viver junto à terra e não ser lavrador
ter as mãos
cheias de calos e não ser lavrador
não ser
lavrador em parte nenhuma da terra
e ter as
mãos cheias de calos e viver junto à terra
e não ser
ninguém
arrancar flores
dos canteiros e não ser jardineiro
preparar um
vaso meio de terra meio de estrume
e não ser
jardineiro não ser jardineiro
e preparar
um vaso e arrancar flores
veio terra
agarrada às raízes das flores do jardim
já não são do
jardineiro as flores já não são
das flores
as raízes já não é das raízes a terra
António Sérgio S. Silva*
In “Chamada
do Longe”
(*Poeta e
critico literário, publicou Onirografias,
1978, em colaboração; Chamada de longe,
1982; Adormecer, 1991, e-book, 2012; Papeis secundários, 1999, “Diário de
Notícias”-DNA; O infiel, 2012.)
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