (2), de S. Bartolomeu do Troviscal (2) e as de S. Martinho da Amoreira da Gândara (2), estandartes estes que, como se viu, vinham desacompanhados do respectivo guião.
Uma falta que tenho pouca vontade de perdoar, como não sou de perdoar aos aguerridos vizinhos da Palhaça, ao que se diz zangados com a organização dos nossos festejos por razões que os cristãos deveriam ultrapassar ou, vá lá, resolver no segredo do confessionário.
Mas adiante, que a procissão não pode parar: é o ritmo que se perde e com ele o belo impacto que o ritual transmite aos nossos olhos e aos corações.
Foram essas as maiores preocupações dos dois mandantes da procissão: o Manuel Grangeia, que é o Juiz da Irmandade e o Manel Francês, Juiz da Confraria, que sabem da poda e se dão ao respeito.

Atrás dos estandartes vinham os 10 andores, tantas são as Santas e Santos que protegem a nossa freguesia e que passo a ordenar: N.ª Sra. do Leite (também chamada do Ó) e N.ª Sra. de Fátima (ambas adstritas à Igreja); S. João (santo do Sobreiro e da total devoção desse penitente pagão que é o Milton Costa); N.ª Sra. dos Emigrantes, da Azurveira; S. Martinho, do Cabeço; N.ª Sra. das Necessidades, da sobreirense rua dos Vieiras; N.ª Sra. da Saúde, da capelinha da Barreira, que ali convive mal com o controverso “S. Gregório” e do qual falarei mais abaixo; Sr. dos Aflitos, da Póvoa e, finalmente, o Santo António e o S. Lourenço, estes também sediados na Igreja e os verdadeiros padroeiros da festa.

Atrás do S. Lourenço caminhavam solenemente os Arautos de Fátima, também apelidados de Oratórios de N.ª Sra. do 3º Milénio, companheiros estes que eram seguidos do estandarte em metal bem pintado do S. Miguel, quadro que data de 1966 e faz lembrar a iconografia ortodoxa. Desde há 3 anos que este padroeiro passou a acompanhar a procissão, que isto de solidificar a fé também se mede pela profusão dos seus ícones e água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

O Orfeão de Bustos vinha logo a atrás do S. Miguel, a ponto de eu ter chegado a pensar que alguém tinha encontrado o novo guardião das cristalinas vozes dos nossos orfeonistas; o presidente Belinquete apressou-se a desmentir-mo ia a procissão a chegar ao recém inaugurado cruzeiro da Barreira.

A fechar a parte sacra da procissão e imediatamente antes do pálio debaixo do qual imperava o nosso Padre Arlindo, ladeado pelos seus 2 acólitos, vinha a cruz do Senhor. A excelente Banda de Música da nossa Mamarrosa encerrava o cortejo.

Ao invés da cruz, a sagrada custódia, essa, só sai nas procissões do Santíssimo Sacramento e sem os andores dos Santos. A Igreja tem as suas regras e apesar de alguma maleabilidade, há limites que não podem ser ultrapassados.
Que o diga o Povo da Barreira! Depois do seu S. Gregório ter participado em várias procissões (chegou a ser levado ao colo, sem direito a andor e até a entrar na procissão quando ela já estava no adro), este ano a Igreja não transigiu: o S. Gregório foi saneado, que ele nem beatificado ainda está, quanto mais santo, diz o Padre Arlindo e com razão.

A Barreira é que não esteve pelos ajustes: se o S. Gregório não vai à procissão, pois a procissão há-de vir ao S. Gregório!
E foi o que aconteceu, como bem ilustra a foto ao lado: guiões, estandartes, santas e santos (mesmo os mais pecadores), cruzes, padre, acólitos, pegadores de pálio, meninos vestidos de anjinhos, à S. João ou à 3 pastorinhos, aguadeiros, tocadores, cantadores e demais seguidores da procissão, todos deram a volta em seu redor.
Bastou-lhe esperar de pé, na base do novo cruzeiro da Barreira, bem rodeado de lindos e frescos cravos de vermelho-tinto!
Queriam melhor homenagem ao S. Gregório?
Julgavam que levavam a melhor ao bom Povo da Barreira?
Estão “muito mal enganados”!
O S. Gregório pode não ter entrado na procissão, mas lá que foi ele a marcar o passo da dita, isso ninguém lhe pode negar!

E VIVAM OS SANTOS POPULARES do nosso encantamento!!
*
Oscar de Bustos

10 de agosto de 2005

RITMOS DE S.LOURENÇO

A menina dança?
O arraial desta noite é abrilhantado pelo grupo de baile Central. Amanhã, quinta-feira, a noite pertence aos Cantares Populares de Bustos. Pelas 22 horas no largo da Igreja, também conhecido como Praça Vermelha.
A festa continua!

7 de agosto de 2005

MAMARROSA: FESTEJOS EM HONRA DE S.SEBASTIÃO

S. Sebastião
Autor: Vasco Fernandes (Grão Vasco) (1501 - 1540)
Local: Museu de Grão Vasco (Viseu)
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O povo da Mamarrosa (a par dos nossos vizinhos da Palhaça) tem um especial carinho pelo mártir S. Sebastião; este Santo de tantas devoções é uma constante em nome de ruas, cidades, praças e outros sítios de Portugal e Brasil. Talvez porque gostamos de sofrer e fazer sofrer, sentimento que a terra da “MAMOARÁSA” - assim chamada em documento de 1020 – também quis chamar a si.

Pois as festas em honra do martirizado Santo começaram a 5 e hão-de acabar na próxima 3ª feira.
Chamo a especial atenção para a 2ª Mostra de Gastronomia, que os petiscos e pratos são variados e aliciantes e nem a desajustada obra em curso da futura sede da Sra. Junta nos faz perder o apetite. A sede não nasceu para aquele sítio, pensado para espaço de lazer, mas os políticos têm certamente razões que os nossos martirizados corações desconhecem.

As tendinhas, essas, pertencem às muitas associações locais, onde só me parece faltar o Rancho das Vindimadeiras: estão lá a ADASMA, o Mamarrosa Futebol Club, a Associação Beneficente Cultura e Recreio (criada para manter viva a chama da Banda Filarmónica da Mamarrosa), a Casa do Povo, o Grupo de Animação Cultural, o Rancho Folclórico de S. Simão (este, o orago da nossa Freguesia/Mãe), a Associação Progresso e Desenvolvimento da Quinta do Gordo e a tenda da Comissão das Festas, que todas as ajudas são poucas para cobrir os encargos.

Sobrou ainda sítio para a “Trabuqueta” e para o “Cantinho das Relíquias”, este a lembrar-nos as duas rodas em que se faziam transportar os nossos avoengos a partir de 1900. Gostei especialmente desta moto “Matchless/1945”, a lembrar os finais da 2ª Grande Guerra.
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A Banda ensaiava e tocava no salão construído em frente à igreja pelo seu grande artífice, o muito lembrado Prof. Jaime de Oliveira Pinto de Sousa, irmão do Prof. José de Oliveira da Banda do Troviscal. O famoso Maestro tocava na “Tuna dos Malhadeiros” da Amoreira da Gândara e terá sido o casamento a trazê-lo para a Mamarrosa, onde se instalou na casa do sogro, casa esta que mais tarde veio a funcionar como clínica pelas mãos do querido mamarrosense Dr. Manuel dos Santos Pato. A criação da Banda data de 1916, então com a designação de Banda Escolar da Mamarrosa e na sua génese estiveram também filhos da terra, como o Ti Neves e o Zé do Pedro.

Mas antes do salão das nossas recordações (lembram-se, ó raparigas do meu tempo?), a Banda ensaiava na sede da tal “Trabuqueta”, uma espécie de clube virado para os bailaricos, festas, teatro e que também funcionou como escola. O espaço pertenceu a Manuel Francisco dos Brózios e foi engolido pelas exigências do mundo moderno, que a vida não pára e as nossas RAÍZES são difíceis de preservar, qualquer dia servem-nos cimento e asfalto às refeições, mas disso não como, não senhor:
Prefiro, de há uns tempos a esta parte, a costela de carne marinhoa, feita à “bafo de boi” pelo Rui Rodelo, da Associação Progresso e Desenvolvimento da Quinta do Gordo, como só ele sabe fazer.

E se querem saber mais, interroguem esse poço de conhecimento da sua terra que é o Prof. Costa. É amigo que sabe de tudo e mais dumas coisitas.
Se acharem escassa a informação, comprem “A Banda Filarmónica da Mamarrosa - Música na batuta do tempo”, essa obra grande da Dra. Rosinda de Oliveira e a quem a Mamarrosa, o concelho e o país devem tanto. A direcção da Banda agradece e sempre é uma ajudita para os instrumentos.

Há outros recordares da nossa terra/mãe, mas esses subiram ao céu com o Plácido, o Dr. Pato, o Hilário Costa e o meu Pai, entre outros: imagino-os lá em cima, à mão esquerda de Deus (que a direita não era com eles), em divertida brincadeira com a Pintadinha, a Cigana e a Rosa dos Limões. Os malandros…
*
Oscar de Bustos

4 de agosto de 2005

S. LOURENÇO, ANIMAÇÃO COMEÇA DIA 9




Vem aí um S.Lourenço EM GRANDE com cinco dias de animação e muita música.
Dia 9, pelas 9 horas, início dos festejos com uma arruada correndo as ruas da freguesia. Dia 10, arraial nocturno com o grupo Central.
Dia 11, pelas 22 horas, actuação dos nossos Cantares Populares de Bustos. Dia 12, arraial nocturno com o grupo TV5.
No sábado, dia 13, a tarde e noite são animadas pelo grupo musical Lider´s.
Os festejos encerram no domingo depois da procissão (17 horas) e da actuação do grupo Sequência (22 horas).

2 de agosto de 2005

POR DENTRO DO FÓRUM – 3 ... MESMO ÀS ESCONDIDAS… DÁ MOLHO

Estava-se no tempo da 1ª equipa de Juniores da UDB (1950?).
O barulho da Java fazia saltar da secretária o Vitaliano Pedro (VT). Era o Manuel Joaquim (Ferrador), director, massagista, condutor, protector e amigo dos juniores da UDB, que vinha marcar a hora da partida da camioneta para o jogo …
Um dos pilares da equipa, VT, bem queria jogar, mas o tio João não estava pelos ajustes. “À pala” da música, José Valério bem metia a cunha… Em vão… O tutor seguia a estrita ordem de Manuel Pedro, emigrante nos EUA.
VT artimanhava… Para não ser visto, corria pelos carreiros, escondido entre os milheirais. E a corrida não era pequena, Ia da Póvoa até à zona azul, ali no Sobreiro raiano… “Era a preparação física, dizia”.
A camioneta lá estava à espera do forçado estafeta. Os olhares acordavam o compromisso de ninguém dizer ao tio.
O VT jogava e fazia jogar. A UDB ganhava. O regresso a Bustos fazia-se em festa.
VT regressava ao estudo.
Até que um violento truz, truz, truz no portão faz um baque no coração...
O tio João vinha executar uma dura sentença deliberada na América.
O Pai soubera pelo jornal que o VT tinha feito um grande jogo.
....
Mas, doer ... doer ... foi quando apanhámos 7-1 do Beira-Mar ...
Sérgio Micaelo Ferreira

POR DENTRO DO FÓRUM – 2 ... CLARA AIRES GUITAS - PEREGRINA DAS RAÍZES DE BUSTOS


Ao contemplar Santo António com uma chouriça, José Valério estaria prenunciar longo jejum da festa em honra do santo casamenteiro.
Clara quer mostrar o Santo António de Bustos. Lê aqui e ouve acolá. Calcorreia a pesquisa. Tece os cordelinhos e sai mais um trabalho dedicado ao santo.
Quer conhecer mais. Com viagem oferecida pelos seus filhos, a sua curiosidade transporta-a até aos sítios onde Fernando de Bulhões construiu o heterónimo Santo António.
Os Paduanos teimam em considerá-lo seu conterrâneo. Para além desta disputa, Clara Aires reconhece em Fernando de Bulhões o estatuto de santo.
Sobre Roma, realçou o acolhimento tido na Igreja de Santo António dos Portugueses (Efectivamente a propriedade é portuguesa, confirma Clara Aires.)
Alguns pormenores desta viagem de estudo esfumaram-se com o desaparecimento de uma agenda.

A Palmilheira da Alma de Bustos divulgará, em outra oportunidade, o conhecimento sobre a dupla Fernando de Bulhões – Santo António, recolhido em Itália.

Clara Aires não pára. Agora está trabalhar em novo tema, desvendou para o Fórum de Bustos.
...
É Tempo de Bustos ter um espaço de recolha e divulgação da etnografia local
Sérgio Micaelo Ferreira

POR DENTRO DO FÓRUM – 1 ...AFINADINHOS COMO UM RELÓGIO ...


Elísio Branco confidenciou “tenho um bocadinho da minha vida em Bustos”.
Efectivara na Pimária do Corgo. Há cinquentanos o trabalho do mestre era duro. Um sábado, de forte chuvada, ponderou faltar. Mais uns minutos na cama, e um salto. Embrulha-se num capote e, qual Alves Barbosa, faz uma corrida contra-relógio. Os carreiros foram galgados num ápice. Silveira-Malhapão-Limeira-Feiteira-Sobreiro e chegada à meta ao toque das nove no sino da antiga torre. Elísio Branco duplamente encharcado. Chuva por fora. Suor por dentro.
E as aulas, até ao fim da tarde? Verbos, pronomes, orações. A gramática que aprendi na escola serviu-me para o Magistério, corroboravam a Milita e o Nelson. A conversa puxa pelo Professor Manuel Pires para o convívio: “Oh Branco, já reparaste que temos isto afinadinho como um relógio?!”

A velhinha escola do Corgo merece ter um destino que dignifique o seu passado para prestigiar as gentes de Bustos.

Sérgio Micaelo Ferreira

GRUPO DE FADOS DE COIMBRA (EN)CANTA FÓRUM DE BUSTOS

O encantamento do Fórum de Bustos’2005 começou quando o alquimista Óscar Aires lança a punção mágica sobre o ramo entregue ao Milton Costa, já no final do encontro’2004
Este ano houve mais luz e som no imaginário de Bustos.
Belino Costa mostrou o Fórum (En)cantado, com a lista das (e dos) participantes.
À chegada, os abraços faziam sorrir os sonhos e as aventuras dos vários longes. Professores Primários e Alunos(as) ajudaram a refrescar a Alma de Bustos. O Grupo de Fados de Coimbra, segredo escondido na caixa de surpresas do Carlos Micaelo, deu brilho à homenagem dos (das) Professores (as) presentes e ao laureado escritor Arsénio Mota.

Até houve um momento de anarquia irreverente. O Dr. Jorge Micaelo traça a capa oferecida pela cantora-fadista Cristina Cruz e embala a plateia com “Maria … se fores ao baile / leva o teu xaile”. Estava ali um tuno do Orfeão da Académica coimbrã a marcar presença. O repertório do Grupo de Fados foi escutado em zeloso silêncio, como é de regra. Neo Pato, momentaneamente estudante da lusatenas, acompanhava os fados, em surdina, parecia conhecer todas as letras. ‘É a primeira vez que vejo o Fado de Coimbra ser cantado por uma senhora’. A sessão fechou com ‘Coimbra tem mais encanto … na hora da despedida’ em que muitos cantaram de pé e com saudade.
A exibição dos Fadistas foi retribuída com várias pipas de aplausos.
Arsénio Mota foi deliciado com um quadro onde consta uma cópia do telegrama da Fundação Calouste Gulbenkian a anunciar a inauguração da sua Biblioteca Fixa com o nº 26. O calendário marcava 18 de Fevereiro de 1961.
A Comissão de Melhoramentos de Bustos/1960 fazia das suas.
“Letras sob Protesto” fizeram companhia na bagagem das violas e das guitarras do Grupo de Fados, após terem sido autografados pelo autor, Arsénio Mota. Carlos Micaelo não deixara nada ao acaso...
Milton Costa cumpriu.

Um bem-haja ao Grupo de Fados de Coimbra
Nota: Em "Balanço e Perspectivas", Arsénio Mota indica pistas para o próximo Fórum. A merecer reflexão.
Sérgio Micaelo Ferreira

1 de agosto de 2005

BALANÇO E PERSPECTIVAS.(Arsénio Mota)

Este último «Fórum de Bustos» foi, nos seus moldes, o terceiro. Pois agora que se saldou em beleza, posso confessar-vos uma dúvida que andou cosida aos meus botões. Era o nº 3 da série e este número por vezes mostra-se fatídico. Dá para o torto. Mas, respiremos, não com o «Fórum»! Em vez de definhar, o nosso terceiro almoço-convívio anual prosperou. Reuniu ainda mais bustuenses e a todos congratulou!
Acresce que, graças à feliz iniciativa do amigo Carlos Micaelo, tivemos um brinde musical que foi uma espécie de cereja no topo do bolo. Agradou tanto que teremos decerto que passar a incluir em cada almoço um apontamento musical adequado. De preferência, naturalmente, com raiz em Bustos.
Um aspecto a realçar, muito positivo. Dada a proximidade das eleições autárquicas, nenhuma intervenção tentou ventilar questões concretas, ainda que de interesse geral. Poderiam surgir melindres. Claro, assim ficou bastante esvaziado de conteúdo o espaço de intervenções que caracteriza um «Fórum», mas demonstrou-se em geral grande isenção e civismo.
Para o ano, já se sabe, o almoço-convivio será servido pela cozinha do Pompeu dos Frangos, herdada pelo Carlos, e tanto poderá ter mesa posta na Malaposta (de preferência ali, é óbvio) como na nossa terra. Mas convém – insisto no pormenor! – que essa mesa assuma a forma de um círculo, um quadrado ou um rectângulo (não fechado de todo), com cadeiras só de um lado para que todos nos vejamos cara a cara. Se o vão central for apertado, melhor se farão ouvir os oradores.
Termino falando do preço. Alguns sinais convencem-me de que é factor impeditivo para a adesão de certas pessoas. Seria muito bom podermos baixá-lo, embora sem ferir aquela «marca de boda», em ar de festa, que pede comida e bebida à labordaça! Tentei explicar isto ao amigo Rafael, que parece ter entendido que estava a regatear com ele. Nada disso! Os organizadores do próximo «Fórum» deverão tentar obter um preço acessível ao máximo e, ao mesmo tempo, uma comezaina com qualidade e à labordaça!

Arsénio Mota