Por André Moreira
Mais importante do que os economistas falarem para educadores, é urgente que sejam os educadores a falar para os economistas
Um projecto educativo, à escala nacional ou ao nível de escola, exige meios e isso envolve questões económicas. Por isso mesmo a economia deve ser o meio – e a educação o fim; nunca o contrário. Numa sociedade que quer ser civilizada, o desenvolvimento económico deve ser pensado como uma estratégia útil e necessária para que as pessoas possam dedicar mais tempo à cultura, ao conhecimento e à interacção humana. E ao prazer estético e à capacidade de transcendência. Se pensarmos nos intervenientes políticos actuais, tudo poderia estar a bater certo. Mas não está.
Ao longo da história, a espécie frágil que somos (não somos especialmente velozes nem fortes, não vemos no escuro) aprendeu a contornar as ameaças externas – as condições atmosféricas, os predadores, a necessidade de se alimentar - ao ponto de elas já quase não a ameaçarem. Para fazer isso, desenvolveu sua racionalidade técnica. Um indivíduo por si só, quando colocado em frente de um urso ou um de leão, pouco pode fazer; no entanto, se carregar consigo a técnica adequada, derrota-o sem dificuldade. Assim, o risco que corremos hoje em dia não é o de sermos destruídos por causas externas: é o de sermos destruídos por nós mesmos. E, para enfrentarmos esse risco, a racionalidade técnica não vale de nada. Pelo o contrário: frequentemente, ela volta-se contra nós.
Uma sociedade que enfatize excessivamente a técnica é uma sociedade que se destruirá. Hoje, dependemos muito menos da racionalidade técnica, já bastante desenvolvida, e muito mais de consolidar a nossa capacidade de estabelecer regras e normas para uma convivência civilizada. E é este o papel insubstituível da educação e dos educadores. Neste nosso mundo, os sistemas de educação são um dos últimos espaços que podem ser essencialmente comunicativos, voltados para trabalhar valores e fins, para valorizar a dialéctica e a própria linguagem centrada na palavra. Espaços privilegiados para a interacção humana, portanto. E não para meras operações para subtrair números e somar preconceitos e confusões avulsas.
Se queremos desenvolvimento, a economia e a técnica têm de ser usadas olhando para as pessoas, porque são elas o centro de qualquer projecto (cá está o "nosso palavrão" outra vez!) sustentável. E são os educadores que sabem disto. Por isso, mais importante do que os economistas falarem para educadores, é urgente que sejam os educadores a falar para os economistas.
Só merecerá ser chamada de civilizada uma sociedade que trate a educação efectivamente como um direito das pessoas, como uma prática voltada para alargar os seus horizontes humanos – como um fim em si e não como um instrumento para adequar as pessoas à voracidade de um mercado cada vez mais enlouquecido e dominado pelo fetiche da posse ou da falta dela e pela constante necessidade de pagar as crises que outros geram e onde, depois, proliferam, justificando tudo. E já cansa.
Ao longo da história, a espécie frágil que somos (não somos especialmente velozes nem fortes, não vemos no escuro) aprendeu a contornar as ameaças externas – as condições atmosféricas, os predadores, a necessidade de se alimentar - ao ponto de elas já quase não a ameaçarem. Para fazer isso, desenvolveu sua racionalidade técnica. Um indivíduo por si só, quando colocado em frente de um urso ou um de leão, pouco pode fazer; no entanto, se carregar consigo a técnica adequada, derrota-o sem dificuldade. Assim, o risco que corremos hoje em dia não é o de sermos destruídos por causas externas: é o de sermos destruídos por nós mesmos. E, para enfrentarmos esse risco, a racionalidade técnica não vale de nada. Pelo o contrário: frequentemente, ela volta-se contra nós.
Uma sociedade que enfatize excessivamente a técnica é uma sociedade que se destruirá. Hoje, dependemos muito menos da racionalidade técnica, já bastante desenvolvida, e muito mais de consolidar a nossa capacidade de estabelecer regras e normas para uma convivência civilizada. E é este o papel insubstituível da educação e dos educadores. Neste nosso mundo, os sistemas de educação são um dos últimos espaços que podem ser essencialmente comunicativos, voltados para trabalhar valores e fins, para valorizar a dialéctica e a própria linguagem centrada na palavra. Espaços privilegiados para a interacção humana, portanto. E não para meras operações para subtrair números e somar preconceitos e confusões avulsas.
Se queremos desenvolvimento, a economia e a técnica têm de ser usadas olhando para as pessoas, porque são elas o centro de qualquer projecto (cá está o "nosso palavrão" outra vez!) sustentável. E são os educadores que sabem disto. Por isso, mais importante do que os economistas falarem para educadores, é urgente que sejam os educadores a falar para os economistas.
Só merecerá ser chamada de civilizada uma sociedade que trate a educação efectivamente como um direito das pessoas, como uma prática voltada para alargar os seus horizontes humanos – como um fim em si e não como um instrumento para adequar as pessoas à voracidade de um mercado cada vez mais enlouquecido e dominado pelo fetiche da posse ou da falta dela e pela constante necessidade de pagar as crises que outros geram e onde, depois, proliferam, justificando tudo. E já cansa.
André Moreira é professor no IPSB, é de Aveiro, mas está, desde criança, ligado a Bustos, onde passava dias a brincar no largo da feira. Hoje faz parte do corpo docente no âmbito das Artes, é responsável pela IPSBTV e co-responsável pelo Grande Prémio Frei Gil de protótipos solares desde a primeira edição. Músico por devoção, ainda encontra tempo, entre os inúmeros projetos que impulsiona, para ser, a título completamente gracioso, baixista no Grupo de Cantares de Bustos, há mais de meio ano.
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