No início do século passado houve um grupo de homens ousou defender os ideais republicanos e lutar pela construção uma sociedade civilista e laicizada, acreditando que o ensino e o positivismo científico seriam o fermento de um “homem novo”.
A luta pela implantação da República foi bem mais do que o combate por uma nova forma de organização política onde, por exemplo, se passou a eleger um chefe de estado. Movidos por uma exacerbada ideia de missão, estes homens almejaram uma sociedade de cidadãos, acreditando que estava em causa a salvação de Portugal e a refundação da pátria portuguesa.
A luta pela implantação da República foi bem mais do que o combate por uma nova forma de organização política onde, por exemplo, se passou a eleger um chefe de estado. Movidos por uma exacerbada ideia de missão, estes homens almejaram uma sociedade de cidadãos, acreditando que estava em causa a salvação de Portugal e a refundação da pátria portuguesa.
Em Bustos, e no concelho de Oliveira do Bairro, eles não eram a chamada arraia-miúda, pobre e analfabeta, mas sim distintos médicos, proprietários, e comerciantes. Idealistas que chegaram a investir as suas poupanças na causa republicana e arriscaram a vida na defesa do novo regime. Uns, como o Dr. Manuel dos Santos Pato, teceram argumentos e polémicas nos jornais, outros, como Jacinto Simões dos Louros, organizaram grupos, lideraram a luta pela criação da Freguesia.
Um deles, Augusto Simões da Costa, patrocinou o lançamento de jornais como o “Alma Popular” e o “Farol da Liberdade”, e outro, Manuel Simões Mota, arriscou a vida nas trincheiras da Primeira Grande Guerra. Houve também quem, por amor à liberdade e à República, fosse torturado e preso, como aconteceu a Manuel Reis Pedreiras que abandonou os calabouços da polícia política para vir morrer a casa. Em 6 de Junho de 1959 o jornal de Lisboa, República, assinalou a sua morte, ainda que a censura pouco tenha deixado revelar. Vivíamos no tempo em que Salazar impunha um discurso de diabolização da Primeira República e dos republicanos.
Quarenta e oito anos de ditadura fizeram com que os nomes daqueles que lutaram pela República e pela criação da freguesia de Bustos ficassem esquecidos. Impunha-se tentar recuperar os nomes e os rostos daqueles que, no início do século passado e suas primeiras décadas, abraçaram o ideário republicano em Bustos. Precisávamos de os resgatar do esquecimento.
Quarenta e oito anos de ditadura fizeram com que os nomes daqueles que lutaram pela República e pela criação da freguesia de Bustos ficassem esquecidos. Impunha-se tentar recuperar os nomes e os rostos daqueles que, no início do século passado e suas primeiras décadas, abraçaram o ideário republicano em Bustos. Precisávamos de os resgatar do esquecimento.
A primeira fase dessa investigação levou-nos até aos livros de Vitorino Reis Pedreiras e Hilário Costa, aos manuscritos e correspondência de Jacinto Simões dos Louros, assim como aos jornais da época e outros documentos. Tarefa difícil porque aqueles que poderiam ter fornecido a mais detalhada informação, como Jacinto Simões dos Louros, viveram e escreveram em tempo de ditadura, assumindo a auto censura, por saberem que se tais nomes fossem apanhados pela polícia política, iriam denunciar e prejudicar os nomeados.
Não será por acaso que as referências encontradas entre os textos de Vitorino Reis Pedreiras tenham sido feitas já depois da revolução de 25 de Abril de 1974 e que Hilário Costa só no livro de 1984, Bustos, Memórias de um Bustoense, tenha indicado alguns nomes de homens muito dignos que lutaram pela criação da freguesia.
Não será por acaso que as referências encontradas entre os textos de Vitorino Reis Pedreiras tenham sido feitas já depois da revolução de 25 de Abril de 1974 e que Hilário Costa só no livro de 1984, Bustos, Memórias de um Bustoense, tenha indicado alguns nomes de homens muito dignos que lutaram pela criação da freguesia.
Elaborada a primeira lista de republicanos impunha-se depois divulgá-la e, muito especialmente, confrontar os descendentes desses homens, saber se ainda hoje os identificam como republicanos, e se o seu exemplo permanece vivo na memória familiar. É aqui que entram em acção duas mulheres de Bustos, Dina Costa e Ditosa Luzio, também elas, netas de republicanos. Consultando a lista e identificando os respectivos familiares, graças à ajuda de pessoas como Esmeraldina Reis Pedreiras, partiram para o necessário porta a porta. A experiência acabou por se revelar um assinalável sucesso, porque não só a lista cresceu, como foi possível reunir um significativo número de fotografias. Alguns nomes, alguns rostos, é certo, continuarão no esquecimento, mas no próximo dia 24 de Julho pelo menos 63 dos primeiros republicanos de Bustos serão lembrados e o seu nome ficará registado nas páginas da história bustuense.
São dezenas de boas razões para não perder o Fórum 2010, mas há mais.
Belino Costa
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