17 de fevereiro de 2015

O HINO DO 18 DE FEVEREIRO PELO SEU AUTOR

Maestro
Silas Granjo



Nas vésperas da comemoração de mais um aniversário da criação da freguesia de Bustos, convida-me o “Notícias de Bustos” a escrever algumas palavras sobre o “Hino do Dezoito de Fevereiro” que, de parceria com o saudoso amigo Hilário Costa, ele a letra e eu a música, compus, a seu convite, em 31 de Janeiro de 1989.

Uma parceria Hilário Costa-Silas Granjo

Não me lembro bem das circunstâncias em que o convite foi formulado, mas o dia da composição é fortemente simbólico. Apenas me lembro, ou me julgo lembrar, que naquele ano se pretendia inscrever nas comemorações do Dezoito de Fevereiro o incremento das relações amistosas com a Freguesia da Mamarrosa, e que a Banda da Mamarrosa, de quem Hilário Costa fora sempre benemérito apoiante, e eu ao tempo dirigia, iria abrilhantar os festejos. A música, na sua simplicidade, recolheu o agrado pronto de quem a ouviu naquele dia, e logo Hilário Costa o adoptou como Hino de Bustos, manifestando o desejo de que fosse tocado pela Banda da Mamarrosa no seu funeral, que veio a ocorrer, no 1º Dezembro de 1994. E quando a Banda da União Filarmónica do Troviscal foi criada, no decurso de 1989, Hilário Costa logo se inscreveu como sócio e exprimiu o voto de que a Banda do Troviscal e a da Mamarrosa tocassem, no cemitério, essa música em conjunto, o que veio a acontecer.
A letra do hino faz eco de algumas das ideias que sempre foram caras a Hilário Costa. A ideia da fraternidade universal; o culto da memória dos antepassados; a ideia de que os bustuenses laicos deveriam ter também uma data para festejar, uma data em que se exaltassem os ideais e as virtudes republicanas; a ideia de fazer associar as crianças das escolas às tradições, para lhes assegurar a continuidade. É certo que a pena de Hilário Costa já não tinha, então, o fulgor de outros tempos, mas o ideal permanecia com a mesma lucidez e vigor de sempre.
Para terminar, uma pequena nota sobre a música. No decorrer do jantar dessas comemorações, alguém, parece-me que foi o Chico Pedreiras, sentado a meu lado, me confidenciou: “A sua música faz-me lembrar qualquer coisa . . . ah! Já sei. Não tem qualquer coisa do ‘Hino da Maria da Fonte’”? Naquele momento não fui capaz de lhe responder, porque a persistência da minha melodia não me deixava recordar o início da ‘Maria da Fonte’. Mais tarde, porém, pude constatar que, de facto, os primeiros dois compassos têm uma certa semelhança rítmica e melódica, o que se explica pela contaminação que as ideias operam no nosso subconsciente e pelo mesmo pendor heróico dos dois textos.


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