28 de dezembro de 2015

Um bustuense em OURO preto e a lama de MARIANA

MARÉ ALTA  24.12.2015                                                                                   
                   
Um bustuense em Ouro preto e a lama de Mariana
No centro-sul do Estado de Minas Gerais, Brasil, localiza-se uma grande região montanhosa, conhecida como o quadrilátero ferrífero, com a maior reserva nacional do minério de ferro, proporcionando 60% do total da produção nacional, de um país cuja extensão é considerada continental.
Toda esta região compreende os municípios (cidades) de Sabará, Santa bárbara, Mariana, Congonhas, Ouro Preto, João Monlevade, Rio Piracicaba, Itaúna e Itabira, envolvendo uma área que gira em torno de 7.000 quilômetros quadrados (para se ter uma ideia desta superfície diremos que a área dos Distritos de Aveiro e Coimbra juntos – 6755 km² -  é menor que aquela área).   
Deve ser acrescentado que nesta região são extraídos ainda outros minérios, principalmente ouro e manganês.  
 
Um bustuense em OURO preto e a lama de MARIANA - Aristides Arrais (MARÉ ALTA. Mapa)
Na região salientam-se as mais importantes bacias hidrográficas do Estado de Minas Gerais: A do Rio das Velhas e a bacia do Rio Doce. Este rio foi notícia recente no mundo inteiro, atingido que foi, por um catastrófico quanto absurdo desastre ecológico, humano e social. Absurdo porque se houvesse uma consciente responsabilidade, das empresas envolvidas bem como do poder público, este grave acidente teria, certamente, sido evitado.
Dentre os municípios mencionados, Mariana e Ouro Preto são duas cidades distantes 12 km, especialmente destacadas graças à sua formação histórica, hoje representada pela eloquência de sua arquitetura barroca com destaque para a cultura religiosa. Estes aglomerados surgiram em fins do século XVI e seu povoamento teve grande surto de desenvolvimento durante o século XVII e início do século XVIII graças ao apogeu do ciclo de ouro, preservando um natural interesse e similitude entre si.
    
      Maria Fumaça (comboio) que faz o trajeto de 12 km entre Mariana e Ouro Preto proporcionando uma grande visão de belezas paisagísticas.
Em fins do século XVIII o polo aurífero da região começou a decair provocando a consequente estagnação da região.                                                                                  
E eis que é neste momento circunstancial de tempo e espaço, que aqui chegam dois bustuense – João e Antônio (segunda metade do século XVIII) - em busca de melhores oportunidades de vida.
                                                                                                 
Nossos imigrantes bustuenses
De João pouco se sabe. Irmão mais velho que Antônio, acredita-se que tenha chegado até àquelas paragens alguns anos antes de chegada de Antônio ao Brasil. E por lá ficou durante toda a sua existência, jamais voltando à sua terra natal: Bustos.
Antônio aportou no Rio de Janeiro e ali permaneceu durante vários anos seguindo depois  para Ouro Preto a fim de se encontrar com seu irmão. Nesta cidade estabeleceu-se na condição de comerciante e, pelo conteúdo de seu diário, pode-se deduzir ter sido economicamente muito bem sucedido, já que retornou por duas vezes a Bustos, mostrando natural liberalidade em seus gastos, além de ter comprado todos os bens que seu mano João possuía em sua terra natal.
Colocado de outro modo, repetimos que Ouro Preto e Mariana se confundem em sua história pelo conteúdo de suas origens, proximidade, evolução de desenvolvimento e cultura. A formação inicial de seus povoados teve muito da presença e composição de portugueses, que se haviam incorporado aos contingentes bandeirantes que partindo da então província de São Paulo adentravam as virgens matas deste Brasil continental em busca de ouro e aprisionamento de indígenas para torná-los escravos. Dentro deste contexto, os portugueses (de forma geral) nunca tiveram problemas para se amasiarem com mulheres negras ou com mulheres indígenas, independentemente alguns, de serem ou não, casados em Portugal.  
Isto nos induz à conclusão de que, quando chegavam a algum lugar, ali se quedavam formando uma família. No caso, muitos deles enriquecendo com a extração de ouro e pedras preciosas ou com seu ingresso no comércio local, puderam proporcionar a seus filhos boas oportunidades de escola, muitos dos quais enviados para estudar na Europa, já então, objetivando escolaridade superior, principalmente em universidades de Portugal e França.

                   

Pois foi este conjunto de fatores que transformou estas duas cidades em grandes centros de cultura. E foram estes filhos que trouxeram da grande senhora Europa, ideais de liberdade que logo se converteram em movimentos de independência deste país colônia.
 Ouro Preto: Museu da Inconfidência (dois planos)
Não surpreende, pois, que o bustuense Antônio Francisco dos Reis¹, chegado a esta colônia chamada Brasil, analfabeto, tenha se tornado uma pessoa letrada e capacitada a nos proporcionar tão rica discrição da época em que por cá viveu, fruto de sua adquirida capacidade de observação cultural. 
A lama de Mariana
Mariana, como antes afirmado, a seu modo, viveu a mesma ordem de Ouro Preto, quanto a surgimento, desenvolvimento econômico e cultural, apogeu do garimpo do ouro e seu declínio.  Mais tarde, com a retomada da atividade extrativa agora de minério de ferro em Mariana, ocorreu um consequente novo ciclo econômico desde 1977 com a atuação da mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e a anglo/australiana BHP Belliton.
A técnica da extração do minério de ferro exige a construção de barragens nas quais se processa a limpeza do produto base, restando depositados nestes núcleos, os rejeitos do ferro que formam uma espécie de lama, constituída de areia e óxido de ferro. E o que aconteceu?
No começo de novembro último, uma dessas barragens rompeu-se e seus rejeitos rolaram passando por uma outra barragem de água. O resultado foi a formação de uma densa lama aguada que logo encontrou os leitos de rios Carmo e Gualaxo do Norte, pelos quais foi seguindo e se espalhando qual um tsunami, até encontrar o Rio Doce, principal catalizador das águas nascentes de toda aquela região (É na confluência daqueles dois rios, que nasce o Rio Doce).


E assim canalizada a lama, continuou sua caminhada de destruição ao longo de todo o rio Doce, por uma extensão de 853 km, para finalmente chegar à sua foz como uma grande avalanche a adentrar pelo mar, no litoral do Estado do Espírito Santo deixando para trás, após alguns dias, muita devastação, com a destruição de vilas, matas, áreas agrícolas e a morte de cerca de duas dezenas de pessoas, o que só não foi pior em termos de vítimas fatais, porque este verdadeiro cataclismo ocorreu durante o dia.


  O volume da lama rolada e espalhada ao longo de sua trajetória até à chegada ao mar, foi estimado em 50 milhões de metros cúbicos, quantidade que encheria 20 mil piscinas olímpicas.
Já lá se vão 45 dias em ações e escaramuças a envolver a principal empresa responsável e as autoridades a seus níveis hierárquicos e suas especificidades, discutindo cifrões – que chegam a bilhões – enquanto mais de 300 famílias continuam desabrigadas.
Interessante (se não fosse tristemente sintomático) é que a mídia, de modo geral, embora procurando oferecer um noticiário presente, não se aprofunda numa análise crítica mais detalhada na busca das verdadeiras raízes da questão. Tão pouco levantam quaisquer questionamentos sobre a responsabilidade (ou irresponsabilidade) das omissas autoridades públicas fiscalizadoras envolvidas nessa espécie de atividade de profíquos fins lucrativos (O lucro da empresa em 2014 chegou a R$ 2,8 bilhões - cerca de 650 milhões de Euros).
Pela sua destruição de solo, o município de Mariana recebe pouco mais de 1% desse enorme lucro que a cada ano torna os seus dois grandes acionistas (Vale e BHP Belliton) mais economicamente engordados e mais poderosos (...?) em termos de influência política.

Em tempo, uma curiosidade: Quanto recebe Bustos, pelos buracos da Barreira feitos pelas “Cerâmicas”, com a extração de barro?
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1. Vide texto de Belino Costa, sobre o bustuense em Ouro Preto, no Blog Noticias de Bustos em 27.10.2015.  ANTÓNIO FRANCISCO DOS REIS, “NEGOCIANTE NO BRASIL”

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25 de dezembro de 2015

MÃO AMIGA NA UNIÃO, PARTICIPE


O Centro Ambiente Para Todos em parceria com a União de freguesias Bustos, Troviscal e Mamarrosa apresentou a candidatura ao projeto 50 por 50, promovido pelo Alto Comissariado para as Migrações.

Visite a página (http://50por50.pt) e apoie este projeto.

É um projeto direcionado para aqueles que tenham dificuldades em fazer deslocações, mas também para os mais autónomos ou os que assim o preferirem, incluindo também os doentes com “carências”, residentes na União das Freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa. O dia e hora de visita é adaptável às necessidades dos mesmos.

Os jovens que pretendam oferecer a sua disponibilidade (de forma voluntária) para participar neste projeto vão ser os responsáveis pela criação e manutenção de laços de afeto e solidariedade com os mais velhos, de quem vão “cuidar” através de palavras de amizade e respeito. Os seniores serão responsáveis por captar o interesse dos mais novos para as suas histórias de vida, vivência do quotidiano, expectativas e ansiedades, aumentando assim a atenção, a disponibilidade, o interesse e a tolerância dos mais jovens.

COMO PODE APOIAR?

Se é um emigrante português atualmente a residir fora de Portugal, poderá apoiar o nosso projeto ““ Mão Amiga na União” com o donativo de qualquer valor até a um máximo de 1000€, sendo o pagamento efetuado por transferência bancária.

Basta visitar a página (http://50por50.pt) registar-se na plataforma preenchendo o formulário de inscrição e poderá começar a apoiar quantas ideias quiser.

Navegando pela plataforma, clique em “Apoiar” na página de cada ideia que pretende ajudar.

O seu pedido ficará registado, sendo o pagamento requisitado após a ideia atingir os restantes 50% necessários para o seu financiamento.


Depois, basta acompanhar o progresso da ideia que apoiou na sua respetiva página.

23 de dezembro de 2015

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA HOMENAGEIA EMIGRANTE BUSTUENSE



Foi de acordo com a estação do ano a última sessão da Assembleia de Freguesia que se realizou no passado dia 21 de dezembro na Mamarrosa. Com pouca assistência, (mas com a presença atenta de Jorge Pato o presidente da distrital do CDS) e com os deputados das várias bancadas a darem mostras de frio.

É  lamentável que os deputados não disponham de uma mesa de trabalho na sua frente, a exemplo do que acontece com o executivo da Freguesia ou a mesa da Assembleia. Dar boas condições de trabalho a todos só reforça a dignidade da instituição e ajuda ao seu bom funcionamento. Fazemos votos de que nas próximas assembleias todos disponham das mesmas condições de trabalho.

Da reunião destacamos três pontos:

1-Uma vez mais a questão da falta de médicos foi evidenciada tendo o Dr. Fernando Martins (PSD) afirmado que só no Troviscal haverá cerca de 500 pessoas sem médico de família.

2-Quanto ao orçamento da freguesia para o próximo ano ficámos a saber que sofrerá uma redução de cerca de 20% pelo que Duarte Novo e o executivo do CDS terão a vida ainda mais dificultada. O sufoco promovido pela Câmara Municipal de Oliveira irá continuar e problemas que exigiam supervisão e empenhamento municipal, como é o caso dos terrenos da feira, irão continuar a crescer. A renda dos terrenos irá custar à Junta de Freguesia cerca de 10.800 euros por ano, valor excessivo tendo em conta a rentabilidade do espaço.

3- Por proposta de um grupo de cidadãos a assembleia aprovou um voto de homenagem e louvor a Joaquim da Rocha Brites, natural de Bustos, emigrante no Brasil desde 1935, que foi agraciado com Comenda da Ordem de Mérito da República Portuguesa atribuída, em nome de Portugal, pelo presidente Cavaco Silva. A  freguesia onde nasceu Joaquim Brites associa-se assim à homenagem nacional.

NB
Fotos de Sérgio Pato

VOTOS DE FELIZ NATAL

O Notícias de Bustos saúda todos os leitores fazendo votos de um feliz Natal e próspero ano novo.

20 de dezembro de 2015

HÁ ASSEMBLEIA DE FREGUESIA A 21


Assembleia ordinária, a realizar no próximo dia 21 de dezembro de 2015 (segunda-feira), pelas 20,00 horas, no Edifício sede da Associação Melhoramentos de Mamarrosa, na Rua Banda Filarmónica nº. 32, Mamarrosa, com a seguinte ordem de trabalhos
1-Inicio dos Trabalhos
2-Expediente
3-Intervenção aberta público
4-Antes da ordem do dia
5-Ordem do dia
5.1-Atividade da Junta de freguesia;
5.2.- Apreciação e deliberação do Plano Plurianual de Investimentos (PPI) e Orçamento para o ano de 2016 e mapa de pessoal para o mesmo ano económico;
5.3.- Análise, discussão e votação da proposta do Regulamento dos Cemitérios da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Bustos Troviscal e Mamarrosa;
5.4. Apreciação e votação de um voto de louvor a Joaquim da Rocha Brites, conforme proposta apresentada à mesa no dia 1 de dezembro de 2015

16 de dezembro de 2015

CONCERTO DE NATAL NO SÁBADO



No próximo dia 19, sábado às 21h00 realiza-se o Concerto de Natal pela Banda Filarmónica da Mamarrosa,  que terá lugar na igreja Matriz.
O concerto, que servirá ainda para recolher ofertas para fins sociais, será antecedido pela missa das oito.

15 de dezembro de 2015

ESCARAVELHO DIZIMA PALMEIRAS DA FREGUESIA




As duas palmeiras que faziam de portal ao adro da igreja de Bustos perderam a copa, perderam o viço. Foram liquidadas pelo escaravelho-vermelho (Rhynchophorus ferrugineus), que tem dizimado milhares de palmeiras em todo o país.
Este besouro devorador, originário da Ásia, entrou pelo sul do país em 2007 e foi subindo, especialmente no litoral, tendo chegado ao Minho em 2010. Ao longo do percurso (perante a indiferença das autoridades) foi deixando centenas de milhares de euros de prejuízo para câmaras e privados.

Em Bustos e arredores a destruição marcou o ano de 2015 e está bem espelhada nas duas palmeiras que embelezavam o adro da Igreja e que agora, ainda que fingindo de colunas, mais não são do que matéria morta. E talvez não seja boa ideia tal manutenção já que todo o caule está corrompido pelos tuneis construídos pelas larvas, o que motivou a morte da planta. Citando a wikipedia:
O escaravelho pode causar alguns danos ao alimentar-se, no entanto, é a larva que, ao escavar túneis pelo estipe da palmeira, provoca a morte da planta. A fêmea adulta põe aproximadamente 200 ovos nas zonas de crescimento da coroa da palmeira, na base das folhas novas ou noutras zonas lesionadas da planta. O ovo incuba numa larva branca que se alimenta de fibras tenras e e rebentos de folhas, escavando túneis pelos tecidos internos da árvore durante um mês. As larvas podem ocasionalmente crescer entre 4 a 6 centímetros . Na metamorfose, a larva deixa a árvore e forma um casulo feito com fibras secas de folhas de palma na base da palmeira. O ciclo de vida completa-se em 7 a 10 semanas.
Também em declarações ao jornal “Público” Carlos Gabirro, sócio-gerente da Biostasia, empresa que faz controlo da praga nas palmeiras da Câmara de Lisboa alertou: “Tenho visto pessoas a porem os restos das palmeiras à porta de casa e é um erro muito grande. Os restos libertam odor, que chama mais insectos, e depois são recolhidos pelos camiões dos serviços camarários. No caminho, a praga espalha-se”.

O QUE FAZER PERANTE ESTA PRAGA?

Como se previne a praga?

É preciso manter a palmeira debaixo de olho e fazer a manutenção. A poda deve ser feita entre Novembro e Fevereiro, quando o insecto está menos activo, retirando só as folhas secas e evitando podas do tipo “ananás”. Os cortes devem ser lisos e não lascados. Os resíduos devem ser destruídos por trituração, queima ou enterramento. Também há tratamentos preventivos, que custam cerca de 500 euros por ano, por palmeira.
Que sintomas apresenta a palmeira infestada?
Não é fácil a detecção precoce da praga. Quando as folhas parecem roídas nas pontas (em forma de V) e descoloradas, é urgente actuar. O ruído produzido pelas larvas enquanto se alimentam e um odor intenso resultante do apodrecimento dos tecidos internos da planta são outros sinais de alerta. Quando a coroa da palmeira tem já um aspecto achatado com as folhas descaídas, tipo “chapéu-de-chuva”, já será tarde de mais. As plantas ficam frágeis e as de maior porte podem mesmo cair, representando um risco para a segurança de pessoas e bens.
O que fazer em caso de infestação?
Deve informar a câmara municipal ou a Direcção Regional de Agricultura e Pescas, para que avaliem a possibilidade de recuperação. Esta comunicação é obrigatória. Se a praga for detectada na fase inicial, aplicam-se produtos químicos ou biológicos e fazem-se podas sanitárias, eliminando todas as folhas “comidas” pelas larvas e limpando a parte da palmeira afectada até chegar aos tecidos sãos. Se for irrecuperável, o proprietário é notificado para fazer o abate, que pode custar entre 300 euros e 1000 euros (dependendo do tamanho). Se não cumprir a notificação, terá de pagar os custos à entidade que execute o abate e fica sujeito a uma contra-ordenação que pode ir dos 100 euros aos 3740 euros, para particulares, ou dos 250 euros aos 44.890 euros, para pessoas colectivas.
NB

14 de dezembro de 2015

O PÓLO DE LEITURA DA 'COLÓNIA' DE BUSTOS NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

O Pólo de Leitura da colónia de Bustos na Assembleia Municipal  
A “Apreciação e discussão sobre a instalação e funcionamento do Pólo de Leitura de Bustos” (1) mereceu a apresentação no Plenário da seguinte:  
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Subscreveram a «Proposta de Recomendação»:
. Armando Humberto ( líder da bancada do PS)
. André Chambel (líder da bancada do CSD)
. Manuel Nunes (PSD – é o Presidente da Assembleia Municipal)
. Gladys Del Carmen (PSD)



Resultados da votação:
Votos a Favor: Bancadas do CDS e PS; Manuel Nunes (PSD) e Gladys Del Carmen (PSD).
Abstenção: Restantes membros do PSD.
 «»
O resultado desta proposta é mais uma achega a mostrar qual é o tratamento que o Poder Central de Oliveira do Bairro tem para com a colónia de Bustos. A Assembleia falou em alhos e Sua Ex.a respondeu em bugalhos.

A recente crónica de Belino Costa  aqui fez reabrir uma picada para as áfricas à procura de dois preciosos instrumentos ao serviço do direito do  tempo colonial, lá: o chicote (de pele de hipopótamo) e a palmatória dos cinco olhos.

O Centro de Bustos, pelo sim pelo não, vá preparando os costados e as mãos… 

sérgio micaelo ferreira
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(1) ponto n.º 5.5 da Ordem do Dia da sessão da assembleia municipal de Oliveira do Bairro, em 27.11.2015.

11 de dezembro de 2015

PS OLIVEIRA DO BAIRRO - PÓLO DE LEITURA DE BUSTOS (Armando Humberto)

PS Oliveira do Bairro - Armando Humberto -  Pólo de Leitura de Bustos
Intervenção de Armando Humberto (PS - Oliveira do Bairro)  na Assembleia Municipal


INTERVENÇÃO NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia Municipal,
Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal,
Ex.mos Colegas desta Assembleia,
Ex.mos Srs. Vereadores,
Ex.mos Colaboradores da Câmara Municipal,
Ex.mo Público,
Ex.ma Imprensa,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

 assembleia municipal eco do anseio de munícipes

Durante este mandato, por diversas vezes os munícipes têm-se dirigido a esta Assembleia como forma de dar eco dos seus problemas e dos seus descontentamentos.

Por outro a Assembleia tem também procurado ir ao encontro dos munícipes, seja através das reuniões com as Assembleias e Juntas de Freguesia, seja através das reuniões com as Associações.

Esta aproximação entre eleitores e eleitos é no meu entendimento muito positivo, pois permite trazer para a Assembleia os reais problemas das pessoas e não ficar apenas pelo cumprimento do estritamente formal. É a democracia participativa a funcionar.

Mas para que este caminho possa ser traçado é importante que nós procuremos dar resposta aos anseios das pessoas. A Assembleia não é um órgão executivo, mas é o órgão deliberativo por excelência do Município e foi eleita por sufrágio direto, tem por isso uma legitimidade própria. Por isso tem que saber dentro das suas atribuições e competências responder aos anseios das pessoas.

um sinal de democracia participativa

No caso particular em apreço não me parece que o tenhamos feito da melhor forma, nem na proporção daquilo que nos foi solicitado e da importância do problema em questão. Quando se dirigem a esta Assembleia umas largas dezenas de pessoas, quando trazem a esta Assembleia um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas, quando questionam, como o fizeram na Assembleia de 19 de Junho passado muitos concidadãos nossos não seria razoável que a Assembleia se ficasse por uns meros comentários de circunstância na altura e por um acompanhamento esporádico do assunto. E não estando ainda o assunto resolvido, é por isso, com toda a naturalidade, que este assunto venha aqui hoje, enquadrado dentro da ordem de trabalho, para que o possamos debater convenientemente e para que possamos de forma clara exprimir qual é o entendimento que a Assembleia tem sobre este assunto.


 pólo de leitura/biblioteca de bustos ao abandono estratégico   


E o problema é o estado de abandono do Pólo de Leitura de Bustos, da Biblioteca de Bustos. Biblioteca que foi inaugurada em 1961 e que neste mais de meio século de existência soube servir a sua população, com altos e baixos como todo na vida, mas com mais altos que baixos de tal forma que hoje a população de Bustos demonstrado um enorme carinho por ela, um sentimento que só temos perante aquilo que nos habituamos a sentir como nosso. Por isso se a biblioteca hoje atravessa uma fase má, com instalações precárias, com reduzida afluência, cabemo-nos a nós todos encontrar soluções para reverter a situação.

Pois não tenhamos dúvidas, não fazer nada não resolve problema nenhum. Pois por este andar, mais tarde ou mais cedo, o encerramento é certo.

 pólo escolar de bustos tem direito à sua biblioteca escolar   

O Executivo aventou a possibilidade da transferência do Pólo de Leitura para o Pólo Escolar. O Executivo esteve bem, na medida em que mostrou que está atento, identificou um problema que carece de solução e procurou resolver. A solução proposta é que não foi a melhor. Pois aquilo que foi proposto foi na prática encerrar a Biblioteca e dotar o Pólo Escolar de uma biblioteca. Nada temos nada, antes pelo contrário, contra as bibliotecas escolares, achamos mesmo que é uma área onde se deve investir, pois são um poderoso instrumento de aprendizagem, de estímulo à criatividade, de descoberta, de valorização dos nossos jovens, muito pouco aproveitado e onde manifestamente se deve e pode fazer mais.
 urge revitalizar a biblioteca/pólo de leitura de bustos

Mas temos muita coisa contra o encerramento do Pólo de Leitura de Bustos enquanto Biblioteca pública que serve uma população que vai muito para além dos jovens que frequentam o Pólo Escolar. Por isso defendemos que a biblioteca não seja encerrada, mas seja isso sim revitalizada, num novo espaço, num espaço remodelado, com novas valências, que no fundo seja capacitada para servir uma população que como tudo na vida mudou. Que consiga atrair público assim como conseguem os outros Pólos de Leitura do nosso Concelho.

oportunidade para revitalizar o esquecido centro de bustos

Depois há uma outra questão não menos importante. O centro de Bustos tem vindo a perder o fulgor de outros tempos. Tem um conjunto de infra-estruturas, umas públicas, outras privadas, que importa valorizar. Refiro-me em particular ao Palacete, ao antigo Cine-Teatro, e à antiga Escola. A necessidade de valorizar o centro de Bustos tem sido um assunto recorrente sempre que reunimos com a Assembleia e Junta de freguesia. Daí entendermos que esse deve também ser um assunto a que deve ser dada atenção, e que deve entrar nesta equação.

Por isso, é nosso entendimento que esta questão da Biblioteca/Pólo de Leitura de Bustos, que é de facto um problema, que tem que ser resolvido, é também uma oportunidade. Uma oportunidade para revitalizar o Pólo de Leitura, a Biblioteca, para que ela possa ganhar novos públicos, mas é também uma oportunidade para se iniciar este processo também importante de revitalização o centro de Bustos.
  espaço cidadão ao centro

Agora seria a instalação de um remodelado Pólo de Leitura, no futuro quem sabe a instalação de um novo Espaço do Cidadão, ou outra valência, e assim se vai encontrando formas de responder aos legítimos anseios dos bustoenses, procurando dinamizar um importante centro do nosso Concelho.

Balizado por estes pressupostos, e tendo em consideração as competências próprias desta Assembleia e a vontade manifesta da população de Bustos, irei entregar à mesa uma proposta de recomendação que passo a ler.

Tenho dito,
Armando Humberto, OB, 27/11/2015
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Nota - Os subtítulos são da responsabilidade de ‘altino’. Um bem-haja a Armando Humberto por ter disponibilizado a sua intervenção. srg.

8 de dezembro de 2015

CHUCK BERRY NO ADEUS AO PRESIDENTE DA CÂMARA MÁRIO JOÃO


Crónica de
BELINO COSTA

Certo dia, creio que nos finais dos anos oitenta, fiz uma curta entrevista a Chuck Berry, músico pioneiro do Rock’n Roll, que então se apresentou no nosso país. Para o cantor e guitarrista  norte americano já tinham passado os tempos de glória, mas continuava a ser uma referência mundial, um mito vivo.
Terminada a entrevista e quase em jeito de despedida interpelei-o com uma pergunta de mera circunstância:
- Está a gostar de Lisboa?
- Sim, muito. - Retorquiu e pareceu-me sincero. Tanto que logo acrescentou:” É cidade de África mais bonita onde já estive.”
Tive de corrigir tão clamoroso erro:
- Mas não está em África, está na Europa, em Portugal.
Chuck Berry encarou-me espantado. Inclinou o rosto sobre o lado esquerdo, talvez  para me observar de corpo inteiro e surpreendido com o que lhe dizia aquela figura, que era eu, concluiu:
- Isso é muito curioso porque esta manhã quando espreitei pela janela do meu quarto só vi palmeiras. 

Recordei-me deste episódio quando  soube que  na última Assembleia Municipal de  Oliveira do Bairro o presidente da Câmara, Mário João, contrariando a vontade da totalidade dos deputados eleitos, a vontade expressa do povo em abaixo assinado e a vontade do próprio partido decidiu que não instalava o polo de leitura/Biblioteca de Bustos na antigo escola primária, prometendo  ali instalar um museu com muitos rádios.


As cidades invisíveis de Chuck Berry  entendem-se e explicam-se. É natural que o músico norte americano, depois de tantos anos a saltitar entre aeroportos e hotéis tenha simplificado a perceção da geografia, a perceção da realidade. No toca e foge da vida de um artista internacional tudo se observa em constante correria e cada paragem acaba por se resumir à imagem que se acomoda entre os caixilhos de uma janela de hotel. Para Chuck Berry  palmeiras eram sinónimo de África. E isso bastava-lhe.

O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro tem uma semelhante perceção da realidade. Para ele a democracia começa e acaba no momento da eleição. Para ele a eleição é sinónimo de poder, é sinónimo de mandar.

Sabemos que Mário João Oliveira é um político pouco culto e pouco inteligente. Sabemos também que despreza o jogo democrático e a própria política porque nunca aceitou o cargo a tempo inteiro, fazendo uso de uma regra de exceção que lhe permite acumular a atividade pública com a privada. Sabemos  ainda que na ausência de ideias, de uma visão estratégica para o concelho sempre foi decidindo em função das modas. Fez rotundas e avenidas quando todos fizeram rotundas e avenidas, fez escolas quando José Sócrates mandou fazer escolas. Tudo de forma casuística e sem visão de futuro.

Foi sempre servil para com o poder central pelo que apoiou e organizou uma fusão de freguesias feita contra a vontade popular e desenhada em função de meros  interesses eleitorais do PSD.

Tem usado e abusado de táticas e técnicas mais próximas do caciquismo do que uma verdadeira democracia, promovendo o pão e o circo com almoçaradas, festas e festivais. E, sobretudo, tem usado o dinheiro da Câmara para ir distribuindo financiamentos como quem distribui favores e assim foi criando uma teia de dependências.

Quanto aos processos de decisão política que utiliza eles estão exemplificados no caso da Biblioteca de Bustos. Ou seja, em Oliveira do Bairro não há qualquer processo de decisão, não há transparência política. Não há relatório, não há consultas, não há estudo prévio, não há qualquer processo que justifique e fundamente cada opção do executivo.
- Querem uma biblioteca no centro de Bustos! Pois em vez disso terão um museu.
Assim falou o presidente Mário João. E porquê?

Porque sim, porque lhe apetece. Porque lhe deu para ali a enorme azia que lhe raia o rosto.
Nas cidades de Chuck Berry palmeiras eram sinónimos de África. Na democracia de Mário João só o poder conta e não precisa de justificação. Se vivesse em África seria, provavelmente, mais um ditador, mas estando em Portugal nunca poderá ambicionar a tal estatuto. Terá de ficar esquecido no meio da tralha de incompetentes que têm abusado do povo e do país. Coisa tão triste!

Adeus Mário João! Adeus.


Belino Costa