Sessão Municipal Comemorativa do 25 de Abril, INTERVENÇÃO
de armando Humberto (líder de bancada do PS-oliveira do bairro) (*)
Abril de 74 foi uma época de crise, a revolução
colocou em causa os alicerces da sociedade de então.
A revolução colocou em causa a guerra colonial,
a política colonial, o regime politico, e toda uma estrutura social onde a
pobreza era passada de geração em geração, e onde havia muito pouca mobilidade
social.
A revolução colocou tudo em causa, a revolução
fraturou a sociedade.
Havia aqueles que não acreditavam na utopia
revolucionária e defendiam que o nosso povo não se saberia governar em
liberdade.
Havia aqueles que não queriam deixar pedra
sobre pedra e queriam transformar por completo o regime, transforma-lo num regime
de inspiração soviética.
E ainda havia os outros, aqueles que queriam
ver Portugal com um regime democrático de inspiração europeia, um regime de
base parlamentar. Um regime solidário. Solidário entre gerações. Solidário
entre classes sociais, com aqueles que mais podem a financiar um serviço
nacional de saúde para todos, um sistema de educação integrador e capaz de
aproveitar e estimular as potencialidades de todos. Este não era o caminho mais
fácil, mas foi aquele que os portugueses souberam escolher.
De uma ou de outra forma, com mais ou menos
erros, todos os governos desde então procuraram aprofundar este caminho, e a
verdade é que ajudado com fundos comunitários, Portugal sofreu uma
transformação profunda. A democracia foi consolidada, criaram-se
infraestruturas, melhoram-se todos os indicadores de saúde pública,
desenvolveu-se o ensino, a investigação, internacionalizou-se a indústria,
enfim, deixámos de estar condenados ao Portugal pobre e triste e tornamo-nos
num país mais aberto e mais apto para competir numa economia global.
Mas nem tudo foi perfeito, cometeram-se erros,
não fizemos tudo aquilo que poderíamos ter feito e ficámos vulneráveis.
E a crise de 2011, com a consequente vinda da
Troika, veio novamente abalar os alicerces na nossa sociedade. Por ventura não
de forma tão violenta como a revolução o fez, mas de forma igualmente profunda.
Temos de um lado o pacto de estabilidade e do
outro o estado social.
Armando Humberto Nolasco (PS-Oliveira do Bairro) na Sessão da Assembleia Municipal comemorativa do 25 de Abril |
Temos aqueles que nos dizem que para defender o
pacto de estabilidade temos que reduzir ao mínimo o serviço nacional de saúde,
o sistema de ensino e a segurança social. Dizem-nos que temos que abandonar tudo
aquilo em que alicerçamos a nossa coesão social, o nosso desenvolvimento no
pós-25 de abril. Dizem-nos que temos que voltar ao Portugal pobre e triste,
onde o berço determinava em grande medida o quanto longe se podia chegar. Onde
a dureza da vida levava ao desperdício do talento de muitos.
Temos também os outros, aqueles que nos dizem
que temos que mandar o pacto de estabilidade para as urtigas, para salvar o
estado social. Como se, hoje, fosse possível, para um economia pequena e
periférica como a nossa, sair da zona Euro sem com isso provocar um enorme
empobrecimento de todo o nosso povo.
Tenho para mim que ambas as soluções, sacrificar
o estado social para salvar o pacto de estabilidade, ou sacrificar o pacto de
estabilidade para salvar o estado social, nos iriam conduzir ao mesmo sítio, a
um Portugal pobre e triste, desertificado e reduzido a ser o Algarve da europa.
Mas há ainda
outro caminho, que é o de não prescindirmos nem do pacto de estabilidade nem do
estado social. É um caminho difícil? Por ventura será, mas é aquele que temos
que seguir. E só o conseguiremos seguir se estivermos unidos, se recuperarmos
os consensos sobre aquilo que é o essencial.
Temos vivido tempos dominados por radicalismos,
sejam eles de direita liberal ou de esquerda radical. Temos perdido demasiado
tempo a salientar aquilo que nos divide em vez de nos unirmos para defender
aquilo que nos une.
Temos todos, os pelo menos aqueles que
acreditam em Abril, de nos unirmos para garantir que colocamos a nossa economia
a crescer, porque só produzindo, e nós não estamos disponíveis para abdicar
disso, é que será possível salvar o pacto de estabilidade e o estado social.
Nós não vamos abdicar de nenhum deles, porque
não estamos disponíveis para abdicar de um Abril que nos leve a sermos um país
europeu de corpo inteiro, um país que permita que cada um aqui nascido, possa
aqui desenvolver todo o seu potencial, todo o seu talento, com orgulho no seu
país.
Viva o 25 de Abril, Viva Portugal
Armando Humberto
(Membro da Bancada
do PS na AM de OB)
………………….
(*) Armando
Humberto Nolasco pronunciou o seu discurso perante as seguintes entidades
:Exmo. Sr.
Presidente da Assembleia Municipal
Exmo. Sr.
Presidente da Câmara
Exmos. Srs.
Vereadores
Exmos. Srs.
Presidentes de Juntas de Freguesia
Exmos. Colegas
desta Assembleia
Exmos. Srs.
Presidentes das Assembleias de Freguesia, membros das juntas e assembleias de
freguesia
Exmos. Srs.
Representantes de Entidades Religiosas, Civis e Militares
Exmos.
Representantes das Associações Concelhias
Exmo. Sr.
Presidente [do Núcleo de Oliveira do Bairro] da Liga dos Combatentes
Exma. Sr.ª
Diretora do Agrupamento de Escola de Oliveira do Bairro,
Exma. Sr.ª
Diretora do IPSB
Exmo. Sr.º
Diretor do IPB
Exmos. Srs.
Ex-Autarcas
Exmos. Srs.
Jornalistas
Ex.mo. Público
Minhas
Senhoras e Meus Senhores
Minhas Meninas
e Meus Meninos
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