O Presidente da República celebra este feriado nacional em Faro, sua terra natal, e eu aquí estou em Bustos a fazer o mesmo.
Os últimos meses tem sido cheios de más notícias ao nível nacional com os impostos a subir e os orçamentos do estado a serem reduzidos. Bustos, no entanto, ou não leu nem viu as más notícias de Lisboa ou está isolado dos problemas económicos de Portugal.
Há dias reparei num letreiro, a um lado da Avenida São Lourenço, informando o público que a Junta/Câmara Municipal vai gastar mais de 403.000 euros para fazer uma nova rua em Bustos - a rua do depósito de água... Há meses anunciaram a compra de um terreno no Sobreiro para a construção duma nova escola para a nova vila. Entretanto os dirigentes religiosos da terra continuam com a construção da "Fabriqueira" ao lado da Igreja, um elefante branco à procura de dono....Tudo parece que as dificuldades do nosso Portugal ainda não chegaram a Bustos....
Infelizmente a realidade é muito diferente. O tempo das vacas gordas já passou. Até dizem por aí que nem vacas magras há agora, porque as mataram e comeram.
Mas neste dia de celebração, devemos fazer algumas preguntas aos nossos conterrâneos Bustuenses.
Bustos precisa de mais ruas? Basta passar por as nossas ruas para verificar que muitas das casas antigas estão vazias e muitas terras com acesso as essas ruas estão abandonadas. Se as novas ruas são precisas para que mais casas se construam, porque não são as novas casas feitas onde existem já ruas com todas as infraestruturas instaladas - água, electricidade, saneamento, luz pública???? Sabem os nossos distinguidos dirigentes politicos quanto custa a instalação de todos esses serviços públicos numa rua nova? Dois ou três donos de terras serão beneficiados enquanto residentes de ruas degradadas com muito uso têm de aguentar porque não há planos para repará-las...Isto, amigos, não faz sentido nenhum nos dias em que vivemos.
A escola nova é outra proposta que é difícil de entender ao mesmo tempo que Portugal está a fechar escolas rurais por todo o País. Afinal Bustos tem escolas bem localizadas. Que planos tem os nossos dirigentes para estas escolas? As respostas geralmente são que isso não é assunto da Junta ou coisa parecida....O que se passa em Bustos afecta Bustos e diz respeito a todos os Bustuenses. As desculpas ou falta de responsibilidades não podem ser aceites. Alguém tem de explicar estas coisas agora, antes de ser demasiado tarde.
As mesmas preguntas deviam ter sido feitas aos dirigentes religiosos sobre o Elefante Branco ou Fabriqueira? Qual é a utilidade para os Bustuenses desse colosso que continua a absorver dinheiro sem nenhum objectivo específico. Primeiro deviamos determinar as necessidades do povo e da Igreja, e depois procurar a solução....O processo parece estar ao invés...O melhor será a condução de encontros públicos e transparentes para encontrar soluções que sirvam os melhores interesses dos Bustuenses.
Nas últimas décadas Bustos recebeu milhares de euros que valorizaram a freguesia, mas tudo se paga, mais tarde ou mais cedo. Hoje temos menos recursos para fazer o que se precisa. Por isso temos que usar o que temos com cuidado, organizando os projectos em ordem de importância/prioridade, com critérios transparentes.
Bustos, 10 de Junho, 2010.
Élio Freitas
Em recente reunião camarária o presidente da Câmara Municipal referiu que a "...segunda revisão do PDM não será para criarmos mais espaços urbanos".
ResponderEliminarA mensagem, ou uma das ideias que passo no http://alpa1967.blogspot.com/ é de não existe qualquer ligação entre os diversos orçamentos, locais e nacionais...ver último artigo PDM Anadia
ResponderEliminarNo essencial Élio Freitas tem toda a razão. A política do facilitismo e do agradar a todos, sem que exista uma estratégia sustentada ou um qualquer plano visando o futuro tem marcado a vida do concelho.
ResponderEliminarSó lhes interessa ganhar as eleições sem levantar polémicas.O endividamento local foi bem denunciado nas últimas eleições e com a construção de tantos polos escolares a dívida vai aumentar de forma exponencial. Isto sem falar nos custos de manutenção das novas infra-estruturas.
Quanto aos velhos edifícios não se conhece nenhum projecto objectivo. Esperemos que não os mandem demolir como tem vindo ser a tradição. Tudo porque somos ricos, muito ricos...
Caro Élio
ResponderEliminarImpressionou-se a forma clara e objetiva com que você focou uma realidade que aí, como cá em terras de Santa Cruz (Brasil) são mesmíssimos. E há muito cheguei à conclusão que a incompetência e a falta de uma consciência de cidadania é o que representam esses nossos eleitos seja para cargos eletivos do poder legislativo seja para o executivo. E aí me faço freqüentemente uma pergunta para a qual não encontro resposta: o que podemos fazer como eleitores?