Carlos Manuel dos Santos Luzio (10.08.1947 - 27.09.2004) ‘… como tantos artistas, escritores e filósofos, vivia num mundo vedado à maior parte das pessoas’ (escreveu Milton Costa no Prefácio de “Pescador de Sonhos”).
NB evoca Carlos Luzio, editando três fotos cedidas por Vanda Rafeiro, o poema 'Noite' (22junho1986) incluído na temática 'Os Desertos do Amor', que Michele Mota na sua Análise diz:
"Os poemas de amor e abandono constituem a parte mais substancial da criação poética de Carlos Luzio, permitindo-nos concluir que esse sentimento ocupava um lugar central na sua vida".
NOITE
Quero que nasça rápido o dia
Que se me faz longa esta escuridão
Quero apagar a imagem dos pesadelos
Quero sair desta cama fria
Para ir aquecer-me nos teus braços
Quero ir beber dos teus lábios a paixão
Que sonhos maus nunca quero tê-los
Deixa-me embriagar na doçura do teu olhar
Ainda que seja por momentos escassos
Deixa-me embarcar nesta loucura que me desgasta
Um minuto do teu amor é quanto me basta
Acende-me no teu fogo, afasta-me a noite
Cicia-me qualquer coisa sem sentido
Deixa que o teu regaço me acoite
Nesse abrigo onde sempre quis estar escondido
Leva-me pelo caminho por onde agora vais
Mas leva-me contigo
Que a noite já não a suporto mais.
22.Junho.1986
in Carlos Luzio, "Pescador de Sonhos", (os desertos do amor), 2005
A Vanda Rafeiro ficou a dever-se organização dos poemas e título desta secção.
SUEÑOS
Veo, claramente, como el agua besa tus pies
En esa playa de cocoteros y arena
Y como el mar mira, con malicia, tu figura,
Pienso que es un sueno y no lo es
Al verte disfrutar de esa noche tan amena
Coqueteando con las olas tan segura.
Quisiera quedarme en esa playa que no es mía,
Pisando la misma orilla que tu pisas
Para decirle a la mar que no sea tan atrevida
Al querer refrescar tu cuerpo con el agua fría
Y alborotar tu cabello con saladas brisas,
Robando algo que es parte de mi vida.
Caracas, 13 Junio.1986
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