Luís de Camões e Fernando Pessoa estão em destaque na Biblioteca de Bustos. A 10 de Junho do ano de 1580, Luís de Camões partia sem ter podido incluir uma adenda n’Os Lusíadas com derrota do Rei D. Sebastião em Alcácer Kibir (04.08.1578).
Fernando Pessoa, como diz no poema – cada momento mudei/cada momento me estranho -, conviveu com o “pesadelo de eus …” (Prazeres Duarte), continua a ser um autor com imensos “labirintos” por desvendar.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <>
Deus sabe, porque o escreveu.
(Fernando Pessoa)
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