23 de dezembro de 2013

JÁ FORAM ARTIGOS DO LAR

Quando o rei faz anos lá me decido a acender o forno a lenha.
Voltarei a fazê-lo logo pela manhãzinha do dia de Natal.
E se não for para assar S. Majestade o Rei Leitão, será para dar destino a dois galos que tenho debaixo de olho para animar um almoço ou jantar de família ou entre amigos.
"Tertium non datur", dizem os latinistas, que é como quem diz: não existe uma 3ª opção, que por acaso até existe mas fica para mais tarde saborear.
 
Trago à lembrança o forno das nossas casas de aldeia porque o seu reacender nos leva a revisitar
 
- a escudela,
 
- a pá da broa,
 
- a pá dos folares da Páscoa,
 
- o rodo e
 
- o mexedor, também dito surriscador. (*)
 
Hoje são peças de museu atiradas para um esconso e esquecido canto dos anexos das nossas casas.
Os tempos de agora são outros: a globalização e as padarias made in Venezuela acabaram com o pão caseiro.
Os fornos a lenha e os molhos de vides têm os dias contados.
Por arrastamento, o leitão, a chanfana, o galo assado, a cabidela (postada debaixo do bácoro enquanto este pinga aquele delicioso molho aleitoado) virão a seguir.
 
É pena, porque a comida tradicional tem outros sabores.
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(*) parece corruptela de "chorriscar", que significa grelhar, torrar, abrasar.

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